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ESSE ASSUNTO É UM TABU, FATO. MAS A MORTE ME FASCINA E NÃO QUERO MAIS SIMPLESMENTE FICAR QUIETA SOBRE MEUS PENSAMENTOS SOBRE ELA…
Nos últimos dias tenho tido uma vontade imensa de escrever sobre esse tema.
Ainda não sei exatamente porque, mas sei que nada na vida é por um acaso.
Confesso que esse é um tema que me chama muito atenção e que, por incrível que possa parecer, eu adoro falar sobre isso!
Por isso resolvi abrir um pouco mais desse meu gosto digamos, diferente, aqui…
Vamos lá!
MEU PRIMEIRO CONTATO COM A MORTE
Além de minha família adorar um velório – tenho a impressão que meus avós vão ao velório 1 vez por semana – eu tive ainda na infância/adolescência dois contatos com a morte que me marcaram muito.
O primeiro foi do meu tio Eurides, que morreu antes de completar 50 anos, vítima de câncer.
Eu não me lembro muito bem como tudo aconteceu, mas me lembro de ter sido algo bem intenso e rápido para minha família.
Ele era irmão do meu avô materno.
Não sei dizer se participamos de forma mais intensa ou mais distante, só sei que nos 6 meses de sua doença algumas imagens ficaram marcadas na minha memória.
Essa foi a primeira vez que eu perdi alguém relativamente próximo a mim.
O segundo contato que para mim é muito marcante foi uma história daquelas bem loucas…
Era uma madrugada qualquer, eu devia ter por volta de 13 anos.
Estava dormindo e acordei por volta das 4h da manhã com um barulho muito forte na avenida onde morava.
Foi tipo uma freiada forte seguida de uma batida.
Minha mãe também acordou naquela ocasião e, não me pergunte de onde veio essa ideia de girico, mas resolvemos descer para ver o acidente.
Pensando bem agora, eu não sei se eu insisti ou o que, mas minha mãe foi muito corajosa de sair de casa comigo aquela madrugada.
Bem, o fato é que fomos a segunda pessoa ao chegar ao acidente.
Antes de nós, apenas um motorista de ônibus que passou no local.
Ao chegar lá, nos deparamos com a cena do carro batido no poste central da avenida.
O motorista, visivelmente embriagado, estava sentado na calçada em prantos.
O passageiro já havia desencarnado, ainda preso ao cinto de segurança dentro do veículo.
Eu não me lembro de termos feito nada nem dito nada.
A polícia chegou em poucos minutos e começou o bate boca e arma pra cima e pra baixo…
Foi a hora que voltamos pra casa.
Definitivamente essa foi a morte mais de perto que eu vi em toda minha vida.
Não bastasse a ideia de girico de ter ido ao acidente de madrugada, ainda fomos ao velório no dia seguinte.
Ao pouco que me recordo, era um jovem relativamente conhecido na cidade, e minha mãe sabia quem era (não me lembro se o conhecia).
Ir ao velório para mim foi um choque maior do que o acidente em si.
Primeiro porque estava absurdamente lotado.
Lembra que eu já era craque de velório né… Tendo acompanhado alguns com minha família, tinha dimensão de como esse estava cheio.
Segundo que, diferente de outros que já havia ido, esse tinha um clima muito pesado.
Era uma mistura de surpresa com tristeza, justificada pela própria situação.
Mas o que mais me chamou atenção foram as histórias que eu ouvi ali dentro sobre o acidente.
Que o rapaz havia sido arremessado há 20 metros para fora do veículo.
E claro que, nesse momento, eu fiquei bem quietinha.
Mas de fato eu era uma prova viva de que não, ele desencarnou dentro do próprio carro.
Independente disso não entendia de que valia essa discussão nem essa informação àquela altura do campeonato.
Essa foi a minha experiência mais marcante com a morte até então e, não sei em que ordem lógica dos acontecimentos, mas me criou uma filosofia de vida que me pego há anos vivendo.
