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DESAPEGO, FAXINA E ORGANIZAÇÃO – O QUE ROLA NA SUA MUDANÇA?
Quantas vezes na vida você já se mudou?
Durante grande parte da minha vida mudança não era algo que passava pela minha cabeça, até pela tradição da minha família.
No apartamento que eu nasci eu morei até me casar, com 23 anos – e só daí fiz a minha primeira mudança.
E, desde que me entendo por gente, ninguém mais da minha família mudou…
As casas que eu frequento são sempre as mesmas, as louças estão sempre nos mesmos lugares, os móveis são iguais…
Então mudar não fazia parte da minha rotina, até eu começar a consolidar a minha própria família.
E não é que gostei dessa história de mudar!!
MINHA PRIMEIRA MUDANÇA ATIVA
Pelas minhas contas, essa é a quarta vez que estou me mudando. Mas é a primeira que faço isso de forma ativa.
Minha primeira mudança aconteceu quando eu me casei – e fui de um apartamento, onde morava com minha mãe e minha irmã, para uma casa, morar com meu marido.
Essa foi a mudança menos trabalhosa mas a mais dolorosa, sem dúvida!
Praticamente não teve trabalho porque eu só tinha que levar minhas roupas e minhas milhares de fotografias…
E mais nada… Todo o resto era novo na casa que eu estava me mudando!
Então nem dá para considerar essa uma mudança propriamente dita – foi, digamos assim, mais um deslocamento do que uma mudança.
E foi dolorosa sim porque, como eu comentei, eu nunca havia me mudado.
Foram 23 anos dormindo no mesmo lugar, chegando e saindo do mesmo lar.
De repente, eu não voltaria mais àquele local… Eu saí em prantos do meu apartamento, no dia do meu casamento.
Saí com a sensação de que era a última vez que eu pisaria naquele prédio, o edifício Paraguaçu.
Ah, você pode achar um exagero né… Porque casa de mãe a gente sempre volta né?!
Só que não a minha… Porque minha mãe nunca foi muito de reunir a família, fazer um almoço (ela odeia cozinhar)… No fundo no fundo eu sabia que teria poucas oportunidades de voltar para aquele que foi meu lar por 23 anos.
E na prática foi exatamente isso que aconteceu. Eu nunca mais pisei naquele apartamento, e minha mãe se mudou de lá 2 meses depois que eu casei.
O porto seguro que existia naquela casa evaporou… E assim foi a minha primeira mudança!
A segunda foi quando eu fui fazer o intercâmbio na África do Sul – e morei lá por 3 meses.
É, também não foi uma mudança propriamente dita…
Foram só duas malas, a casa que eu fiquei lá era toda equipada, eu só levei roupas.
Apesar de realmente morar em outro lugar, essa experiência para mim teve mais cara de viagem do que de mudança.
Até porque minha casa ficou fechada aqui no Brasil, com tudo dentro! Então, foi tudo bemmm tranquilo!
A minha terceira mudança foi sim uma mudança de fato! Foi quando eu vim de Americana para Floripa, em 2014.
Nesse episódio sim teve todo o processo de:
- Desmontar a casa antiga;
- Vender o que eu não ia trazer comigo;
- Encaixotar tudo;
- Carregar caminhão;
- Medir móveis para ter certeza que caberiam;
- Arrumar as coisas na casa nova…
Tudo que toda mudança pede!
Porém, eu não participei de forma ativa dessa mudança, já que eu estava trabalhando em Floripa.
Essa mudança foi por conta do meu marido, que providenciou tudo tudo tudinho!
Eu saí da minha casa num dia… E alguns dias depois minha casa chegou até mim.
Enquanto eu trabalhava, ele organizou toda nossa casa nova, colocou tudo no lugar.
Eu só assisti tudo acontecer.
É por isso que, para mim, essa mudança está sendo a minha primeira vez!!
Minha primeira mudança ativa, que eu realmente estou participando, fazendo, pensando, organizando.
É por isso que eu tenho curtido tanto passar por todo esse processo.
E esse status, que me habita há algumas semanas, tem me feito refletir bastante sobre o que é estar de mudança.
Porque tem gente que gosta, tem gente que não gosta de se mudar…
Eu não sei se você gosta ou não mas, uma coisa é fato: quando você se muda, você sai da sua zona de conforto.
MUDANÇA E O DESAPEGO
E, inevitavelmente, vai rolar um desapego!
O primeiro desapego é aquele mais natural: você aproveita que está de mudança mesmo e começa a se desfazer de algumas coisas que não usa mais – seja para doar, seja para vender.
Mas… fala sério! Quantas vezes, durante uma mudança, você encontrou alguma coisa que a última vez que a viu foi na mudança anterior?!
Aquilo ali passou anos guardado, exatamente no mesmo lugar, e você nem lembrava que existia.
