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VOCÊ É O QUE VOCÊ POSTA – VERDADEIRO OU FALSO?
Eu estava no casamento de um colega de faculdade, oito anos após a nossa formatura.
Metade da turma também estava lá e os papos, como sempre quando nos encontramos, eram sobre nossas colocações profissionais.
No geral, minha turma está muito bem colocada! A maior parte na cidade de São Paulo (de onde eu passo minha vida fugindo), em bancos ou grandes empresas.
Alguns prestaram concursos, outros seguiram a vida acadêmica. Alguns ainda estão morando fora do país e não estavam no casamento.
Dos loucos que resolveram empreender, apenas eu! Dos que resolveram ter filho antes dos 30, só eu…
Durante uma noite inteira de conversa eu fiquei muito, mas muito feliz por todos os meus colegas de faculdade – pelas conquistas de todos que estavam ali.
Mas depois de refletir um pouco sobre tudo que eu ouvi ali, eu fiquei presente que grande parte deles estão seguindo o fluxo tradicional da vida: escola – trabalho – aposentadoria – caixão.
Eu sai de lá sem a certeza de que muitos deles estão realmente felizes.
Eu não tive vergonha nenhuma de dizer que hoje minha principal ocupação é ser mãe – e ainda tocar meus negócios digitais.
Eu não fiquei envergonhada de não ter um sobrenome corporativo e ter conseguido realizar tantos sonhos ao longo desses anos de formada, que muitos deles não se deram o privilégio de realizar.
Eu poderia me sentir um peixe fora d´água depois desse casamento. Mas me senti muito bem!
Tive orgulho das histórias que estou construindo e que posso contar.
Tive mais orgulho da minha vida do que das narrações que escutei em uma noite.
Estar nesse casamento e, especialmente nessa viagem, me fez repensar a forma não apenas como eu enxergo a minha vida mas também como eu a mostro nas mídias sociais.
Este é um post reflexivo, com um pouco de revolta.
Quer saber porque eu sumi das mídias sociais? Então fica comigo até o fim…
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A GERAÇÃO DE TRANSIÇÃO
Eu me considero em uma geração que pegou uma forte transição do mundo pré e pós mídias sociais (e adoro esse conteúdo que fala sobre isso).
A internet começou a se popularizar quando eu ainda era uma adolescente.
Fui da época de internet discada, de conexão após a meia noite (por ser mais barato).
Tive perfil do ICQ e entrei em vários bate papos da UOL.
Relutei por mais de 2 anos até finalmente ser vencida pela manada e colocar internet no meu celular, em 2014.
Criei minha conta de Facebook quando a onda chegou no Brasil. Mas demorei uma eternidade para entrar no Instagram.
Tenho uma preguiça imensa de começar a mexer em alguma rede social nova.
Pra abrir minha Play Store, preciso estar muito certa do aplicativo que eu quero baixar.
Meu celular tem apenas uma tela – e todos os aplicativos que eu uso cabem ali.
Já amei e já odiei as mídias sociais alternadamente muitas vezes durante os anos que nelas estou.
Um dos textos que mais gosto sobre a minha geração é este aqui, que fala como é fácil, nesse mundo, ver a grama mais verde do vizinho pelas mídias sociais.
MÍDIAS SOCIAIS COMO FERRAMENTA DE TRABALHO
O fato é que, independente de eu gostar ou não, ter afinidade ou não com as mídias sociais, em algum momento da minha vida profissional eu descobri que precisava delas.
Isso aconteceu em 2016, quando eu resolvi me tornar empreendedora digital.
Criei minha FanPage no Facebook; e migrei minha conta do Instagram para profissional.
Em meados de 2017, conforme fui evoluindo nas minhas decisões profissionais, passei a compartilhar minha vida nas mídias sociais.
Eu postava to-do-san-to-dia.
A Fanpage eu usava para divulgar meu artigos aqui do blog e também contava um pouco sobre meu dia-a-dia.
Mas o Instagram… Ah, o Instagram era um diário filtrado dos meus dias!
Eu recortava a melhor parte deles e publicava – seja no feed, seja nos stories.
Por vezes, confesso, até criava a melhor parte do dia apenas para publicar.
Virei uma máquina de criar legendas para minhas postagens…
Antes mesmo daquela festa chegar, eu já sabia que foto tinha que tirar porque a legenda já estava pronta na minha cabeça.
Virei uma máquina de metrificar – e, mesmo tempo pouco engajamento nas mídias sociais, eu sabia quais das minhas publicações tinham mais retorno junto ao meu público.
Não patrocinei meus perfis e não fiz nenhum esforço para conseguir mais seguidores – e em um ano e meio alcancei aproximadamente 500 seguidores na FanPage e no Instagram.
Tudo parecia indo bem, até que veio o momento revolta.
E EU FIQUEI PUTA DA VIDA…
Isso aconteceu quando eu voltei das minhas férias de abril/18, em Americana.
Se você não sabe, Americana é minha cidade natal e eu queria gostar mais de ir para lá, como já contei nesse post.
Eu ainda não consigo entender porque me sinto tão mal quando tenho que retornar para ver pessoas que tanto amo.
Esse paradoxo ainda me perturba um pouco e, se um dia eu achar explicação, prometo que volto aqui para te contar.
O fato é que eu fui para Americana e não estava muito bem comigo mesma.