AS MINHAS CRENÇAS SOBRE A MORTE
Eu não sei exatamente te dizer o que essas duas histórias tem a ver com o que eu penso sobre a morte.
Só sei que há tempos convivo com uma certeza: Todos vão morrer.
Eu vou morrer, você vai morrer, todos vamos.
Se estamos vivos, essa é a única certeza que existe na vida.
É por causa dessa certeza que, durante minhas madrugadas, já fiz velório mental de muita gente… Muita gente!
Já me despedi dos meus avós dezenas de vezes, de amigos, de pessoas que tiveram importância intensa na minha vida, de mim mesma.
Engraçado que em todos os meus “velórios mentais”, não me lembro de ter tido tristeza envolvida.
Claro, muitas vezes eu chorei (e de verdade) com as palavras que me via falando para essa pessoa querida no momento da despedida.
Mas nunca de forma triste, sempre sempre em forma de agradecimento.
Por isso carrego comigo um mantra desde minha adolescência, por volta dos 13 anos: “Viva todos os dias como se fosse o último. Um dia você acerta”.
Esse mantra tem um significado muito intenso para mim.
Por causa dessa crença que eu tenho, eu desde sempre falo muito sobre o que sinto para as pessoas.
Não sou do tipo de pessoa que guarda mágoas, nem que leva assunto mal resolvido para casa.
Falo o que tenho que dizer e resolvo tudo ali na hora.
Com o avanço da idade e o aprofundamento das minhas relações, noto que isso é um diferencial enorme em mim.
Também noto que não sou uma pessoa muito encrenqueira, não gero brigas e, muito pelo contrário…
Das coisas que tenho vontade de dizer às pessoas, parte grande delas são boas, comunicam sentimentos bonitos.
E essas são as coisas mais difíceis de serem ditas.
Mas eu não tenho (e acho que nunca tive) muita trava na língua não…
No passado, era através dos meus cartões de Natal.
Todo ano declarava meu amor para muita gente, família ou não, em minha produção em massa de cartões de Natal.
Gostava muito de escrever porque aquela pessoa tinha sido importante na minha vida e no meu ano, em particular.
Escrever né… claro, sempre escrever, a paixão da minha vida!
Depois que a vida adulta chegou e o tempo para colar lantejoulas, escrever rascunho e passar a limpo cartões de Natal se extinguiu, as mensagens passaram a ser diferentes.
Muitas vezes por whats app, por áudio, mas seguem as mesmas.
Se você me aparece em algum sonho então… hummm, aí é que eu te mando mensagem mesmo!
A MORTE DEPOIS DA VIDA ADULTA
Depois que me casei (e lá se vão 8 anos), meu contato com a morte física diminuiu muito – exceto por alguns dogs queridos que vi partir.
Por outro lado, ao iniciar meus estudos na doutrina espírita, meu conhecimento sobre o assunto aumento imensamente.
Em um determinado ponto da minha jornada descobri que morrer é bem melhor que nascer, no plano espiritual.
Através dos livros que estudo, entendi o processo que passamos depois do desencarne.
Do resgate por parentes próximos, da ajuda espiritual que recebemos.
Das vezes e motivos que vamos ao Umbral e o que experimentamos ali.
Entendi quão importante é a evolução espiritual de cada um para o momento do desencarne.
Entendi quão mais importante ainda é a evolução espiritual daqueles que ficam, do quanto precisamos soltar quem está indo para que esse espírito possa viver sua jornada na espiritualidade.
Compreendi que temos um plano quando encarnamos e que nem todos chegarão a velhice – e que tudo isso está programado.
Que não há destino “infeliz”. Todo destino é feliz, da forma que tem que ser.
Que não há “coitadinho, morreu”, nem vítimas.
Todos nós, consciente ou inconscientemente nos colocamos em situações que nos levam a cumprir nosso destino.
Independente da nossa idade e da nossa experiência com a vida.
Esse conhecimento que adquiri sobre a morte me fez perder muito do medo que eu tinha dela.