Daí você pensa: ah, agora que eu sei que isso existe, vou usar! Até porque tenho dó de dar embora né…
Ou será que você é daqueles que dá embora mesmo sem dó?!
Sabe como eu me sinto quando me mudo? Ganhando vários presentes!!
Porque eu encontro tanta coisa que estava lá estocado e eu nem lembrava que existia… É como se fossem novos para mim!!
Depois vem o segundo desapego: o lugar certo.
Sim, porque na casa que você está saindo, tudo tem seu lugar. Você sabe onde está guardado cada coisa que você tem.
Já na casa nova… hummm… deixamos esse assunto para daqui a pouco!
O fato é: você vai ter que desapegar do local onde as coisas ficavam!
Tudo é novo a partir de agora!
E, fechando o desapego, vem uma parte importante da mudança: isso não cabe na casa nova…
Hummm, daí não é simplesmente porque você não quer mais ou cansou daquilo.
Tem coisas queridas que você queria levar. Mas não dá!
Eu não sei você, mas nessa minha mudança atual, teve um apartamento que eu descartei das opções porque não conseguiria levar minha geladeira.
É, tipo, algo meio louco assim… Se minha geladeira não vai, esse ap não serve pra mim.
Pra você ver, é uma prática constante de desapego, mas ele ainda não me venceu totalmente não… kkkkk
É um tal de bater foto, cadastrar na OLX, colocar para vender… Ou simplesmente doar tudo… Um desapego constante.
E a mudança continua!
FAXINA E ORGANIZAÇÃO
Parece que quando entramos numa casa nova, um bichinho nos pica… O bichinho da faxina e da organização.
Sério, faz 5 dias que eu estou fazendo minha mudança. Acho que já varri meu apto novo umas 7 vezes.
A vassoura, inclusive, foi a primeira coisa que entrou no ap!
Minha desculpa maior é que, com todas as mexidas que tem rolado lá, eu tenho receio que fique algum pedacinho de fio, alguma sujeirinha e minha bebê coloque na boca.
Mas na prática acho que se eu não tivesse a bebê, estaria varrendo do mesmo jeito.
Afinal de contas, está tudo novinho, zerado, tão lindo!! Você passa a enxergar cada sujeirinha que aparece ali naquele contexto!
Ainda mais quando a casa está vazia, sem móveis…
Pena que passa né… Eu queria ficar mais incomodada com a sujeira de casa para ver se tomava vergonha na cara e limpava ela mais vezes… Só que não faz muito meu estilo né?!
E junto com a faxina vem quem?! O bichinho da organização!
Poxa, já vou ter mesmo o trabalho de desmontar o guarda-roupa e montar de novo né?! Porque não deixá-lo organizado agora?
O mesmo se replica a todos os outros armários da casa nova.
Por alguns dias o bichinho da organização passa a te perseguir.
Você elege o “quarto da bagunça”, e o restante da casa fica impecavelmente organizado.
Vamos ver por quanto tempo vou conseguir deixar a casa organizada dessa vez hahaha
Na mudança é fácil!! Já no dia a dia…
A BRIGA DO TICO E DO TECO
Você se engana se acredita que a parte mais cansativa da mudança é arrumar as coisas na casa velha, carregar para a casa nova, e organizar tudo na casa nova.
Seu corpo pode até reclamar desse processo… O meu está há dias reclamando aqui!
Mas não é essa a parte mais cansativa.
Quem cansa de verdade é seu cérebro. Você coloca o tico e o teco para trabalhar durante uma mudança.
Porque? Porque nosso cérebro adora uma rotina.
- Ele adora saber qual gaveta vai abrir assim que sair do banho para pegar a roupa.
- Ele ama saber em qual armário fica aquela panela que você mais gosta.
- Ele é viciado em guardar a compra do supermercado direitinho no local que você conhece bem.
E, de repente, você muda tudo de lugar…
- Você se pega abrindo todos os armários da cozinha para encontrar aquele pote.
- Passa por todos os cômodos da casa para lembrar onde guardou aquele sapato.
- Até uns papéis acabam indo pro chão porque você não sabe mais onde é o lixo…
O esforço mental que você gera em você mesmo quando se muda é gigantesco.
Essa é a parte que eu acho mais fantástica da mudança!
Se desafiar a pensar novo, pensar diferente!
É por isso que eu gosto de curtir o processo, o caminho.
Eu quero tirar tudo do lugar, organizar tudo de novo mas em locais diferentes.
Quero desapegar de tudo que eu não preciso mais.
Quero deixar tudo bonitinho e quem sabe manter tudo lindo por muitos meses.
A mudança me tira muito da zona de conforto, e eu amo estar longe dela.
É tudo isso faz parte do que eu chamo de estar em “status de mudança”
E você, o que acha de se mudar?