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Faz muitos meses que não escrevo aqui no meu blog, mas hoje me veio uma inspiração…
Sempre quando escrevo passo alguns dias pensando no texto, sobre o que vou escrever. Mas dessa vez está sendo diferente, não pensei em nada, vou apenas digitar o que for vindo a mente.
Hoje fazem 6 meses que comecei a trabalhar no meu atual emprego, na prefeitura de Piracicaba (SP).
Antes de vir para cá, havia tido dois empregos fixos anteriores (ESALQ-LOG e LabTrans), ambos relacionados à logística e dentro de estruturas universitárias.
Ainda antes de chegar até aqui, passei por um período de autoconhecimento profundo, liderado pelo empreendedorismo digital, e com ampla abertura espiritual. Esse processo acontece comigo há 5 anos, tempo no qual fiquei sem carteira assinada.
Na verdade quando tudo começou em 2016 eu queria mesmo ter colocado fogo na minha carteira de trabalho. Mas achei melhor não fazer isso…
Ainda bem, senão ia ter um trabalho adicional na admissão desse meu novo emprego.
E, não sei se você reparou, mas eu o chamo apenas de emprego, não de trabalho.
Isso porque todo processo de autoconhecimento que passei me fez entender muitas coisas sobre essa fase da minha vida que estou agora.
Uma delas é que vim não para trocar meu tempo por dinheiro. Vim por sinais espirituais muito claros e evidentes a respeito da pessoa que me trouxe – meu primeiro e grande mentor extraordinário prof. Caixeta.
Ele é o motivo de eu estar aqui e, por algum tempo achei que era porque ainda tinha muito a aprender com ele. Mas alguns episódios recentes tem me mostrado que o inverso também é verdadeiro.
O segundo entendimento que tenho é sobre meu emprego versus meu trabalho.
Nessa encarnação, todos nós viemos com uma missão a cumprir. Mais cedo ou mais tarde descobrimos ela.
Eu ainda não tive o privilégio de descobrir a minha, embora sei que estou ficando cada vez mais perto dela.
Porém já tive o privilégio de descobrir muitos caminhos que não me levam a minha missão de vida, ou seja, ao meu trabalho.
E sei claramente que meu emprego na prefeitura é um desses caminhos – ser comissionada definitivamente não irá cumprir o que eu vim fazer nessa encarnação.
Por isso chamo de meu emprego, não de meu trabalho.
E o fato de ter essa clareza não significa que eu não vou fazer meu trabalho bem – muito pelo contrário.
Quem me conhece sabe o quanto eu me dedico a qualquer missão com a qual me comprometo, e essa definitivamente é uma delas.
Mais especificamente na fase em que me encontro no emprego, liderando uma equipe de cerca de 70 pessoas, vejo o quanto posso servir, ser útil e ajudar na vida de cada uma dessas pessoas.
Agora, o fato é que trabalho diretamente com pessoas concursadas – daquelas que não podem ser mandadas embora.
E, como em todos os lugares onde já passei, existem pessoas extraordinárias ali, como também existem pessoas medianas e ruins.
Mas depois de ter passado 5 anos em um mundo empreendedor, espiritual, de autoconhecimento e muita responsabilidade sobre minhas ações, estar rodeada das pessoas que estou hoje me fazem ver o quanto as pessoas efetivamente se vitimizam.
Até porque, ser vítima da vida é muito mais fácil do que ser autor da sua própria jornada.
Reclamar do que acontece é muito mais fácil e cômodo do que encontrar uma solução, ou ainda, fazer parte da solução.
Mas eu não vim aqui falar sobre esse processo de vitimização de quem eu convivo, vim falar na prática da minha própria vitimização.
Pois, se meu papel no meu emprego está tão claro para mim, e sei que não é esse o caminho do meu futuro, seria muito trivial e óbvio entender que preciso dedicar minhas energias no que é efetivamente meu trabalho (e não no meu emprego).
Só que no dia-a-dia e, especialmente nas madrugadas em claro, a voz que fala na minha cabeça arruma milhões de soluções dos problemas do emprego – e poucas do meu trabalho.
E aí é o ponto que eu quero chegar: como é fácil se esconder atrás de um emprego.
Como é fácil chegar em casa cansado porque se dedicou o dia todo à empresa e agora quer descansar e não ter um tempo de qualidade para os filhos.
Como é fácil ficar até mais tarde trabalhando para não ter que lidar com os desafios diários da família.
Como é fácil se trancar no quarto para fazer uma reunião enquanto o circo pega fogo com aqueles que amamos – e simplesmente não vamos acudir porque estamos ocupados.
Em um café recente com um dos meus colegas do emprego, me vi nele há 10 anos atrás.
Quando minha vida era meu emprego (que na época eu achava que era meu trabalho).
Eu não cuidava de mim. Não cuidava da minha família, da minha saúde, dos meus sonhos, da minha espiritualidade. Eu cuidava do meu emprego – e o resto se encaixava no tempo que sobrava.
Meus altos e baixos eram relacionados ao meu emprego. Meu reconhecimento e todos os demais valores também.
Naquele café percebi o quanto amadureci com meu autoconhecimento empreendedor e espiritual.
Percebi também que muitas pessoas, na verdade mais de 90% da população, passará a vida toda sem esse amadurecimento, de assumir o comando da sua vida.
Percebi que no meu emprego atual vou ter que lidar com muitas pessoas assim, que podem até ser extraordinárias no emprego, mas talvez sejam fracassadas na vida.
Percebi que a dedicação do tal do “CLT” é na verdade uma das formas mais fáceis de se esconder da própria vida.
Eu estou aqui, escolhi ser celetista (daqui 3 anos e meio posso rever minha escolha), mas escolhi também ter o comando da minha própria vida.
É por isso que escrevi esse post, para retomar meu trabalho e, quem sabe, seja o início de uma nova jornada.
Porque, como tudo nesses últimos 5 anos… É só o começo!