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NÃO ACHO QUE AMAMENTAR FOI PRAZEROSO NO COMEÇO… PELO CONTRÁRIO, FOI DOLORIDO. MAS DEPOIS DE 1 ANO, UAU, É A COISA MAIS GOSTOSA DO MUNDO!
Quando eu comecei a estudar sobre amamentação, eu não entendia muito bem porque tamanha recomendação para que as mães amamentem até, pelo menos, 2 anos.
Agora já mãe, estou começando a entender…
E vim te contar minha experiência, que felizmente ainda está dentro da recomendação da OMS.
Esse post faz parte da Categoria Mamãe Pri Nunes, onde eu divido relatos, experiências e estudos sobre a maternidade. Veja aqui mais posts da fase: “do andar ao falar”.
PORQUE AMAMENTAR É TÃO DIFÍCIL?
Eu não vou me alongar muito nesse assunto porque já falei mais sobre isso nesse post.
Amamentar não é instintivo, dói no começo (e não é pouco!) – e o começo durou para mim, pelo menos, uns 60 dias.
A missão amamentar tem que ser muito desejada para ter sucesso.
O desafio é grande, maior do que o parto, com certeza absoluta!!
E não, não é todo mundo que consegue – e está tudo bem! Os bebês sobrevivem bem caso as mães não consigam amamentar.
Eu não vim aqui falar sobre o início do processo de amamentação.
Eu vim falar sobre porque é difícil continuar amamentando, depois que você conseguiu nos primeiros dias de vida do seu filho.
O desafio de continuar amamentando é complexo no meu ponto de vista, e baseado em dois pilares: a dependência da mãe e a pressão social.
Vou falar mais sobre eles.
DEPENDÊNCIA DA MÃE
Ao optar pela livre demanda na amamentação da minha filha, eu criei uma dependência extrema dela de mim.
Pelo menos até seus primeiros 9, 10 meses, eu não passei mais de 6 horas da vida dela longe de mim.
E isso não me doeu nada…
Muito pelo contrário, eu quis ter minha filha para poder ficar próxima dela!
Só que tem gente que não gosta muito dessa dependência extrema e, por isso, tem dificuldade de manter a livre demanda – e está tudo bem se você é um desses casos, eu te entendo perfeitamente!
Ficar perto do bebê diariamente, sem intervalos não é uma tarefa nada fácil!
Só que mais do que a questão de estar perto, o vínculo que se cria entre mãe e filho é enorme, especial.
Escrevo esse post quando minha filha tem 1 ano e 3 meses e, até hoje, é bem difícil ela aceitar ficar com outras pessoas quando eu estou por perto.
Acho que meu cheiro de leite desperta nela uma vontade de ficar perto de mim…
E incontáveis são as separações cheias de choro – que passam logo, mas existem (e por vezes doem).
O fato é que, depois de ser mãe e vendo muitas outras mães no mesmo barco que eu, entendo que muitas mães acabaram cessando a amamentação para diminuir a dependência de seus filhos delas.
Não cabe a mim julgar ninguém. Acredito que cada um tem que escolher as batalhas que quer lutar.
Eu escolhi continuar a amamentar, mesmo sabendo desse vínculo forte que existe entre eu e meu bebê.
PRESSÃO SOCIAL
Mas para mim o principal desafio de manter a amamentação é a pressão social e, com todo respeito, vinda especialmente dos mais antigos.
Eu não sei se você sabe, mas eu moro longe da minha família.
Por isso os vejo com pouca frequência, quando eles vem até mim ou quando vou até eles.
Sem exceção, toda vez que vou até meus familiares, sou questionada de porque amamento.
Minha filha já anda, já não deveria ter largado o tetê?
Mas porque você não tenta dar uma mamadeira?
Se ela mamar agora não vai querer comer depois…
E por aí vão as recomendações e invasões diversas que, mesmo sendo feitas sem o objetivo de ofender – e eu entendo que são por amor, me fazem pensar sobre minhas escolhas.
Só que meu pensamento é muito no sentido de entender como nossa cultura estabelece certos padrões que são difíceis de quebrar.
Fico imaginando como seria a minha vida morando perto da minha família e tendo que ouvir todo santo dia que já deveria ter parado de amamentar.
Como eu ouço só de vez em quando, acaba que entra por um ouvido e sai por outro…
Mas imagino quem sofre da síndrome do sufoco social – deve ser um baita stress manter a postura.
E, de novo, continua a observação: tem que querer muito, porque manter o caminho e a decisão é tão difícil quanto começar a amamentar.
Então quando essas situações batem na minha porta eu começo a entender cada vez mais o por quê de tanta orientação, quando gestante, para amamentar até os dois anos.
Quanto mais eu convivo com mães, mais eu vejo como o aleitamento materno, se nasce, morre rápido.
Isso independente da classe social, do nível de instrução.
Sou capaz de dizer que, se fizesse uma pesquisa, a principal relação entre a amamentação a longo prazo e a característica da família é quanto os pais são capaz de ligar o foda-se dos palpites externos.
