Pré-Natal: SUS x Particular

Tempo de leitura: 8 minutos

Se você tem dúvidas sobre fazer o Pré-Natal através do SUS ou de uma rede particular, então você chegou ao lugar certo.

QUEBRANDO MITOS DA INEFICIÊNCIA DA SAÚDE PÚBLICA…

Eu não sei você, mas depois de adulta eu frequentei bem pouco o médico…

Quando tive que começar a pagar meu próprio plano de saúde, começaram meus questionamentos mais intensos…

Até porque plano de saúde é que nem seguro de carro: a gente paga torcendo para não utilizar.

Mas ainda assim fica aquela insegurança de depender totalmente da saúde pública…

E foi no meio de todas essas reflexões que eu engravidei.

Como consequência imediata, precisava decidir onde fazer meu pré-Natal (um dos itens mais caros quando falamos de finanças na gravidez).

A decisão levava em consideração também onde eu queria que meu bebê nascesse – algo que eu só fui mesmo bater o martelo passados 7 meses da gravidez.

Então nesse mix de indecisão e, considerando que eu quero ter mais filhos, resolvi no primeiro experimentar tanto o SUS quanto o particular para formar a minha própria opinião.

E, nesse post, eu estou contando minha experiência e minhas conclusões.

Claro que isso tudo está intimamente relacionado a minha realidade atual:

• Moro em Florianópolis e pago meu próprio convênio a partir da empresa do meu marido;
• No meu plano (R$ 250/mês) eu ainda preciso pagar 20% do valor de todas as consultas e exames realizados;
• Meu principal médico foi o Google – ou seja, eu só fiz mesmo o pré-natal para cumprir o protocolo, como contei nesse post;
• Minha gestação foi super saudável, eu não precisei de nenhum tipo de intervenção adicional (seja de medicamento, seja de exames).

O QUE SUS E PARTICULAR TEM DE IGUAL

O processo em ambos os locais é muito semelhante.

São consultas mensais até a 32ª semana; depois passa para quinzenal; e a partir da 36ª semana são consultas semanais.

São realizados 3 baterias de exames (uma em cada trimestre). São exames de sangue e de urina.

Exames adicionais são solicitados apenas de acordo com o seu histórico e andamento da sua gestação – e, no meu caso, como tive uma gestação muito saudável, não precisei realizar exames adicionais.

O PRÉ-NATAL NO SUS

Fiz meu acompanhamento no postinho de saúde da Trindade, que fica a menos de 5 minutos caminhando da minha casa.

As consultas eram revezadas entre o médico de saúde da família (que muitas vezes quem atendia era o residente) e a enfermeira.

Elas duravam cerca de 1 hora, onde eram avaliados:

• Minha pressão e peso;
• Altura uterina;
• Batimentos cardíacos do bebê – através do sonar.

Não houve uma orientação padrão – era apenas um momento para eu tirar dúvidas, caso eu tivesse.

Os exames eram agendados pelo postinho (eu não tinha flexibilidade para escolher a data).

Cada exame era feito em um laboratório diferente, então para cada bateria foram 2 ou 3 idas ao laboratório.

Todos os medicamentos que eu necessitei (incluindo vitaminas) foram fornecidas pelo próprio postinho.

Pelo SUS, eu tive direito a um ultrassom (na vigésima semana). Ele foi bem rápido (menos de 10 minutos), e bem simples (perto dos demais que eu fiz no particular).

Como já contei nesse post, no pré-Natal do postinho eu não gastei absolutamente nenhum real.

O PRÉ-NATAL NO PARTICULAR

Nessas consultas eu fui atendida sempre pelo mesmo profissional.

Elas duravam cerca de 20 minutos, onde eram avaliados:

• Meu peso e minha pressão;
• As medidas principais do bebê: batimento cardíaco, peso, altura, e outras partes técnicas que eu não entendo…

Isso tudo era feito através do aparelho de ultrassom.

Curioso é que, em todas as consultas eu utilizava o aparelho de ultrassom, e faziam-se medições muito semelhantes.

Porém, só naquelas em que o médico imprimia um formulário com as imagens e com as anotações é que se considerava um exame de ultrassom (e cobrava-se por isso).

Os exames solicitados foram, no geral, bem parecidos com os do postinho.

Por isso e, para eu não viver em função de médico e exames, eu acabei seguindo os exames apenas do postinho.

É claro que fazer pelo particular seria mais confortável: eu colheria tudo no mesmo laboratório, na minha flexibilidade de agenda.

Porém, eu teria que pagar por esses exames e por isso fiz tudo pelo SUS mesmo!

Assim como no SUS, não há um padrão de orientação: é apenas um tira dúvidas.

Como eu usei muito do Google, tinha sempre poucas dúvidas – ou fazia perguntas apenas para saber a opinião dos médicos, pois seguia mesmo o que minha pesquisa me indicava.

MINHA CONCLUSÃO SOBRE O PRÉ-NATAL

Eu divido minhas conclusões em 4 partes:

O PROFISSIONAL EM SI

Isso vai muito da empatia que você gera com cada profissional.

Eu particularmente não me apeguei a nenhum dos médicos que frequentei.

O médico do particular foi super atencioso e competente. O médico do postinho eu não gostei (ainda bem que foi apenas 2 consultas com ele!). E, a enfermeira do postinho ganhou meu coração!

Então eu acabei me sentindo muito mais a vontade com a enfermeira do que com os médicos.

E também grande parte das minhas dúvidas que o Google não tirava, eu tirei com a doula.

Então, na minha visão, eu considero que vai de profissional para profissional esse quesito de comparação.

A diferença é que no particular se você não gostar do médico você troca e, no SUS não tem essa opção de troca.

OS EXAMES DE ROTINA

Em relação aos exames, para mim foi bem tranquilo seguir a recomendação do SUS.

É claro que eu não tive flexibilidade para agendar os exames, tive que fazer mais furinhos do que se estivesse no particular e as agulhas não eram as mais amigáveis possíveis…

Mas vez ou outra o agendamento dos meus exames era no mesmo laboratório que eu iria caso fosse pelo particular.

Ou seja, a parte técnica em si (exames e resultados) foram muito parecidos. A diferença foi no conforto mesmo!

ULTRASSOM

Essa foi uma das partes que mais me indagou…

Existe uma linha de raciocínio já bem espalhada por aí, que não é saudável para o feto ficar fazendo muitos exames de ultrassom. Mas confesso que não tive muito essa preocupação.

Especialmente no primeiro filho e, nas primeiras consultas, parece que a gente só acredita no que está acontecendo quando literalmente vê o feto pela imagem do computador.

Pelo menos comigo, foi passando as consultas e começou a ficar sem graça ver toda vez a mesma coisa…

O fato é: pelo atendimento particular, em todas as consultas eu via minha filha. Pelo público, vi apenas uma vez no exame de ultrassom.

No particular, os médicos no geral recomendam pelo menos 3 ultrassom ao longo da gestação. Eu fiz, oficialmente, 5 – mas, como comentei, toda consulta eu ia para o aparelho.

Enfim, a conclusão que eu cheguei é que, para o meu caso, de uma gestação super saudável, fazer tantos ultrassons é um desperdício de recurso.

É sim legal ver o bebê mas não achei extremamente necessário.

Hoje me sinto bastante segura para ser atendida pelo SUS, sem ultrassom em todas as consultas. Mas sim, precisei passar por essa experiência para conquistar minha segurança.

LOCAL DE ATENDIMENTO

De novo, estamos falando de conforto.

É injusto comparar a clínica particular ao postinho… Seja em termos de beleza, de conforto.

Mas não tenho absolutamente nada a reclamar do meu atendimento no SUS.

Em todas as consultas eu aguardava e era atendida em salas com ar condicionado; todos os aparelhos usados funcionaram muito bem (embora não fosse a mesma tecnologia); nunca faltou material para me atender.

A melhor parte do SUS é que, além de tudo, eu não pagava estacionamento… Porque vamos combinar, R$ 7 / hora é carinho né… Pelas minhas contas, se eu tivesse ido de carro em todas as consultas teria gasto mais de R$ 200 só de estacionamento no particular.

O QUE NÃO TEVE EM NENHUM DO DOIS

Agora, de maneira geral, houve uma coisa que eu senti muita falta nos dois pré-Natal, tanto no SUS quanto no particular: orientação.

Especialmente orientação em relação ao parto.

Em nenhum momento foi falado comigo sobre cesária, parto normal… Parto humanizado então, ninguém tocou nesse assunto…

Doula?! Não me foi sugerido…

Como são as fases do parto, para o que eu tenho que me preparar…

Em termos de preparação futura para o que você vai passar, eu realmente senti um descaso enorme…

Por isso senti que meu duplo Pré-Natal foi incompleto – e acabei complementando minha necessidade de informação por eu mesma.

CONCLUINDO…

Meu medo de fazer o pré-Natal pelo SUS passou!

Hoje, eu não teria receio nenhum de fazer apenas esse acompanhamento.

Me sinto segura, com profissionais qualificados e atenciosos.

É claro que sim, eu abro mão do conforto e da comodidade. Mas faço isso com a segurança de que nada vai faltar nem para mim, nem para meu bebê!