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UM SUSTO ATRÁS DO OUTRO NO ÚLTIMO MÊS DA GESTAÇÃO
Dizem por aí que o último mês da gestação parece mais longo do que a gestação toda…
Da primeira vez não senti isso mas, dessa vez… Tá intenso mesmo!
Veja aqui outros posts sobre minha preparação para o parto:
- Porque eu escolhi ter um parto domiciliar
- Montando a equipe do Parto Domiciliar
- Minha família no Parto Domiciliar
- Preparação corporal para o Parto
- O “P” de PLANEJADO do Parto Domiciliar
- O longo e último mês da gestação
- Plano de Parto Domiciliar
- Chá de Benção
- Relato do Parto do Rafael
Resolvi dividir com você alguns sustinhos que tomei antes do Rafael nascer…
DURANTE A GESTAÇÃO
Durante toda a gestação e, sempre que falávamos sobre a questão do parto, eu pensava que teria um parto a termo, isso é, dentro do prazo previsto (39 a 41 semanas).
Na verdade pensava até que seria depois de 41, já que algumas amigas que acompanhei no segundo filho dizem que o segundo leva mais tempo para nascer.
Estava tudo bem, correndo para isso.
Durante o 7o e 8o mês, comecei a trabalhar fora de casa (não todos os dias da semana), mas é fato que meu ritmo se acelerou bastante!
Não é simplesmente o fato e ir a um lugar trabalhar… É não vestir roupas confortáveis, é entrar e sair do carro, além do trajeto que, conforme o tempo passa, vai judiando do corpo sem ponto de equilíbrio com a barriga.
Mas estava tudo correndo bem, do jeito que eu gosto: muito trabalho, muita satisfação, e a preparação para o parto em paralelo.
Eis que os sustos começaram a aparecer.
35 SEMANAS
O primeiro deles foi com 35 semanas.
Depois de uma semana intensa de trabalho, comecei a sentir dores fortes na parte baixa da barriga.
Na sexta-feira dessa semana, dores bem fortes apareceram e, por sorte, estava em casa.
Me deitei e não queria guerra com ninguém naquele dia.
Era impossível levantar da cama, de tanto que doía.
Depois de algumas horas de repouso e com bastante incomodo das posições, falando com minhas doulas e parteiras elas me indicaram exercícios de spinning babies.
Explicaram que o que provavelmente estava ocorrendo é que o bebê estava encaixando – e de fato estava – a barriga desceu um pouco depois desse dia.
E com esses exercícios, que eu contei melhor aqui, a dor foi passando e a vida voltando ao normal.
36 SEMANAS
A semana seguinte foi mais de desconforto, porque o ritmo intenso ainda precisava acontecer.
Logo no início da semana o tampão caiu. Ou melhor, começou a cair, e não parou mais até que nasceu…
Eu sabia que a queda do tampão poderia ocorrer aos poucos e isso não significava que o bebê chegaria tão logo.
Mas por outro lado a queda significa que o colo do útero já está se preparando e já existe um pouco de dilatação.
A ansiedade tomou conta de mim porque, na prática, ainda faltavam arrumar muitas coisas.
Mais do que arrumar, eu precisava comprar.
A lista de itens do parto domiciliar é bem maior do que do hospitalar, isso sem contar que precisamos nos preparar para ambos!
E não tinha nada comprado, nada preparado.
Começou a correria para arrumar tudo, com receio de que o bebê fosse apressadinho e quisesse nascer antes…
37 SEMANAS
Mas ele não quis não…
Com 37 semanas eu comecei a diminuir de leve o ritmo de trabalho.
E aconteceu o episódio mais interessante de sinal de parto para mim.
Era um domingo, eu fui visitar a madrinha da minha filha em uma cidade próxima de onde eu moro (uma viagem de 3 horas de carro).
Estávamos na beira da piscina curtindo um churrasquinho, barrigão de fora e a Naty brincando na piscina.
Eis que ela cai e bate o joelho, e começa a chorar, vindo correndo para o meu colo.
Aquela atitude dela deixou meu peito imediatamente duro, começou a sair algumas gotinhas de colostro.
Em seguida, vieram as contrações…
A barriga ficava redonda redonda… Não sentia nenhuma dor.
Mas, como a barriga estava de fora, as pessoas começaram a me perguntar se estava tudo bem, porque ela ficou muito redonda e definida.
Em 20 minutos foram 4 dessas contrações.
Até que eu comecei a me assustar, levantei e fui caminhar.
Mais duas contrações e então elas foram embora.
