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O DIAGNÓSTICO ERA CLARO: HAVIAM RESTOS PLACENTÁRIOS. MAS, ANTES DE IR PARA CURETAGEM, RESOLVI TENTAR UM MÉTODO MAIS NATURAL…
Então o Rafa nasceu e a minha expectativa era ter uma recuperação ainda mais rápida que no nascimento da Naty.
Mas não era isso que o Universo tinha preparado para mim.
Minha recuperação do parto do Rafael foi intensa e sofrida, física e emocionalmente.
Esta não era a sequencia de posts que eu queria estar escrevendo, mas tenho certeza que meu relato ajudará ainda muitas pessoas que irão passar pelo que passei.
Então bora lá continuar contando os perrengues que aconteceram… Eles começaram nesse post.
O PRIMEIRO ULTRASSOM
O pós-parto é realmente algo intenso na nossa vida.
Cuidar do bebê, da filha mais velha e da comida eram minhas principais atividades nessa gestação.
Graças a Deus estava sendo bem cuidada por meu marido e minha mãe, e a casa estava toda por conta do maridão!
Mas ainda tinha eu… Cuidando do sangramento, do peito rachado… E emocionalmente abalada com toda essa história do útero.
Tanto que o períneo, tadinho do períneo… Foi sobrevivendo e se curando sozinho, não consegui nem dar atenção à ele.
Os dias seguintes do procedimento foram direcionados a curar os peitos rachados e fazer a amamentação começar a ser prazerosa – algo que consegui lá pelo 10º dia, uma vitória quando comparado a primeira gestação, onde essa marca foi atingida apenas com uns 45 dias de vida da minha filha.
Como eu tinha consulta marcada no postinho para dali alguns dias, dei uma “esquecida” da questão do útero.
Mas havia prometido para mim naquela quinta-feira que eu faria o ultrassom.
Na verdade só não estava com muita pressa de fazer, não sei explicar porque.
O que eu sei é que nenhum dos profissionais com quem conversei achavam necessário fazer.
Como eu comentei, eu não apresentava mais sintomas – não tinha febre, não tinha sangramento aumentado, não tinha cólicas. Nada indicava que havia mais coisa dentro de mim.
E eu nem estava mais pensando nisso.
Porém no dia anterior ao ultrassom agendado eu comecei a pensar nisso novamente e comecei a sentir que o resultado não seria feliz como eu imaginava.
Eu sentia que ainda haviam coisas dentro de mim.
A ida até o médico foi apenas para confirmar a impressão: os restos placentários ainda estavam ali.
Não sai tão surpresa do ultrassom – mas fiquei abatida por saber que a saga “hospital para curetagem” estava de volta.
Porém, antes mesmo de ela tomar conta da minha cabeça, liguei para a Laura (minha doula) no mesmo dia do exame.
Conversamos muito muito e ela me abriu a mente para fazer um tratamento natural, de modo que eu conseguisse expelir o que ainda havia dentro de mim de maneira natural, sem precisar passar pela curetagem.
Naquele dia fui dormir pensando nessa possibilidade.
O TRATAMENTO NATURAL
A sexta-feira (dia seguinte do ultrassom) chegou e meu marido havia saído cedo para ir ao mercado e, na volta, passaria na clínica pegar o resultado do ultrassom.
Ao passar lá, a notícia que o laudo sairia só na segunda-feira.
Foi a “deixa” para tomar a decisão: tínhamos 3 dias inteiros para iniciar o tratamento natural, e mais até o dia que teria que ir no postinho para mostrar o resultado.
Dei a notícia à Laura e montamos um diagnóstico, que vou dividir aqui com você.
Por favor, se você está passando por uma situação semelhante a minha, consulte um médico (olha eu recomendando algo que eu não fiz hehehe)… Ou alguém que você confie. Não simplesmente copie e cole meu diagnóstico, ok!?
Vamos à ele…
Em termos de coisas para tomar:
- Ingeri água inglesa, um medicamento fitoterápico indicado para limpeza do útero;
- Passei chá de calêndula na pepeka;
- Tomei chá de malva – um anti-inflamatório;
- Chá de Barbatimão – um cicatrizante natural;
- Ingeri comprimidos de açafrão – outro anti-inflamatório.
Interessante que esse chá de malva tem história… Durante minha gestação a Laura havia sonhado que estava comigo, com o Caio e com o Rafael e íamos a casa de uma curandeira, onde só a Laura entrou.
A curandeira recomendou a ela me dar chá de Malva.
Na prática sabíamos desde a gestação que ele iria nos ajudar!
A teoria que a Laura seguiu, de acordo com as informações do ultrassom, foi que meu útero precisava cicatrizar, para que pudesse soltar todo o material que estava ali preso.
Então tudo que era quente e poderia aumentar a dilatação dos vasos uterinos foi retirado do tratamento.
Continuando o tratamento, vamos para a parte espiritual:
- Pratiquei Barras de Access, Biomagnetismo e Processos Corporais com minha mãe diariamente;
- Fiz um exercício diário de autoafirmação no espelho;
- Me foi recomendado acunpuntura – que acabei não fazendo, já explico por quê.
E, segundo a Laura, o mais importante de tudo: eu acreditei.
Eu acreditei cegamente que meu corpo era capaz de expelir o material que ainda estava lá dentro.
