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SE VOCÊ TIVER PARTO NORMAL, NO DIA SEGUINTE JÁ ESTARÁ BOA – ESSA FRASE DESPENCOU NA MINHA EXPERIÊNCIA…
Continuando os relatos da experiência de ser mãe de primeira viagem, nesse post eu vim contar sobre a minha recuperação do parto.
Já contei aqui sobre como foi meu parto e também dividi as emoções da amamentação – que pra mim foi mais difícil do que o parto em si.
Agora eu resolvi compartilhar uma coisa que confesso, pouco estudei e pouco me preparei – e talvez por isso me deixou mais assustada do que eu esperava.
A PREPARAÇÃO PARA O PÓS-PARTO
Quando eu estava decidindo sobre o parto que eu gostaria de ter, um dos fatores que me fez optar pelo parto humanizado na maternidade (e não domiciliar) foi a questão de não ter tempo (leia-se prioridade) para estudar mais sobre o trabalho de parto.
Não me arrependo da minha decisão… Minha paciência para estudar sobre gestação foi diminuindo com o tempo e, com a quantidade de outras atividades que eu queria desenvolver antes do nascimento da minha filha, resolvi ficar com os estudos básicos.
Portanto eu sabia que haviam coisas para as quais eu não estava preparada. E não era muito nítido para mim, mas uma delas era sobre a recuperação do parto.
Concentrei toda minha atenção no processo de amamentação, e pouco me preparei para a recuperação.
Passadas algumas semanas do parto, eu me pergunto: mas o que teria sido me preparar a recuperação??
Simples, teria sido evitar coisas que aconteceram…
Durante todo o acompanhamento minha doula me indicou exercícios (não vou entrar na parte técnica, não entendo do assunto)… Exercícios que melhorariam a passagem do bebê.
Massagem no períneo, posições para melhorar a abertura.
E sabe o que eu fiz quanto a isso? Nada…
Nem pesquisei, nem pratiquei, nem entendi porque precisava ser feito… Simplesmente ignorei.
E agora eu tenho a certeza de que essa minha atitude não foi a melhor possível para mim mesma… Mas passou.
Não foi falta de aviso, não foi falta de instrução. Foi falta de vergonha na cara mesmo!!
O DESFECHO DO PARTO
Como eu já contei no relato do parto, o final do processo foi muito dolorido para mim.
Eu tive uma laceração de 2º grau e tive que tomar muitos pontos. Foi um corte entre a vagina e o ânus de mais ou menos 12 cm, todo costurado após o parto.
Isso é absolutamente normal no tipo de parto que eu escolhi. Mas eu não sabia…
O que ocasionou tudo isso? Primeiro minha própria negligência em não ter feito uma preparação melhor.
Segundo um grande período de tempo na parte expulsiva do parto – enquanto o normal é levar entre 30 minutos e 1 hora, o meu levou quase 2 horas.
E terceiro, segundo a médica, a posição de saída dos ombros da minha filha.
Bem, independente do motivo – o fato é que o corte me assustou. A reação da médica me assustou.
O sofrimento naqueles minutos após o nascimento e a fraqueza do primeiro dia me deixaram perdida sobre o que pensar.
Minha doula me acalmou um pouco, disse que a médica exagerou na quantidade de pontos, que não tinha sido algo tão grave assim…
Mas mesmo assim eu não esperava ter levado tantos pontos. Nem ter sangrado tanto.
Acredito que o processo de aceitação é algo que muda bastante a maneira como lidamos com as coisas não tão boas que acontecem conosco.
E minha aceitação dessa situação só ocorreu 5 dias depois do parto, quando fui na consulta do postinho com a enfermeira.
Ao analisar a cicatrização, ela me tranquilizou muito com o seguinte argumento: “de todos as consequências possíveis do parto, você sofreu a menor delas.
Se tivesse tido uma cesária, estaria super dolorida;
Se tivessem feito episiotomia, o corte seria mais profundo e na lateral;
O corte que você tem é grande sim, mas ele é “raso” e está no sentindo natural do seu corpo. A cicatrização está ótima e logo tudo vai sumir.”
Pronto, era tudo que eu precisava para aceitar o que havia acontecido comigo.