Estava feliz pela maternidade, pelas minhas conquistas, mas apreensiva com a minha volta a rotina de trabalho – o que eu chamei de retorno da licença maternidade que eu não tive.
Durante os 20 dias que passei lá, fiquei feliz e triste em relação ao meu trabalho na internet.
Fiquei surpresa com algumas pessoas que leem meu blog! Uau, não esperava mesmo…
Fiquei triste porque algumas pessoas importantes para mim não dão a mínima para meu blog…
Achei interessante que muita gente lê meus artigos quando eu publico no Facebook – mas, fora isso, nem lembram da minha existência.
Agora, o que me impressionou de verdade foram os relatos do meu Instagram.
Impressionante como a maior parte das pessoas sabiam exatamente o que estava acontecendo na minha vida. Quer dizer…
Sabiam exatamente o que acontecia na minha vida segundo o que eu publicava no Instagram – como se essa fosse minha vida por completo.
E sabe aquela parte boa do dia que eu publicava? Então, passou a parecer que é todo o meu dia.
De uma certa forma, eu fui para Americana em busca de colo… de consolo, de pessoas com quem eu pudesse dividir minha angústia.
Mas, ao chegar lá, parecia que tudo estava bem… Ninguém sabia o quanto eu estava sofrendo…
E, para quem eu começava a contar, a história não batia – afinal de contas, no Instagram estava tudo bem.
Quando eu voltei para casa, cheguei a conclusão de que tinha que ficar muito feliz pelo trabalho que eu realizava nas mídias.
Eu estava conseguindo mostrar uma Pri Nunes forte, decidida, contente e feliz. As pessoas estavam me seguindo sim e curtindo a minha vida pelas mídias sociais.
Mas fiquei triste por saber que ninguém mais me conhecia a fundo – achando que eu era aquilo que eu publico.
Problemas financeiros familiares vieram para apimentar ainda mais minha reflexão interna e o que eu fiz?!
EU SUMI…
Simples assim. Parei de postar – de maneira radical.
Não fui diminuindo nem nada, eu simplesmente abandonei as mídias sociais.
Por quê? Porque me deu vontade… Ou melhor, acabou minha vontade de mostrar apenas a grama verde do meu jardim da vida.
Óbvio que acabei usando esse sumiço para fazer vários testes…
Comecei a testar o quanto eu perdia de tráfego no blog por não estar postando nas mídias sociais e, para minha surpresa, perdia muito pouco.
Comecei a testar quem havia notado meu sumiço – e contei nos dedos quem veio me procurar perguntando o que havia acontecido.
Comecei a testar quem era eu, sem ter que postar.
Fiz uma viagem para dentro de mim mesma para cuidar do meu próprio jardim – sem precisar mostrá-lo para os outros.
Não perdi uma janela do meu agendamento de conteúdo aqui no blog – apenas não os divulguei mais.
Sumir das mídias sociais foi uma das melhores decisões que eu tomei esse ano e essa experiência vale a pena ser repetida e analisada!
Porque, além do fato de eu parar de postar, houve uma consequência imediata: eu parei também de consumir as mídias.
Lembra que eu disse que não sou lá da tecnologia… Então, eu só entrava nas mídias porque tinha que postar.
Já que não precisava mais postar, perdeu o sentido de porque entrar lá…
E passei muitos e muitos dias sem olhar as gramas verdes dos vizinhos…
Sem saber para onde os colegas de faculdade estão viajando, onde estão empregados meus ex-colegas de trabalho, em quais festas estão meus familiares, quais encontros eu perdi dos meus amigos com quem eu saia todo final de semana.
Todos os jardins alheios desapareceram da minha vida com essa decisão e eu tive mais tempo para olhar para o meu próprio jardim.
Fiquei mais presente para o que me fazia feliz – mesmo que não precisasse postar isso.
Joguei fora várias ideias de legendas que surgiram na minha cabeça e eu não precisei usar.
Dividi apenas com pessoas especiais sorrisinhos e conquistas pequenas da minha filha.
Escrevi mais posts para meu blog.
Me senti mais leve, sem dever satisfação para ninguém… Sem ser bisbilhotada, e sem bisbilhotar a vida alheia.
Meu jejum de mídias sociais vai muito bem, obrigado!
E O QUE VEM DEPOIS?
Bah, essa é uma pergunta que ainda me atormenta…
Fiquei contente quando uma amiga veio me perguntar o que eu estava aprontando! Ela disse: “Você sumiu das mídias, o que vem por aí?”
É nessas horas que você sabe quem te conhece de verdade!
O que está vindo por aqui é uma completa reestruturação deste blog, o Pri Nunes.
Um alinhamento de propósito de todas as categorias, de todas as minhas atividades aqui dentro.
Uma reflexão interna de qual Pri eu quero mostrar nas mídias – e se eu quero mostrá-las.
Não, eu ainda não decidi se vou voltar a usar minhas mídias sociais.
Por enquanto, tenho certeza que não vou mais usá-las como fazia antes.
Mas se vou usá-las de uma forma nova, ainda não sei…
Enquanto isso, vou me divertindo cuidando apenas do meu jardim, sem ter que colocar foto dele em lugar nenhum.
Enquanto isso, viajo mais profundamente comigo mesma em busca de respostas. Porque é lá, no profundo silêncio que elas estão – e não nas postagens das mídias sociais.
E é só o começo… O melhor ainda está por vir!