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MEU PASSADO ME FEZ NÃO GOSTAR DO DIA DAS MÃES. MEU PRESENTE ME INSTIGA A MUDAR ISSO. QUEM SABE NO FUTURO ESSE SEJA UM DIA ESPECIAL PARA MIM!
Parece que quanto mais distante estamos, mais damos valor a certas coisas, incluindo o dia das mães.
Até a mudança radical do dia das mães na minha vida, o dia das mães que eu mais gostei de curtir foi em 2014, quando eu estava na África do Sul.
Cheia de tempo e de saudades de toda a minha família (naquele momento já estava há 2 meses longe de casa), eu resolvi escrever uma carta para as minhas mães.
Foi uma carta do coração mesmo! Até meu pai acabou entrando na brincadeira, porque eu estava tão empolgada que resolvi escrever uma carta para ele também!
Com ajuda de uma amiga no Brasil, as cartas chegaram, junto com flores, emocionando minhas mães mesmo há quilômetros de distância…
Mas essa foi uma exceção na minha experiência passada com dia das mães.
Na maior parte das comemorações desse dia, eu não estava feliz – mas sim me sentindo insuficiente.
Continue lendo esse post para saber porque…
MINHAS VÁRIAS MÃES
Assim como você eu tenho oficialmente uma única mãe! Que com bastante frequência brincamos que temos papel invertido, ou seja, eu sou mãe dela e ela minha filha.
Mesmo tendo sido mãe muito jovem (ela tinha 17 anos quando eu nasci), minha mãe é uma excelente mãe!
Amo a educação que eu tive dela, a relação que temos, a cumplicidade e especialmente, a forma amorosa e compreensiva que ela sempre me tratou ao longo de toda a minha vida.
Inclusive e, especialmente, no dia das mães.
Porque ela é uma das minhas mães que entende que, nesse dia, eu tenho outras mães – ao contrário de algumas das outras mães.
De forma mais direta, além da minha mãe oficial, eu ainda tenho duas avós que cuidaram muito de mim na minha infância.
E sim, sou mega hiper apegada a elas! Por isso as considero sim minhas mães!
E não consigo enxergar o dia das mães sem elas, pois tenho um carinho intenso pela parte que elas atuaram na minha educação.
Além das minhas avós, ainda tem a minha sogra – que, depois que eu entrei para a família passou a ser mais uma mãe para dividir esse dia.
Então essas são as quatro principais mães que eu considero no dia das mães.
Ainda com um carinho muito grande tem a minha madrasta (esposa do meu pai) e a madrasta do meu marido (esposa do meu sogro).
São pessoas próximas da família com quem eu também tenho a sensação de ser filha, de uma forma ou de outra.
E pra finalizar, tem todas as tias, parentes e amigas mães que, embora não demandem nenhuma comemoração específica de dia das mães, acaba gerando aquele compromisso de mandar um recadinho de parabéns!
Mas voltando a conta original: considerando minhas 4 mães, são 4 casas diferentes para estar em um único momento: o almoço do domingo, dia das mães.
MEU DIA DAS MÃES NO PASSADO DISTANTE
Então, desde que eu me entendo por gente até o presente momento (2018), meu dia das mães é um dia conturbado.
Aliás, não só o dia das mães… A dinâmica se repete em Páscoa, Natal, Ano Novo e assim por diante…
Porque é conturbado? Simples: porque são 4 famílias demandando que eu esteja no mesmo lugar, sendo que eu só posso estar em um.
Com o passar dos anos, essa situação foi me estressando um tanto…
Meus últimos dias das mães enquanto ainda morava em Americana começava no sábado: um almoço, normalmente na casa da minha avó paterna, para comemorar com ela o dia das mães.
O domingo sempre foi uma disputa entre a chácara (leia-se mãe e avó materna) e a casa da minha sogra.
Acabava que fazíamos um combo: íamos em um lugar de manhã até o almoço (entre 11hs e 13hs), e depois íamos para a outra casa (das 13hs às 16hs).
E eu chegava em casa no domingo, final de tarde, completamente exausta.
Exausta porque passei o final de semana inteiro visitando minhas mães (e o restante da família), não tive meu tempo de descanso, nem meu tempo de lazer.
Mas principalmente, exausta porque, apesar de todo meu esforço para estar junto das minhas mães nesse dia tão especial, eu era insuficiente.
“Já vai embora?” – Sim, já vou… Tenho outra casa para ir….
“Nossa, isso é hora de chegar para o almoço” – Sim, desculpa, estava na casa de outra mãe.
Impressionante como eu ouvi essas frases e como elas me magoavam…
Não importava se eu tinha passado 2 ou 4 horas na companhia de quem quer que fosse…
Não importava o presente (que na minha visão é o de menos no dia das mães) e, por isso, eu quase nunca dou…
Não importava se eu estava cansada ou tinha coisa para fazer na minha casa.