É claro que, por mais teoria que eu tenha na minha cabeça, nunca passei por uma morte “prática” próxima para ver meu próprio comportamento sobre isso.
O que eu sei é que, de maneira alguma, consigo entender porque temos a cultura de achar que morrer é algo ruim.
Nos livros, a melhor parte da história acontece quando o desencarne tem seu final feliz!
Conheço pouco sobre a cultura oriental, mas gosto da parte que eles celebram a morte.
Penso que é assim que deveria ser.
Ao cumprir nossa missão na terra, todos nós estamos prontos para um passo adicional no plano espiritual.
Para continuar evoluindo e, se for pertinente à nossa jornada, ajudar espiritualmente quem ficou.
Muitos dos dias da minha vida em rotina acabam com o seguinte pensamento antes de dormir: se eu morresse hoje, do que me arrependeria?
E, por ter esse hábito há muitos anos, a resposta é geralmente parecida… De absolutamente nada.
Por isso curto um dia de cada vez, me atento ao momento presente, aos pequenos fragmentos de felicidade que sinto no dia.
Por isso me sinto grata por tudo que experiencio durante minha jornada na terra.
E agradeço diariamente tudo isso, relembrando com afeto os momentos gostosos que vivi naquele dia.
E, se fizer parte da jornada, no dia seguinte mando uma mensagem agradecendo quem esteve comigo naquele momento tão feliz.
Via de regra os momentos mais felizes da minha vida tem acontecido próximo à minha família, em especial meu marido, minha filha e minha cachorrinha.
Sabe aqueles momentos que dinheiro nenhum compra?! É desses sorrisos, brincadeiras, correrias e abraços que me lembro quando o dia se encerra!
E POR QUE EU RESOLVI ESCREVER SOBRE A MORTE?!
Porque, como nada nessa é por um acaso, eu recebi um presente de uma amiga muito querida.
Um presente de coração, que ganhei sem ser meu aniversário nem nenhuma ocasião especial.
Quésia, não sei qual foi o anjo da guarda que te iluminou para me presentear com esse livro, só sei que ele é forte e inteligente.
A obra se chama: “Os 5 principais arrependimentos antes de partir” – e entrou para a minha lista de livros favoritos.
O livro conta a história de uma mulher que trabalhou parte da vida como cuidadora de idosos em estágio terminal.
É um livro para ser saboreado e não devorado.
Em muitos capítulos, eu chorei no final. Outros me deixaram mais de um dia refletindo sobre seus ensinamentos.
Mas foi ler esse livro que me despertou essa vontade incondicional de falar sobre esse assunto.
Foi lendo este livro que e juntando todo meu conhecimento espiritual que eu percebi o quanto eu tenho sonhado e, por vezes, me comunicado com pessoas que se foram.
Como a Cláudia, amiga da minha mãe, que vive aparecendo em meus sonhos bem jovem e saudável.
E a mãe da minha amiga Natasha, que já veio me mostrar como está bem no plano espiritual!
Ambas desencarnaram muito jovens, vítimas de câncer e, mesmo não sendo muito próximas delas, as histórias que construíram junto às suas famílias me fascinam (em especial a última, que acompanhei mais intensamente).
Meu desejo mais intenso é compartilhar esse meu conhecimento sobre o vida após o desencarne com pessoas que continuam aqui no plano terrestre.
Queria que todos tivessem o mesmo conhecimento que eu, ou a mesma aceitação que eu tenho do assunto.
Ainda que não tenha tido experiências práticas próximas e, espero demorar alguns anos para tê-las, mesmo sabendo que essa é a única certeza da qual estamos rodeados na vida.
O fato é que eu sei que esse assunto é um tabu de ser conversado para muita gente, por isso não forço muito não…
Mas se você tiver vontade de conversar sobre isso, me chama!
Adoro conhecer outras opiniões, conhecer mais.
A morte literalmente me fascina e, definitivamente, não deixe de me chamar se quiser trocar uma ideia sobre isso, combinado?!