Tempo de leitura: 8 minutos
MATERNIDADE REAL: PRISÃO DE HORÁRIOS PARA GANHAR TEMPO LIVRE
Minha filha vai fazer um ano e eu ainda me pego refletindo sobre algumas mudanças drásticas que aconteceram na minha vida após a maternidade.
De todas elas, a mais intensa, não tenho dúvida, tem sido lidar com a nova versão do meu tempo.
Sim, eu tenho inveja de quem tem tempo hoje… Ou, em outras palavras, de quem ainda não tem filho.
Mas não guardo arrependimento – pois sei que usei muito bem meu tempo antes da minha filha chegar.
Fica comigo até o fim para você entender porque eu me sinto aprisionada na minha liberdade…
Esse post faz parte da Categoria Mamãe Pri Nunes, onde eu divido relatos, experiências e estudos sobre a maternidade. Veja aqui mais posts da fase: “dos sorrisinhos aos primeiros passinhos”.
TEMPO: QUANTIDADE X QUALIDADE
Quando ainda pensava em ser mãe sempre prezei por essa questão de quantidade x qualidade no tempo com minha filha.
Na prática, isso tem feito muito sentido!
Porque estar ao lado dela a maior parte do dia é fácil. O difícil é dar atenção para ela em alguma parte do dia!
Porque somos da geração que quer resolver a vida, que tem uma lista enorme de tarefas para fazer…
Que tem o celular na palma da mão e quase tudo se resolve por ali.
Então se ela fica quietinha ali do lado e eu consigo ficar com o celular, ótimo, tenho algo para fazer!
Mas, e para tirar o celular de mim enquanto estou com ela e curtir o momento?!
É… tem horas que isso faz falta!
E não é tão simples quanto parece não…
Por mais consciente que eu esteja nessa ação, muitas vezes quando isso acontece fico tentando me lembrar qual foi a última vez que eu me dediquei por inteiro a ela – e percebo que se passaram alguns dias.
O peso na consciência nunca vai embora – ele é um eterno companheiro!
Como mãe, eu sempre poderia me doar mais… Sempre existe uma dívida de tempo para com a minha filha, e eu estou me acostumando a lidar com essa nova realidade.
SEPARAÇÃO DE ATIVIDADES
Daí na prática do dia-a-dia, eu decidi e consegui separar atividades que faço com ela e sem ela.
A lista de atividades para fazer quando ela está junto é grande e, praticamente nenhuma delas eu faço quando ela não está junto.
E ela não estar junto de mim significa duas coisas:
- Ou ela está na escolinha;
- Ou tem alguém cuidando dela.
Quando tem alguém cuidando dela, ou é meu marido – o que me dá um alívio grande, pois sei que eles se dão super bem e eu fico bem tranquila!
Ou é alguma outra pessoa de minha confiança.
Eu não tenho família morando perto de mim (por escolha minha) mas, com alguma frequência, alguém da minha família me visita.
E nesse momento eu tenho a quem pedir ajuda para ficar com a Naty enquanto eu tenho meu tempinho!
Só que também bate o peso na consciência de não estar aproveitando aquele momento em família!
Porque é sim divertido passar algumas horas sem fazer nada com minha filha e minha irmã, minha mãe… ou quem quer que esteja me visitando.
Mas daí é questão de prioridades… E, se eu quero de fato fazer alguma coisa mais útil (por assim dizer), como escrever esse post, tenho que escolher entre curtir o momento ou sentar na frente do computador e produzir.
E se você está lendo isso aqui, já sabe qual foi a minha escolha, não é mesmo?!
Por isso me questiono sobre a liberdade na maternidade. É uma liberdade que é quase uma prisão…
TEMPO NA ESCOLINHA
Ter colocado minha filha na escolinha foi uma das minhas ações que mais me deu tempo.
São gloriosas 15 horas por semana que eu tenho para mim, sem ninguém mais!
Uso, claro, para trabalhar e colocar todas as minhas tarefas em dia.
Elas não são e nunca serão suficientes, já que as tarefas nunca acabam…
Mas me ajudam, e muito!