Ufa, era só um susto – ocasionado pela liberação de ocitocina por conta da minha reação com o choro da minha filha.
Incrível como o corpo funciona!
No dia seguinte, meu bebê resolveu dar uma giradinha dentro da barriga.
E isso doeu. Doeu muito!
Mais uma tarde que eu trabalharia e na prática só descansei, tamanha a dor que senti.
38 SEMANAS
Essa era a minha última semana de trabalho planejada.
Mas, devido a todos os sustos tomados anteriormente, resolvi desacelerar um pouco antes do previsto, e indiquei ao pessoal do projeto que faria essa semana remoto e não mais presencial.
Foi uma ótima decisão!
Consegui começar a descansar mais e, mais do que isso, rolou uma mini-depressão.
Já estava habituada a sair de casa e a diminuição do ritmo e das atividades me colocaram frente a frente para o que viria em seguida.
Fiquei 2 dias na bad… Desanimada, me questionando tudo aquilo.
Parecia que faltavam forças…
Mas daí um dia de cada vez, fui melhorando e recuperando minha energia.
Acabei de montar tudo que precisava deixar preparado para o parto.
E comecei a organizar o chá-de-benção, torcendo para conseguir chegar no dia dele!
Faltando um dia para as 39 semanas, tive um dia inteirinho de contrações.
Elas não estavam ritmadas, mas estavam ali, o dia todo.
Deixando a barriga dura de forma cada vez mais completa, de modo que comecei a me assustar com elas.
Nem o cochilo da tarde as fez ir embora…
Nem o banho.
Só mesmo a noite, quando dormi, é que elas me abandonaram de vez.
Neste dia deixei toda a equipe em alerta, estava com receio de que as contrações evoluíssem.
Mas o bebê queria aproveitar o chá-de-benção, então acordamos ótimos!
39 SEMANAS
Eu queria muito chegar nesse marco!
Não apenas porque esse era o dia que eu havia preparado para ser o chá-de-benção, mas porque o marco das 39 semanas me deixava tranquila.
Nesse ponto, uma série de complicações no parto que eventualmente me levariam ao hospital desapareciam.
E eu podia ficar mais calma caso o trabalho de parto começasse – já não seria considerado antes da hora.
O dia do chá-de-benção foi simplesmente maravilhoso, como contei aqui.
E os dias seguintes seguiram com as dúvidas e inseguranças que já vinham me acompanhando desde que esses sinas todos começaram.
Até que era um domingo e, a partir das 6 da tarde, as contrações apareceram.
Bem intensas e de um modo que eu não conseguia mais ignorar – pelo menos parar o que eu estava fazendo e respirar era uma necessidade para continuar a vida.
Fui dormir com todos avisados mais uma vez.
E no meio de uma noite cheia de trovoadas, elas continuavam ali.
A cada pouco era uma coisa que me acordava: ou o trovão, ou a contração.
E quando deitada, a contração vinha de forma ainda mais intensa, deixando toda a barriga dura.
Chegou um ponto da noite que eu não conseguia mais dormir.
Acreditava que ainda não era a hora.
Me recusava a pegar o celular para começar a medir o intervalo das contrações.
Comecei a pensar em para quem eu ligaria primeiro.
Na minha cabeça ainda eram 2 horas da manhã, e eu não queria acordar ninguém pois achava que ainda não era a hora – mas não sabia como isso evoluiria.
Depois de muito sentir uma e outra contração, resolvi levantar e, ao checar as horas, vi que já passavam das 5h30.
Daí eu me aliviei – já era dia e eu não precisaria atrapalhar o sono de ninguém.
Daí relaxei. E as contrações foram embora…
E daí em diante, tudo ficou bem!
No dia seguinte, passei um tempo ao telefone com minha doula conversando sobre os indícios de trabalho de parto.
Aquilo me tranquilizou bastante, pois a instrução maior era: fica tranquila, você vai saber!
No dia seguinte, fui ao médico e veio a suspeita da candidíase.
Outra baixa…
Mas o fato é que nessa semana, após o chá-de-benção, eu já queria que o Rafael chegasse.
Mas é tudo no tempo dele, não no nosso.
E ele não queria vir não…
Depois de liberado para nascer resolveu virar um reizinho na barriga, curtindo os últimos dias de forninho.
40 SEMANAS
Alcançamos a marca das 40 semanas, como imaginado no início da gestação.
Nenhum sinal mais…
Depois que ele foi “liberado para nascer”, resolvei reinar na minha barriga.
Até que com 40+1, a bolsa rompeu.
E o trabalho de parto em si você pode ler nesse post.
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