A única coisa que importava é que eu não estava dando a exclusividade necessária àquele momento e, independente do meu esforço, estava sendo insuficiente.
Não foi 1, não foi 2… Foram uns bons 12 anos da minha vida nessa dinâmica – o que me fez perder muito o gosto por esse dia.
Mal começavam as propagandas de dia das mães e eu já sabia que seria um dos piores finais de semana do ano.
E todo ano isso se concretizada.
Talvez isso explique um pouco de porque eu não gosto muito dessas datas comemorativas…
E sabe o mais engraçado da história: a minha mãe oficial, aquela que teoricamente teria mais direito de se revoltar com a situação, é a que mais me compreende e aceita tudo.
É a que menos me cobra nesse dia. A que nunca me questionou de porque eu cheguei tarde ou fui embora cedo…
A que tem o pensamento mas próximo do meu: que não importa quantidade nem especificidade de tempo (o almoço de domingo), mas sim a qualidade dele – independente de quando ele acontecer.
MEU DIA DAS MÃES NO PASSADO RECENTE
Então eu me mudei para Floripa e o dia das mães melhorou um bocado…
Nessa nova fase da minha vida, eu consigo aproveitar o sábado inteirinho, só para mim e para minha família!
No domingo de manhã vou passear com a Paçoca (minha cachorrinha), como faço todos os finais de semana.
Chego em casa, limpo a casa, cozinho e almoço.
Por volta das 13h começam as ligações… 5 minutos no telefone com cada uma das minhas mães e, às 13h30 eu já estou novamente continuando o meu domingo do jeito que eu gosto.
E outro fenômeno interessante acontece: esses 5 minutos no telefone são super agradecidos…
Mágico né… 5 minutos pelo telefone no meu dia das mães no passado recente valem mais do que 2 horas pessoalmente no meu dia das mães do meu passado distante…
Vai entender o que se passa na cabeça das mães…
MEU DIA DAS MÃES NO PRESENTE
Opa, chegamos em 2018 – o primeiro dia das mães que, além de dar parabéns, também recebi parabéns!
Sabe aquele almoço especial de dia das mães? Não tive vontade de fazer não…
O que eu quis de presente? O cadeirão (cadeira de alimentação) da minha filha.
Mas, apesar de eu não ter pedido presente nenhum (teria ficado feliz com 10 abraços em família), meu marido fez questão de me presentar de uma forma muito especial.
Já sabendo que eu não ligo para roupas e presentes de bens, ele me deu uma cesta de Pick-Nick, junto com um livro psicografado.
E eu não ganhei o presente no domingo, mas sim na quinta-feira véspera de dia das mães.
Foi um presente e tanto!!
A cesta de Pick Nick significou não apenas uma cesta, mas os momentos futuros fazendo pick nick que teremos.
E o primeiro, para comemorar, foi justamente o Pick-Nick no dia das mães, na UFSC – onde vamos todos os finais de semana com a Paçoca.
Foi fantástico e, sinto que teremos saudades desse primeiro Pick Nick quando o bebê ainda não tinha capacidade de sair correndo parque afora kkkk
E o livro, que presentão!
Foi uma maneira doce de ele me mostrar que me aceita na fase de vida que eu estou passando e me apoia em todas essas novas reflexões.
Sim, eu me senti completa e realizada no meu primeiro dia das mães!
E apesar dos pesares do final de semana cheio de sumiços, minha lembrança desse dia ficará marcada com a ensolarada manhã do nosso Pick Nick e as boas leituras noturnas desse livro delicioso!
MEU DIA DAS MÃES NO FUTURO
Infelizmente minhas experiências do passado contaminam um pouco meu desejo de comemorar o dia das mães no presente e no futuro.
Porque eu não acho que existe um dia específico de ser mãe… Todo o dia é dia de ser mãe.
Escrevo esse post para um dia minha filha ler e entender minha opinião, minha frieza em relação ao assunto.
E prometo a ela que:
- Não vou ligar quando ela não me der presentes;
- Não vou ficar chateada se ela não estiver ao meu lado no domingo na hora do almoço;
- Não vou cobrar dela que ela esteja fazendo algo que ela não goste só para estar do meu lado.
Por outro lado, eu espero que ela:
- Comemore comigo o dia das mães em algum momento do ano, não necessariamente no almoço do domingo de dia das mães;
- Me diga (ou me escreva) palavras bonitas – é o melhor presente que eu poderei receber!
- Seja feliz nesse dia, onde quer que ela estiver!
E quem sabe ela terá prazer, quando ela for mãe, de comemorar esse dia…
Um prazer que, até 2018, eu havia perdido – mas quem sabe esse tenha sido um ano de virada e ele volte a ser feliz novamente!
E confesso que vou esperar o mesmo para as festas de Final de Ano!