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ACONTECEU NA TREE, NO PANTANAL EM FLORIANÓPOLIS, ENTRE MARÇO E ABRIL DE 2019
Tudo que é diferente do tradicional me atraí.
Essa foi uma experiência muito diferente de tudo que eu já conheci…
E, mesmo não tendo tido o final esperado (ter dado certo), me ensinou muito!
Por isso vim aqui dividir com você como foi a minha experiência no Coletivo Brotinhos.
Esse post faz parte da Categoria Mamãe Pri Nunes, onde eu divido relatos, experiências e estudos sobre a maternidade. Veja aqui mais posts da fase: “dos sorrisinhos aos primeiros passinhos”.
CONTEXTUALIZANDO
Eu acredito que meu primeiro passo para ter participado de um Coletivo foi antes mesmo de engravidar.
De forma mais específica, foi quando eu decidi ter a vida de empreendedora e não mais de empregada.
Afinal de contas, se eu fosse uma funcionária tradicional, jamais teria tido oportunidade de participar do Coletivo.
O segundo passo foi ter tido minha filha – claro, sem ela também não haveria coletivo…
O terceiro foi ter questionado o modelo tradicional de educação – a escolinha em si.
Quando eu a tirei da escolinha (e já falei sobre isso nesse post), ela tinha 1 ano.
Eu não sabia exatamente o que eu queria ao não levá-la para escolinha mas, sabendo que estava procurando uma alternativa diferente da tradicional, meu radar acabou ficando ligado para coisas alternativas.
COMO EU ENCONTREI O COLETIVO
Quando de repente surgiu num grupo de mães que eu participo no Whats App um anúncio sobre esse tal “Coletivo Brotinhos”.
Não, eu nunca havia ouvido falar do que era um coletivo.
Mas o fato de ele ser num coworking foi algo que me chamou muita atenção.
Já estava mesmo a procura de uma solução mais criativa, digamos assim, para a interação social da minha filha.
Fui atrás na hora!
Entrei em contato com uma das mães que estavam organizando o coletivo e, após alguns áudios de Whats App, fiquei aguardando as instruções – estávamos no início de fevereiro/19.
No final de fevereiro veio o primeiro contato, agendando um dia para que pudéssemos nos conhecer – lá no co-working.
Cheguei mega animada aquele dia, ainda sem entender completamente nada do que era um coletivo.
Entrei numa sala com outras 5 mães e bebês pequenos.
Vários deles mamando, outros tentando interagir… E as mães tentando conversar.
Uma divertida loucura.
Saí de lá 3x mais perdida do que entrei…
Não entendi direito em que fase que estava o tal do Coletivo.
Cheguei achando que o projeto já estava certo e que eu havia sido selecionada para fazer parte do coletivo.
Saí supondo que aquela experiência tinha sido apenas uma entrevista, e que eu teria que esperar mais resposta.
Supondo, porque a mensagem não havia ficado exatamente clara para mim.
Mas o fato é: eu tinha gostado pra caramba da ideia!
Então fiquei ali, na expectativa de ter uma resposta, aguardando um sinal e, sempre com postura pró-ativa, mandando mensagem para aquele meu contato inicial mostrando meu interesse.
Até que um dia, no início de março, a resposta chegou: você pode começar!
Fiquei mega empolgada! Já estava quase desistindo, por falta de resposta, até que veio o SIM – nós faríamos parte de um coletivo!
A resposta chegou numa sexta-feira, orientando para ir na segunda.
COMEÇANDO O COLETIVO
Naty estava resfriada… Passou alguns dias ruins e, na segunda-feira, estava com bastante catarro.
Mas para minha felicidade minha avó estava em casa e eu deixei as duas e fui para o Coletivo.
É, meu primeiro dia lá foi sem a Naty.
Foi ótimo para poder entender um pouco mais do que era a iniciativa, como funcionaria tudo.
Era dia 11 de março.
Desse dia em diante, todas as tardes eram dias de ir no Coletivo.
O plano, também não muito claro, era: já tínhamos o local (a Tree, co-working materno no Pantanal), já tínhamos 6 famílias, faltava agora uma educadora.
Quando eu cheguei, as fundadoras do Coletivo já estavam lá, pelo que entendi, há umas 2 semanas frequentando a casa.
A tarefa mais urgente era encontrar a educadora.
Então nas primeiras semanas começamos a divulgar a vaga e entrevistar candidatas, enquanto ficávamos ali com nossos bebês nos conhecendo.
Eramos em 6:
- Ariana e Vida;
- Melina e Marina;
- Isadora e Sofia;
- Lucilene e Flora;
- Letícia e Franscico;
- Eu e a Naty.
Eu vou resumir aqui a história porque, resumindo… Foi cansativo! rs…
Ficar das 14h às 18h, 6 adultos, com 6 crianças, em uma casa fechada; as crianças estressadas porque os adultos queriam conversar foi… hum… uma experiência bem diferente do que eu já havia passado.
Mas o fato foi esse: nós tínhamos que decidir!
Tínhamos educadoras para entrevistar, decisões para tomar sobre o Coletivo…
E nem sempre dávamos a devida atenção aos nossos filhos, que acabavam se estressando um pouco… Ainda mais no ambiente fechado.
Trocávamos de sala e logo estavam todos mamando de novo.
É fato que eu e a Naty chegávamos acabadas das tardes no Coletivo.
