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TIRAR, REVELAR, CATALOGAR, MOSTRAR E ORGANIZAR MINHAS FOTOS – ESSA ERA UMA PAIXÃO LATENTE EM MIM NO PASSADO…
Eu estava com alguns amigos no Mc Donald´s e pedi a uma menina, de mais ou menos 8 anos, para tirar uma foto nossa.
Entreguei minha câmera de filme na mão dela. Ela olhou para aquele objeto com certa desconfiança e me perguntou onde olhava a foto.
Aquele dia eu cheguei a conclusão de que estava na hora de aposentar minha máquina de filme.
Aquele dia minha relação com a fotografia começou a mudar.
E era só o começo da mudança… Estávamos mais ou menos em 2008.
PS: Esse post ficou muito grande então eu dividi em 3 partes. Essa é a primeira. As outras você pode ver aqui:
MINHA PAIXÃO POR FOTOS
Não tenho a menor ideia de onde ela veio… Mas sei que ela passou!
Por muitos e muitos anos na minha vida fui apaixonada por tirar fotos!
Foto boa para mim é foto enquadrada.
Odeio teto ou chão sobrando, pessoas não centralizadas nas fotos, ou fotos tremidas.
Mas a qualidade da foto, do papel, o tratamento da cor não são coisas que me atraem.
O importante para mim é estar enquadrado!
Até por isso, muitas vezes, eu prefiro eu mesma tirar uma foto – mesmo que seja uma selfie, do que pedir para outra pessoa tirar.
Tenho certeza que ela não vai ter o mesmo ângulo de visão que eu tenho para retratar aquela imagem.
Até por isso eu amo tirar fotos!! Sempre achei que tiro fotos muitos bem – mesmo sem ter feito nenhum curso…
Aliás, selfie é uma coisa que eu fiz muito…. antes mesmo de se chamar selfie… Antes mesmo da câmera frontal do celular… Antes mesmo de tanta coisa!
O ÁPICE DA MINHA PAIXÃO POR FOTOS
Aconteceu desde que eu me entendo por gente (por volta dos 11, 12 anos), até esse dia do Mc Donalds que eu contei aí em cima!
Eu tinha uma máquina de filme – e olha que nem sou tão velha assim…
Bah, mas me dá até um frio na barriga saber que a maior parte das pessoas que estão lendo esse post nunca viram uma máquina de filme…
Mas tudo bem, se você não conhece uma máquina de filme tente imaginar…
Eu tinha que comprar um filme e colocar na máquina antes de bater a foto – não existia cartão de memória…
Haviam filmes de 12, 24 e 36 fotos.
E depois que o filme acabava, eu levava ele para revelar – e voltava com minhas fotos em mãos!
Meu Deus quantas e quantas vezes eu repeti esse procedimento….
Sério, eu certamente gastei mais de R$ 10 mil revelando meus filmes de fotografia.
Quando eu tirava foto na máquina de filme, as fotos eram bem selecionadas – afinal de contas não era barato revelar a foto, e havia uma limitação.
Num churrasco com amigos, haviam poucas fotos. Mas tinha aquele momento da foto oficial, e todo churrasco tinha a foto oficial – todo mundo já sabia que eu ia pedir!!
Numa viagem, as fotos eram contadas – afinal de contas o filme tinha que chegar até o fim da viagem.
E quando eu tirava a foto, eu não conseguia ver como ficava não… Uauuu que mistério!
Só via o resultado quando revelava!
E olha que, no final dessa época, isso passou a ser realmente uma surpresa… Porque o filme passava tantos meses na máquina que eu nem lembrava mais das fotos que havia tirado.
Mas tirar a foto era a primeira parte da paixão.
A segunda era levar para revelar…
Então eu tinha que esperar uma hora para ir buscar meu envelope.
Nossa, minha mãe me levou muitas vezes na Yamashita para revelar minhas fotos. Muitas vezes.
Ahhh e na hora que eu ia buscar era aquela alegria! Que ansiedade para ver as fotos!
Não dava para chegar no caixa não… Eu tinha que ver todas as fotos assim que o atendente me entregava o envelope!
Eu saia radiante cada vez que revelava um filme de fotos!
Ainda no carro, antes de chegar em casa, colocava as fotos no álbum que eu ganhava da própria loja de revelação.
E daí esse albinho de fotos me acompanhava pelos próximos 2 meses…
Eu levava ele na escola, mostrava para todos os meus amigos, e tirava foto por foto para escrever no verso a data, o local daquela foto e o nome de todas as pessoas que estavam nela.
E fazia isso de caneta vermelha.
Caraca, como eu era uma pessoa paciente… Não conhecia nada de produtividade naquela época!
Como gastei tempo escrevendo em todas as minhas fotos. E sério, eu devo ter fácil fácil mais de 5 mil fotos reveladas e “catalogadas”.
Depois da escola, o álbum ia para a casa dos meus avós, outros parentes, para minha sogra!
Adorava mostrar meus álbuns para minha sogra. Achava que ela gostava de ver como eu fazia o filho dela feliz!
Só que em um determinado momento começamos a ter que fazer coisas escondidas… E daí tive que parar de mostrar as fotos hahaha…
E depois que meu albinho rodava todo meu círculo social, hora de arquivá-lo.
E essa era a hora que, definitivamente, eu mais gostava!!
Quando eu era solteira, eu tinha uma beliche. Na cabeceira da minha cama (que era a de baixo), havia um baú – lotado de álbuns de foto!
Cada álbum tinha o seu tema… Tinha o álbum de fotos com meu namorado;
- Com minha mãe;
- Com minha irmã;
- Com meus irmãos…
- Com a família da minha mãe;
- Com a família do meu pai;
- Com meus amigos da escola;
- Com meus amigos da escola antiga;
- Fotos minhas sozinhas;
- Fotos só de paisagens…
E por aí vai…
Eu demorava cerca de 1h30 cada vez que ia arquivar um albinho novo, recém revelado. Sabe porque?
Porque eu literalmente curtia aquele momento.
Eu olhava todos os meus álbuns, um a um. Revivia aqueles momentos. Sentia saudades das pessoas que não via há muito tempo.
Lembrava daquela festa. Daquela viagem. Daquele abraço.
Afinal de contas, era para isso que a fotografia servia, não?! Para eternizar aquele momento.
E ele só se tornava eterno porque eu podia vê-lo várias e várias vezes depois, na minha frente.
E a organização não terminava por aí não… Ainda tinha a parte de guardar os negativos – os pedaços de filme que haviam sido revelados.
Até porque quando eu queria revelar uma foto novamente, eu tinha que levar o negativo!
Por causa desse hábito que eu repeti tantas e tantas fezes, eu tenho uma memória fotográfica muito grande!
Se você me perguntar de alguma festa que eu fui há 10, 15 anos atrás, eu sei te dizer exatamente qual a foto daquela festa. Que roupa eu estava usando. Quem estava comigo na festa.
Se você me perguntar de uma festa que fui final de semana passado eu não sei te dar essas informações…
Porque minha relação com a fotografia foi mudando… E eu sinto saudades da época que tinha essa paixão toda por fotos!
Quer saber como evoluiu minha relação com a fotografia? Leia os próximos posts: