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EM CASA NÃO DÁ PARA NEGAR A MUDANÇA… MAS, E NO TRABALHO, COMO FICA APÓS A MATERNIDADE E A PATERNIDADE?
Quando minha filha tinha 8 meses eu fui viajar para Brasília.
Meu marido tinha um Congresso para participar lá e eu e a neném fomos passear. Ficamos 5 dias lá, a maior parte do tempo no flat que pegamos pelo AirBNB.
Como nós estávamos sozinhas a maior parte do tempo, acabamos conversando com muitas pessoas!
Até porque minha “mis simpatia” distribui sorrisinhos lindos para todos e a conversa logo começa – até quando a mamãe não tá muito afim de papo kkkkk….
Só que no meio de todas essas conversas, uma delas me chamou muita atenção – até porque ela se repetiu algumas vezes: conversa com pais com bebês pequenos, até menores do que o meu.
E fiquei tão encanada com meus pensamentos que resolvi transformá-los neste post: a diferença da mudança de vida para a mãe e o pai.
Esse post faz parte da Categoria Mamãe Pri Nunes, onde eu divido relatos, experiências e estudos sobre a maternidade. Veja aqui mais posts da fase: “dos sorrisinhos aos primeiros passinhos”.
ENCONTRANDO PAIS
Aconteceu duas vezes no Uber, e duas vezes com garçom de restaurante.
Todos aqueles homens tinham bebês em casa, senão da idade da minha filha, ainda menor.
Confesso que quando a informação chegou até mim minha cara inicial provavelmente foi de espanto.
E deve ter sido mesmo.
Como poderia um homem relativamente da minha idade, com filho da idade da minha filha (isto é, meses), estar trabalhando normalmente?!
Atendendo feliz da vida no restaurante, dirigindo o Uber… Como se nada mais estivesse acontecendo…
E, fato, nada mais estava acontecendo…
Provavelmente o bebê estava com a mãe ou, sob o cuidado da mãe naquele momento – e a vida do pai continuava exatamente a mesma de antes de o bebê nascer.
REFLETINDO SOBRE NOSSO PAPAIZÃO
Então eu fiquei pensando sobre essa situação e tentando imaginar como meu marido se comporta nessas situações.
E cheguei a conclusão de que, provavelmente, é algo absolutamente normal para ele também…
Depois que acabou a licença paternidade, ele voltou a trabalhar normalmente, como se nada tivesse mudado na vida dele.
Como dizem por aí, os pais (mães e pais), tiram férias dos filhos enquanto estão trabalhando.
Provavelmente o dia-a-dia dele no trabalho não mudou absolutamente nada… Nem a rotina que ele já exercia antes, nem os contatos que ele fazia, nem o humor que ele sempre teve.
Claro que, em casa, a mudança foi intensa e ele tem sido um papaizão – como eu até já contei nesse post.
Mas no trabalho continua tudo igual – assim como os garçons e os motoristas de Uber que eu conversei na minha viagem.
O meu espanto não foi sobre saber que a vida profissional dos pais continua exatamente a mesma depois que o bebê nasce.
Foi na verdade um choque de realidade em relação a mudança na minha vida profissional.
PROFISSÃO E MATERNIDADE
Eu fiz escolhas em relação a minha maternidade e não me arrependo delas.
Uma das minhas escolhas foi me tornar empreendedora digital e home office.
Outra delas foi não ter licença maternidade.
Logo, quando eu “voltei” ao meu trabalho, eu não tinha um local para ir.
Eu simplesmente tinha tarefas para realizar na minha própria casa.
Eu não “voltei” para o que era antes, porque agora, querendo ou não, tinha um bebê em casa.
Aquela zona de conforto que existe para grande parte dos pais e das mães que voltam ao seu habitat profissional natural depois de alguns meses de licença não rolou aqui em casa.
Eu tive que criar meu novo ambiente de trabalho, minha nova forma de me comportar, meu novo eu profissional.
Por não ter para onde voltar – nem em questão de local, nem em questão de conforto financeiro, muito menos em questão de atividades a serem desenvolvidas – minha transição ao meu novo eu profissional foi lenta – durou cerca de 3 meses.
Começou quando eu decidi que estava na hora de me separar da minha filha – e foi concluída quando eu de fato tive a segurança de ela estar na escolinha, enquanto eu tinha meu tempinho para trabalhar.
Minhas contadas 4 horas diárias – que já faziam muita diferença na minha auto-estima, no meu humor, no meu senso de realização profissional.
O fato é que, quando eu converso com uma mãe que tem filho da mesma idade que eu, eu jamais consigo ver serenidade e calma no olhar dessa mãe como eu vejo no olhar dos pais que conversei.
Independente de ter havido um ajuste de carreira (como no meu caso), ou simplesmente da mãe voltar a fazer o que fazia antes, a vida mudou. E muito.
Pode até ser que a rotina seja parecida com a de antes no trabalho – mas o olhar fundo não nega que aquela exaustão escondida no rosto de muitas de nós.
Não para por aí… Não é “apenas” o fato de sair de casa, ir trabalhar, mudar de ambiente.
É também aquela preocupação que fica de saber se está tudo bem, se seu filho não está precisando de você…
Confesso que quando deixo minha filha na escolinha não me preocupo muito se ela está bem, pois sei que está.
Fiz minha pesquisa da escola antes e confio nos profissionais que estão lá. Eu literalmente desligo a chave maternidade, pelo menos por algumas horas no meu dia.
Meu marido até comenta comigo que, a tranquilidade que ele sentia no tempo que a neném ficava comigo em casa só era daquela maneira porque sabia que ela estava comigo.
Agora na escolinha ele fica mais em alerta, mais ligado. Até porque a desligada da vida, que esquece celular e todo o resto do mundo para trabalhar sou eu…
O fato é que a vida muda. Mudou.Mudará ainda mais.
Não é uma competição entre maternidade e paternidade, mas a experiência dessa viagem me mostrou que, no papel de mãe, a mudança na minha vida foi maior do que na do meu marido.
E está tudo bem. É assim que as coisas funcionam. Essas foram as minhas escolhas.
E eu me orgulho delas!
Esse post faz parte da Categoria Mamãe Pri Nunes, onde eu divido relatos, experiências e estudos sobre a maternidade. Veja aqui mais posts da fase: “dos sorrisinhos aos primeiros passinhos”.