Do 5º dia para frente, a recuperação do parto aumentou numa velocidade impressionante!
O QUE EU SENTI?
De imediato, uma fraqueza enorme – como contei sobre o meu primeiro dia na maternidade.
A fraqueza vinha e voltava e, durante a primeira semana, ainda me incomodava.
Em seguida e, bastante óbvio, dor local. Você não imagina, mas usa os músculos lá de baixo para muito mais coisa do que você pensa.
Inclusive e, principalmente, para dar risada… Como rir pode ser tão dolorido??
Durante os 5 primeiros dias, meus movimentos ficaram bastante limitados. Andar doía, abaixar nem pensar…
Sentar, só se fosse em um lugar bem almofadado!
A verdade é que, na minha cabeça, habitava a ilusão de que a recuperação do parto normal eram de poucos dias… e eu já estaria com a vida normal logo em seguida.
Comigo não foi bem assim…
No quinto dia, além do conforto de ter ouvido o que a enfermeira disse, outra coisa aconteceu que mudou tudo: a primeira evacuação.
É… eu estava morrendo de medo dessa hora!
E foi tudo bem tranquilo, sem dor… E me deu um alívio gigantesco!
Até agora ainda penso que isso era uma das partes que mais estava travando a recuperação e, alinhado ao medo que eu estava de ir ao banheiro pela primeira vez, só procrastinaram a dor.
Mas do quinto dia para frente, a recuperação mudou de nível e foi infinitamente melhor!
Dali pra frente eu consegui me sentar melhor, tive mais mobilidade – para me movimentar na cama, no sofá… Passou a ser possível sentar e levantar com o bebê no colo!
E é claro que daí eu já comecei a fazer faxina, passar roupa… Claro que essas coisas causavam um esgotamento maior do que antes, mas nada que uma boa descansada não me curasse.
Os movimentos dentro de casa em menos de 10 dias já estavam muito bons! Sem ter do que reclamar…
Mas quando eu saia na rua, uma pequena caminhada já me cansava mais do que o normal, e ainda me voltava com aquela dorzinha chata lá embaixo.
E eu fui entendo o ritmo… Sabendo que tinha que andar devagar quase parando… Que um dia de caminhada me demandaria bastante descanso…
E aos poucos as coisas foram se ajeitando!
15 dias depois do parto eu ainda sentia um pouco de dor quando fazia algum esforço maior – como as caminhadas.
Mas 30 dias depois já estava totalmente recuperada.
Os pontos caíram nos primeiros 30 dias e não incomodaram quase nada durante o processo todo.
O sangramento, a partir da primeira semana, já ficou bem pequeno e parecido com um final de menstruação – não incomodando em nada.
A parte mais “chatinha” era a higienização, que precisava ser feita com bastante frequência.
Não higienizar significava coceira e isso sim incomodava muito. Então as horas se dividiam entre cuidar da parte de baixo do corpo e da parte de cima (para o leite não empedrar).
E tudo isso fez parte do meu pós-parto.
Por isso que reafirmo que, ficar em casa, com roupas confortáveis (ou sem elas) foi parte fundamental do processo.
A ALIMENTAÇÃO
E, para fechar, não posso deixar de destacar que a boa alimentação também foi fator fundamental na minha recuperação.
Por herança de família, meu intestino nunca foi lá exemplar…
Ficar 4-5 dias sem ir ao banheiro sempre foi algo normal para mim.
Mas em nenhum momento da minha vida eu tive meu intestino funcionando de maneira tão regular quanto na recuperação pós-parto.
Também em nenhum momento da minha vida eu me alimentei tão bem.
E o tão bem significa, além de refeições saudáveis, com muita fruta e verdura, deixar de lado as porcarias…
Porque comer bem já virou um hábito na minha vida há bastante tempo… O problema é que eu ainda atacava as tentações, especialmente de final de semana.
Agora, por motivos de força maior, o autocontrole tem predominado e é aí que a gente vê como que a alimentação realmente faz diferença no nosso corpo.
Faz bem para mim, faz bem para ela… Só precisa ter força de vontade para continuar nesse ritmo!
E assim foi / está sendo minha recuperação pós-parto. Não tão rápida quanto eu esperava mas, felizmente, correndo tudo bem!!