No entanto, eu confesso que me sinto aprisionada para ter essa liberdade de 15 horas por semana enquanto ela fica na escolinha…
Porque?! Vamos lá…
Primeiro porque ela estuda de manhã e, para levar ela na escola no horário, eu preciso acordar ela.
Antes de acordar ela, quem precisa acordar sou eu… E meu… como isso é desafiador!
Na minha liberdade depois de não trabalhar mais em empresa eu tinha me adaptado super bem a acordar cedo, sem despertador.
Mas meu cedo era por volta das 8h… Para ela ir na escolinha, eu preciso levantar às 7h.
E isso me gera um esforço enorme!!!
Acordar cedo para ter minha liberdade, é um desafio diário para mim!
Muitas vezes eu consigo cumprir, outras vezes não… E daí perco alguns preciosos minutos da minha liberdade por não conseguir acordar tão cedo.
Eu tenho plena consciência de que a primeira hora do meu dia é muito importante e defini como será o restante dele.
Por isso essa primeira hora precisa ser boa, relaxada.
Acordar para acordá-la não me traz o relaxamento que eu preciso… Pelo contrário, é sempre uma correria contra o relógio – correria essa que eu tinha me acostumado a viver sem!
Só que a parte que mais me dói desse processo todo é ter que acordá-la.
Antes de 1 ano de idade já tendo hora para compromisso?
Perdendo aquela preguiça gostosa do despertar?
Ah, isso me parte do coração dia sim dia não…
Por isso fico me questionando sobre a prisão que me coloco para ter minha liberdade.
Tenho alternativas?! No curto prazo não muita – a não ser deixar de levar ela na escolinha, o que não faz muito sentido pois estou pagando para isso.
Mas no médio prazo sim, e já estou pensando seriamente como será a dinâmica do próximo ano para que eu não tenha que acordar diariamente contra o despertador.
Bem, depois de todo esse processo do despertar, vem a hora de realmente levá-la na escolinha.
Hora de juntar a mala (já falei sobre esse desgaste nesse post), pegar o carro e enfrentar meia hora dirigindo.
As vezes com trânsito, as vezes sem trânsito…
É um tal de entra no carro, coloca na cadeirinha, tira da cadeirinha, entrega, volta para o carro.
A sensação que eu tenho quando chego em casa da escolinha é que já fiz bastante coisa!
Afinal de contas, já levantei às 7h da manhã, corri contra o relógio para me arrumar, arrumar ela e sair, já levei ela na escolinha e estou em casa de novo – e ainda não são 9 horas da manhã.
Mas por vezes eu já estou exausta só de ter concluído esse processo.
E agora vai começar o meu momento de liberdade, que irá durar exatas 2h30 até a hora de sair para buscar ela na escolinha.
Uau, que correria louca…
Eu fico até tonta da quantidade de coisas que tenho que desenvolver nessas 2h30.
Ainda bem que minhas técnicas de produtividade me ajudam muito e eu sou bastante focada, conseguindo aproveitar e fazer milagre nessas 2h30 diárias que tenho para mim.
Só que eu sou sincera: é uma correria louca!
A parte boa também é que eu faço o que faço com amor, então isso me estimula!
Atender meu clientes, mexer no meu blog, cuidar dos meus negócios…
Nunca vai dar tempo de fazer tudo, mas eu tenho me adaptado ao ritmo que consegui impor para mim mesma.
E é assim que vai ser daqui em diante…
11h30 – hora de começar a me arrumar para sair e buscar ela.
Deixar meu almoço pronto – já que comer é uma atividade que eu faço com ela.
E a correria continua.
E assim os dias vão passando… E a gente, mãe, esposa, mulher, empreendedora, blogueira, coach tenta equilibrar todos os papeis juntos e dar nosso melhor em cada um deles.
Me sinto vivendo numa pequena prisão de horários para ganhar minhas 2h30 diárias de liberdade.
E é só o começo…
Esse post faz parte da Categoria Mamãe Pri Nunes, onde eu divido relatos, experiências e estudos sobre a maternidade. Veja aqui mais posts da fase: “dos sorrisinhos aos primeiros passinhos”.