Mas eu estava hiper animada com a ideia, fazendo de tudo para dar certo.
Acontece que, diferente de outros ambientes que estava acostumada a frequentar (em especial o ambiente profissional), o ambiente maternal ainda é um pouco novo para mim.
Nem tudo é preto no branco e as relações vão muitas vezes se construindo, sem regras ou expectativas.
Eu com meu modo super observador resolvi assistir aquele movimento – ao invés de fazer parte dele na liderança – local que estou bem habituada a ocupar nas atividades que participo.
O fato é que, na minha visão, o coletivo tinham 4 fundadoras e 2 convidadas.
Eu era uma das convidadas e, mesmo tendo entrado bem no início do projeto, não me sentia totalmente a vontade para tomar decisões.
Tentei organizar opiniões, esclarecer opções, dar outro ponto de vista.
Mas o Coletivo, pelo próprio modelo de ser, não tinha uma liderança ativa.
As coisas ficavam soltas e as decisões nem sempre era tomadas, nem comunicadas.
Por vezes tive dificuldade de entender o movimento que estava sendo feito, mas aceitei o ritmo de cada uma que ali estava.
Não tivemos sucesso com a primeira educadora escolhida, nem com a segunda…
A expectativa de ter as tardes livres e fazer o rodízio entre as mães começou a ficar cada vez mais distante – e as mães precisando desse tempo.
Uma família desistiu…
Eu estava de viagem marcada.
Acreditei comigo que, quando eu voltasse de viagem (1 mês depois), as coisas já estariam mais organizadas e acontecendo.
E fui viajar de coração tranquilo.
A PARTE BOA
Olhando para tudo isso que escrevi parece que só teve estresse né?
Só que não… Tiveram muitos dias deliciosos!
Em especial aqueles que desistíamos de conversar e resolvíamos aproveitar nossos bebês!
Antes da minha viagem, também houveram alguns dias que dividimos tarefas entre nós e fomos para lá só com o intuito de curtir nossos filhos!
Tive dia de brincar com água, com varal improvisado, dia de passarinho…
Danças de roda, pega-pega!
Tinham brinquedos e brincadeiras inventadas na hora.
Vários lanchinhos super bem preparados por mamães bem atenciosas – que não era o meu caso, registra-se de passagem!
Encontrar as mesmas pessoas pessoalmente todo dia era algo que estava fora da minha rotina há alguns anos.
Conviver com mães com bebês na mesma idade que a minha foi novidade para mim.
Eu me senti acolhida, essa é a palavra!
Era gosto ir lá, conversar, conhecer a forma como outras mães “maternam”.
Na minha memória ficaram gravadas as melhores partes, as melhores cenas, os sorrisinhos mais doces de cada um dos bebês!
E uma experiência indescritível de participar de um projeto de maternidade!
Não só aprendi muito sobre a estrutura de um coletivo, mas também sobre convivência nessa nova fase da minha vida.
Conheci mulheres fantásticas que ganharam minha admiração e respeito.
Poder dedicar minhas tardes a cuidar da minha filha junto com outras mães me preencheu de forma inigualável na parte pessoal e profissional.
Desde que a Naty nasceu, eu não havia sido tão feliz, completa e realizada como fui nos dias que frequentei o coletivo.
Era o começo do novo ponto de equilíbrio na minha vida, onde eu conseguia equilibrar a maternidade, esse papel tão pesado, com todos os outros – incluindo meu retorno profissional.
De verdade, guardo com saudades tudo que vivi nesses dias do Coletivo e, mesmo que eu ainda não esteja totalmente contente com esse desfecho que vou terminar de contar, só aquelas semanas de convivência valeram demais!!
O FIM A DISTÂNCIA
Depois que eu fui viajar passei a acompanhar o dia-a-dia do Coletivo apenas pelo Whats App.
Uma nova educadora começou e, mais uma vez, não tivemos sucesso.
Outra família desistiu.
Mais uma família viajaria e, com a proximidade de um novo mês (o que envolvia novo desembolso financeiro) e, sem muitas perspectivas futuras, o movimento que começou a acontecer foi de encerrar o projeto.
Vendo todo o movimento acontecer de longe, sem poder olhar nos olhos das meninas e ajudar da forma como eu sei que poderia ajudar, comecei a refletir.
Havia gostado demais daquela experiência. Queria muito continuar!
Me vi com dois caminhos a seguir: ou insistia com elas até meu retorno, para que eu pudesse dar um novo gás; ou deixava tudo morrer e começava de novo.
Escolhi o segundo caminho.
Por quê?! Porque entendi que o clima ali estava pesado e que, querer modificar ideias já consolidadas daria mais trabalho do que apresentar ideias novas.
Eu senti que era necessário uma quebra, uma interrupção de convivência para que novas ideias pudessem ser ouvidas.
Eu decidi assistir o projeto acabar, sem mesmo poder me despedir…
E assim acabou o Coletivo Brotinhos, no final de abril de 2019.
Mas a ideia do Coletivo em si não morreu na minha cabeça – e o fim deste projeto deu início a um novo – que vou contar no próximo post!
Esse post faz parte da Categoria Mamãe Pri Nunes, onde eu divido relatos, experiências e estudos sobre a maternidade. Veja aqui mais posts da fase: “dos sorrisinhos aos primeiros passinhos”.