Eu passei a conversar com meu corpo, com meu útero e dar instruções bem claras de tudo que precisava sair.
Confesso que comecei esse tratamento empolgada, na sexta-feira.
Quando chegou no domingo a noite, bateu aquele desânimo.
Eu não sou muito do tipo de pessoa que gosta de autocuidado. Pra mim é um tempo enorme…
Fazer chá todo dia, ficar lembrando de tomar… eram tantas instruções que comecei a desanimar um pouco… Não sabia se aquilo estava dando resultado.
Ao me deitar no domingo pedi ao universo que me desse alguma indicação de que o tratamento estava dando resultado.
E lembra que é só pedir que o Universo providencia?!
Na madrugada de domingo para segunda eu vi, durante meu xixi, um pedaço sair.
Já me animei um pouco.
Na segunda pela manhã chegou o laudo do ultrassom e pela leitura que foi feita havia um único pedaço de cerca de 3 cm.
Pelas minhas contas o que havia saído na madrugada media aproximadamente 1cm. Faltavam 2 cm.
Por volta das 11h da manhã, um novo pedaço saiu, agora um pouco maior.
Tive uma certeza interna de que tudo havia saído.
Uma onde de felicidade tomou conta de mim!
Tanto que nem cheguei a avançar na acupuntura, pois quando consegui encontrar profissionais a certeza de que estava limpa já morava e mim.
Eu tinha conseguido, por meios naturais, expulsar todo o material que ainda habitava meu corpo.
Minha certeza era enorme, acredite!
Era tão grande que até dei uma relaxada no tratamento, diminuindo a frequência e a intensidade de algumas das atividades que estava realizando.
Comemorei… antecipadamente…
O SEGUNDO ULTRASSOM
Cheguei no consultório toda feliz e radiante.
Entrei na sala do ultrassom já dizendo para o médico: “hoje eu vim para você me dar uma boa notícia”.
Mas, mais uma vez, ainda não era a hora da boa notícia…
A cara dele já me deu a notícia antes mesmo das palavras.
De fato havia saído um pedaço, mas ainda restava 1,5 cm de restos lá dentro.
O médico me recomendou não me atentar muito às medidas, pois não são exatas.
Mas me afirmou que era apenas um pedaço.
Eu precisava lutar contra ele.
Saí do ultrassom e fui para a casa da minha mãe, onde veio o esgotamento emocional.
Uma nova crise de choro.
Já tinha passado por um susto inesquecível com o engasgo do Rafael no dia anterior, que agitou minha noite e meu dia seguinte.
A notícia que alegraria meu dia me trouxe o sentimento inverso.
Eu ainda precisava me mover para tirar de dentro de mim o que restava de restos placentários.
Me senti esgotada, agitada, abalada.
Foi muito bom ter o colinho da mamãe para deitar e chorar, mesmo que esse momento tenha durado menos de um minuto, interrompido por um dos filhos…
Não queria mais pensar. Não queria mais decidir.
Eu precisava descansar minha cabeça para tomar coragem e enfrentar os próximos passos.
UMA NOVA DECISÃO
A sexta-feira chegou e eu insisti no postinho com o agendamento da consulta com o médico.
O retorno da minha insistência foi uma guia de encaminhamento para internação no centro obstétrico.
Eu ainda estava abatida e sem querer pensar em nada.
Não era fazer o procedimento de curetagem que me assustava – eu sei que dezenas de mulheres passam por isso diariamente.
O que me assustava era estar sozinha no hospital (por conta do COVID, possivelmente passaria todo o processo sem acompanhante);
Passar por uma anestesia geral – nunca havia passado por isso…
E, o mais importante de tudo: toda a logística do Rafael.
Agora com 25 dias de vida ele certamente não entraria no hospital comigo.
Eu precisaria tirar leite, ensiná-lo a tomar leite no copinho.
E passar sabe-se lá quantas horas longe dele e de todos, vivendo esse momento comigo mesma.
Eu não queria aquilo. Definitivamente não queria.
Lá pelas tantas da sexta-feira já estava até me sentindo fazendo uma tempestade num copo d´água – tamanha era a simplicidade do procedimento pelo qual precisava passar.
Ainda assim eu não queria.
Lá pelas 20h conversei novamente com a equipe do Hanami, que novamente me deu uma luz.
Elas se ofereceram para fazer a curagem novamente na minha casa.
Me explicaram que esse provavelmente seria o diagnóstico no HU, pois elas conhecem bem os protocolos hospitalares, especialmente no Hospital Universitário.
Dessa vez elas usariam um anestésico local e agora com a imagem do ultrassom conseguiriam chegar até o material para retirá-lo.
Para quem queria fugir do hospital, essa pareceu novamente ser uma ótima alternativa.
Eu não estava animada e feliz como da primeira vez.
Sabia que o que vinha pela frente seria dolorido.
O corpo já estava bom e, ter que regredir novamente na recuperação era doloroso.
Ninguém gosta de ir para o caminho da dor, é racionalmente contraditório.
Mas era necessário.
Montamos a logística.
No sábado cozinhamos, fiz uma canja para mim.
A Naty dormiu na minha mãe e no domingo de manhã o procedimento aconteceu (veja aqui como essa história acabou).