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NÃO É INSTINTIVO… DÓI MUITO! MAS É UMA DELÍCIA…
Eu já contei nesse post sobre a preparação que eu fiz sobre o processo de amamentação.
Agora, com meu bebê com 1 semana, estou voltando para contar como foi meu processo e meu período de adaptação (até então!) dessa função.
JÁ RACHOU TUDO NA PRIMEIRA MAMADA…
É… Resumindo foi bem assim!
Depois do parto eu não tive aquela ansiedade para a primeira mamada.
Aquela fraqueza que eu senti quando ela nasceu (veja aqui o relato do meu parto) me tirou toda vontade de ter ela perto de mim nos primeiros minutos.
Então a primeira mamada rolou com ela por volta de 1h30- 2h de nascido.
A ajuda da minha doula foi fundamental para encaixar a primeira pega!
E a neném foi perfeita na parte que cabia a ela: sugar!
Mas mesmo assim, na primeira mamada de cada peito, já surgiram algumas “bolhinhas”, que me acompanharam por alguns dias…
O fato é que, mesmo com a dor que a gente sente nas primeiras sugadas, a alegria do bebê ter nascido, estar ali mamando é tão grande que eu nem sabia separar o que era dor de verdade e o que era pega errada.
Mas eu estudei tanto essa tal dessa pega e fui super insistente!
Enquanto não tinha bocão de peixinho sem barulho, eu não deixava ela continuar no peito…
Algumas vezes ia de primeira, outras demorávamos umas 5, 7 vezes para acertar.
E a ajuda do marido foi fundamental para segurar as mãozinhas que ela queria mamar junto…
Depois a consultora de amamentação também ajudou um pouco (na terceira mamada) e nós duas fomos aprendendo como funciona o processo.
No segundo dia, embora a rachadura que já estava instalada nos mamilos, a prática já estava sendo estabelecida!
Foram momentos deliciosos de amamentação!
A cada mamada, o estímulo de contração do útero me dava uma cólica bem de leve (perto das que eu já tive na vida!).
Era esse mix de sensação: prazer de estar amamentando, pequena dor local e cólica – o que indicava que tudo estava indo pelo caminho certo! Tipo aquela dor que você tem prazer de sentir!
E, durante os 3 primeiros dias, ela mamava bastante!! 40, 50, 60 minutos por mamada…
E dali 40 minutos ou, no máximo 2h depois, já estava lá sugando de novo!
Até que…
O LEITE DESCEU!
O primeiro sinal do leite foi bem no dia que chegamos em casa – 3/12.
Estava eu massageando o mamilo quando saiu um esguicho! Nossa!! Que felicidade!!
Joy… O leite tá chegando!!! Era uma alegria sem fim saber que o corpo estava funcionando direitinho e eu conseguiria amamentar minha filha!!
A noite foi tranquila e, no dia seguinte, aquele colostro transparente começou a ficar mais amarelado.
E, junto com esse processo, o peito começou a endurecer – e começou a dificuldade de acertar de novo a pega.
Aquelas pequenas rachaduras da primeira mamada começaram a sangrar.
E daí foi inevitável… A dor começou a ficar intensa!
De chorar, gritar, chutar… Coitado do marido que ficava louco me vendo sentir tudo aquilo!
Tudo bem, eram 2-3 minutos umas 10 vezes por dia, pensava comigo… Mas que doía, doía…
Se você me perguntar até agora qual foi a pior dor da maternidade, eu diria que foi essa.
Um episódio em especial: eu estava dormindo no sofá com ela, era de madrugada e ela acordou querendo mamar.
Eu simplesmente coloquei no peito – sem massagear, ordenar um pouquinho… Meu Deus!
Vi muitas estrelas naquela hora…
Já estava tudo tão automático, que não pensei que fosse doer tanto… Esses pequenos segundos pra mim foi a pior dor até o momento!
E passa, tudo passa…
Foi mais ou menos 24h de transição entre o leite e o colostro – até que veio de vez o leite!
E é muito engraçado os estímulos para o leite… Eu estava dormindo na minha cama (sem ela) e passou uma criança no corredor. Aquele gritinho estimulou tudo…
É uma sensação muito diferente de qualquer sensação que eu já tinha passado…
O peito ficou duro, o utero contraia e sangrava… Eu já nem sei descrever quais partes do corpo se estimularam ali.
Mas lá estava ele: branquinho, quentinho! O leite chegou!!
Eu chamei o Joy e dizia: tá tudo estranho… Eu nem sei explicar o que estou sentindo, mas é estranho!!
Acho que estou fraca, não sei… Fiquei ali quietinha mais um pouquinho e, quando levantei: peitos duros e inchados – aliás, não só os peitos, mas a perna, o pé, tudo!
COMEÇANDO TUDO DE NOVO…
Então agora sim, havia leite! E daí o processo praticamente recomeçou do zero.
Nós havíamos aprendido a mamar o colostro – levinho, com bastante bico no peito.
Daí evoluímos de fase…
Com o leite, ela se saciava muito mais rápido. Uma mamada anterior de 40 minutos transformou-se em 5 minutos.
O bico no peito ficava muito pequeno. O mamilo, naturalmente cheio de sangue – e ainda rachado.