Nesse 1 ano e 3 meses de maternidade, eu recebi alguns (poucos) parabéns por (ainda) estar amamentando.
Recebi muito mais maus olhados, na verdade.
E está tudo bem. Vou continuar amamentando. Até os dois? Com certeza! Depois disso, ainda não decidi…
CRIANDO UM NOVO CÍRCULO SOCIAL
O fato é que, conforme vou entrando no mundo da maternidade, vou vendo que algumas características se repetem em famílias que usam a criação com apego, a introdução alimentar BLW, o aleitamento em livre demanda.
Parece que é criada uma “bolha” do natural, de uma forma específica de se cuidar do bebê, diferente do que manda o tradicional.
Tenho que dizer que me sinto extremamente bem nessa bolha!
E tem sido um prazer para mim conviver com mães que também estão dentro dela!
AMAMENTAR É DELICIOSO – MAS FICA MELHOR AINDA DEPOIS DE 1 ANO!
Já disse que amamentar é difícil né?! Mas é sempre bom repetir… kkkk
Quando minha filha nasceu e eu sofri um monte para conseguir curar as fissuras do meu peito e continuar amamentando, eu me perguntava: quando amamentar vai ser gostoso?
Na minha história, o sofrimento acabou com 45 dias de vida dela – o sofrimento, não a dor.
Até uns 3 meses ainda havia dor, mas já mais suportável.
Dali pra frente amamentar foi um processo gostoso, fez parte da maternidade.
Mas muita coisa mudou na amamentação depois que ela completou um ano.
Hoje eu digo, com mais certeza, que a parte mais gostosa da amamentação aconteceu depois que ela começou a andar (o que aconteceu aqui em casa com 1 ano).
Depois que minha filha melhorou consideravelmente sua coordenação motora, a amamentação deixou de ser alimentação e segurança, e passou a ter interação!
Eu acho o máximo ela vindo pedir para mamar!
Aponta para o meu peito e diz “ete, ete, ete” – tipo este, este, este!
É a coisa mais fofa do mundo!
Depois ela fica me olhando, as vezes faz carinho no meu rosto, no meu peito.
De vez em quando vira minha cara do tipo: não, você não pode olhar…
E muitas vezes eu pego o pezinho dela, a perninha e dou pequenas mordidinhas de amor.
Ela se derrete no peito…
Abre um sorrisão e continua mamando olhando pra mim!
É a coisa mais gostosa do mundo!!
Por isso eu tenho dito nos últimos dias: amamentar é bom sim, e se torna ainda mais delicioso depois de 1 ano.
Torço para que todas as mulheres que desejam passar por essa experiência considerem a possibilidade de chegar até a fase que amamentar fica divertido, gostoso!
Até porque o sofrimento até lá não é pouco…
E, mesmo depois de um ano, meu peito continua vazando e sujando minhas roupas… E o cheiro azedo do leite me persegue (e eu não gosto desse cheiro não…)
E está tudo bem – os momentos gostosos de tetê fazem tudo isso ficar pequeno.
Agora, tenho que confessar uma coisa…
Mais do que tudo que eu já escrevi aqui, da delícia de poder amamentar após 1 ano, houveram 2 episódios que eu agradeci imensamente continuar amamentando.
Dois episódios que minha filha passou mal e não aceitou nenhum outro tipo de alimento além do meu peito.
O primeiro, e mais intenso, durou 15 dias – logo que ela completou seu primeiro ano.
Nasceram 3 dentes molares ao mesmo tempo, e ela sentiu demais esse nascimento.
Por 6 dias consecutivos, ela não comeu.
Sim, isso mesmo. 6 dias sem comer nada.
Não queria comida salgada, não queria fruta, não queria nada.
A única coisa que ela aceitava colocar na boca era o tetê.
Nesses 6 dias eu cansei de agradecer a possibilidade de poder continuar amamentando minha filha!
Ela perdeu 1 Kg nessa brincadeira toda.
Tenho plena consciência de que meu leite não era suficiente para tudo que ela precisava no momento.
Mas antes meu leite do que nada…
E, se mais nada tivesse acontecido nessa história (afeto, proximidade, apego, etc…) – só de poder prover alimentação para ela nesses 6 dias já teria valido a pena.
O segundo episódio foi uma virose que ela pegou, com 1 ano e 2 meses.
Foi menos intenso que o nascimento dos dentes – e ela ficou sem comer por apenas 2 dias.
E, novamente, agradeci imensamente poder amamentá-la nesse período.
Então só pra confirmar tudo que eu escrevi!
Eu amo amamentar! Amo mais ainda depois de 1 ano!
Não é só a questão do afeto, da dependência, de fechar o ouvido para o que os outros falam.
É saber que sou provedora de um mínimo de conforto, de alimento, nas horas difíceis.
É saber que ela sempre pode correr a mim e se sentir segura.
É o amor em forma de leite. Em forma de apego.
Partiu amamentar até 2 anos!!
Esse post faz parte da Categoria Mamãe Pri Nunes, onde eu divido relatos, experiências e estudos sobre a maternidade. Veja aqui mais posts da fase: “do andar ao falar”.