A dor começou a ficar cada vez pior…
Primeiro porque ela parou de pegar de primeira… Eram várias tentativas para fazer ela parar no peito;
Segundo porque sangrava (e assusta ver sangue!);
Terceiro porque não passava nos primeiros minutinhos… ficava intensa a mamada toda.
Eu sabia que seria assim, tinha estudado para isso, estava preparada. Talvez por isso consegui suportar bem a dor.
O marido até me achava otimista demais – tá muito machucado, ele dizia!
Seguindo o que estudei, comecei a tirar um pouco o leite (ordenar), na tentativa de aliviar aquele inchaço que me deixava até sem ar!
E, para minha sorte, a primeira consulta foi justamente nesse dia!
E isso foi fundamental pois, por mais que eu já soubesse que estava no caminho certo, tive a convicção disso e me senti mais segura para continuar.
Todas as orientações que o pediatra me deu eu já estava fazendo!
A única coisa que ele disse de diferente foi: se não sarar o machucado, a dor não vai passar. Você precisa se concentrar em sarar a ferida!
E em seguida veio a enfermeira e deu outras técnicas que foram fundamentais para o processo de recuperação!
De volta pra casa consciente de estar passando por um processo de adaptação, lá fomos nós reaprender tudo que tínhamos ficado craques algumas horas antes!
EQUILIBRANDO A QUANTIDADE DE LEITE
Então minha nova missão passou a ser curar a rachadura a qualquer custo e não deixar o peito empedrar.
Foram 2 dias no seguinte processo:
- Acordo e ordenho… Tiro o leite o suficiente para amolecer o peito e facilitar a pega;
- Ela só começava a mamar quando estava um pouco mais fácil para ela. Doía?! Sim, muito, mas era cada vez por menos tempo;
- Acabou de mamar – higieniza e passa lanonina;
- Daí faz mais 10-15 minutos de luz (que simula o sol);
- Ok, vida normal por alguns minutos… Se ela demorasse muito para acordar, começava a pingação de leite… E o processo se iniciava de novo.
Por 2 dias fiz esse processo algumas vezes por dia…
Até que tudo se equilibrou…
As rachaduras sararam – o que não significa que a dor passou!
Com o leite, o peito fica duro e as primeiras pegas são fortes e doídas! Mas nada como estar sem o peito rachado…
O peito já não empedrava tanto… Depois dos dias iniciais não era mais necessário ordenhar – só as mamadas dela já eram suficientes!
E a fase nova trouxe algumas novidades…
A primeira é que a pega não é de primeira! Com o mamilo menor e o peito mais duro, ela demora alguns minutinhos para conseguir “moldar” o peito para entrar na boquinha dela.
O que significa que são várias “mordidinhas” ao longo do processo.
E ela se remexe toda… Coloca a mão na boca, no peito… É uma luta, não dá para negar!
Ainda mais que você sabe que, na hora que ela pegar, vai doer… Então não é fácil dar o empurrão contra o peito para sentir a dor.
Mas passa, tudo passa…
A segunda novidade é a pingação… Caraca, como pinga leite!!
Ainda seguindo as recomendações e o conforto, eu tento ficar o máximo de tempo sem nenhuma cobertura nos seios – seja para facilitar a cicatrização, seja para diminuir a ardência.
Então a casa está ficando uma belezinha de tantos pinguinhos de leite espalhados… Pra alegria do papaizão!
Nas horas que precisa ficar coberto, eu tenho colocado uma “colcha” (que também foi indicação da enfermeira!) – que armazena o leite que pinga.
E é impressionante como essa concha se enche!
A RECOMPENSA!
Até o momento, os dias da descida do leite foram os piores do puerpério para mim…
Seja pela dor intensa do peito empedrado e a pior de todas, da pega…
É duro saber que vai doer e mesmo assim colocar o bebê no peito…
Eu vejo que lidei muito bem com isso… Até me apelidei aqui em casa de “vaca leiteira”…
Fica o dia todo com os peitos para fora pingando…
Daí a piada pegou né… Na hora de mamar vem um “mooooo”…
As crises de riso acabam doendo mais do que a própria mamada (eu nem sabia que rir doía tanto o períneo…)!
E daí vem a recompensa!!
Depois de toda essa função, quando ela finalmente acerta a pega, faz aquele olharzinho de lado pra mim, com as duas mãozinhas fechadinhas coladas no rosto e mama gostoso!!!
Conforme vai ficando satisfeita vai relaxando as mãozinhas… e ficando molinha…
E de repente começa a dormir… larga o peito e faz um biquinho gostoso!!
E depois abre um sorrisinho de quem está satisfeita de ter mamado!
Ah, quantas caras e bocas que não tem como descrever, nem explicar, muito menos tirar foto (já tentei tirar várias)…
Mas o angulo o angulo que eu enxergo é único!! É delicioso, é viciante!
Vai dizer que com essa fofura toda existe a opção de acordar mal humorada no meio da madrugada para passar por todo esse processo de novo?!
Isso sem contar a satisfação de você estar alimentando sua filha.
É simplesmente delicioso e viciante!
E é só o começo…