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LINGUAGEM, DIVULGAÇÃO, SEO… SÃO MUITAS AS DIFERENÇAS ENTRE ESCREVER UM ARTIGO PARA UM JORNAL E PARA UM BLOG
Não sou jornalista… Na verdade sou filha de um jornalista. E sou blogueira!
Já escrevi artigos para jornal (o jorna que meu pai trabalhava…).
Agora… artigos para um blog (no caso esse blog), escrevo 2 por semana há mais de 1 ano!
Durante minha vida eu li bastante jornal. Talvez meu bastante não seja tanto assim, mas sempre tive o olhar crítico de leitura.
Adorava ligar para meu pai e mostrar que tinha encontrado um erro de português. Não sei porque acreditava que isso ajudava ele a melhorar o trabalho.
Doce engano né… Depois de milhares de unidades impressas o que mudaria o erro que eu achei?!
O fato é que eu enxergo 10 diferenças entre escrever um artigo para ser publicado em um jornal, e um artigo para ser publicado em um blog.
E vim contar para você sobre essas diferenças. Fica comigo até o final porque quero saber se você concorda com elas!
#1 – FORMATO DE FRASES E PARÁGRAFOS
Ah, não tem como negar… A maneira de escrever para um jornal e para um blog muda completamente!
Em um jornal impresso, você tem um número “correto” de caracteres para preencher de maneira que os espaços fiquem bem ocupados.
Normalmente as linhas são curtas (divididas em colunas) de modo que uma leitura dinâmica permite você ler várias linhas ao mesmo tempo.
Por isso as frases acabam sendo mais longas, cheias de vírgulas e de conexões internas.
Já em um blog o número de caracteres não é determinante.
O tamanho das linhas muda de acordo com o dispositivo que você está lendo.
Se você está no computador, as linhas são maiores; mas se está no celular, são até menores do que as do jornal.
E você precisa rolar a tela para terminar de ler a matéria.
Então matérias longas são inimigas dos leitores chegarem até o fim.
Parágrafos longos, perfeitos para o leitor trocar de leitura.
Em artigos para blogs, as frases precisam ser curtas. Os parágrafos também.
#2 – LINGUAGEM
Quem escreve artigo para o jornal adora a terceira pessoa… Afinal de contas, você não tem ideia quem está lendo seu artigo.
No blog você precisa ser super pessoal. Afinal de contas, você é meu leitor e eu tenho que conversar com você.
Quanto mais você se sentir envolvido na leitura, maior a chance de terminar de ler meu artigo.
Esse envolvimento no jornal não era importante; pelo contrário, era desprezado. Porque a opinião tinha que ser mais do jornal do que do jornalista (e por isso se usava a terceira pessoa).
Quer fazer seu leitor ficar louco pelo seu artigo? Storytelling… Seu de preferência, e com suas palavras.
Não sabe o que é isso? É contar histórias e transmitir sua mensagem por meio delas. Ser pessoal, tratar o leitor como pessoa.
#3 – LEITURA DINÂMICA
Ah, isso eu não tenho dúvida que é importante tanto em artigos para jornal quanto para blog.
Mas a maneira como se faz isso nas duas mídias é totalmente diferente.
No jornal a leitura dinâmica funciona a partir da organização das colunas da matéria e das frases em destaque.
No blog, a leitura dinâmica vem a partir dos subtítulos, das frases em destaque e de outros penduricalhos que você pode ir colocando no seu artigo (subtópicos, mudar a fonte, o tamanho da letra, usar negrito, sublinhado, etc)
Quanto mais dinâmico for a leitura do artigo do seu blog e, quanto mais rápido o leitor puder “rolar” a tela e ainda assim ter uma boa compreensão do que está sendo dito, mais você tende a reter o leitor.
#4 – ESCREVER É UMA COISA, PUBLICAR É OUTRA
Um jornalista que produz uma matéria para um jornal finaliza sua atividade quando entrega a matéria concluída.
Encaixar essa matéria na página, fazer a impressão do jornal, a distribuição dele até chegar na mão do leitor são atividades que nada tem a ver com a pessoa que escreveu o artigo.
Essa dinâmica não se repete para o blogueiro.
Escrever o conteúdo é apenas o primeiro passo.
Depois você precisa publicá-lo, isto é, subir ele no blog.
Para isso, é preciso formatar, enfeitar (aqueles penduricalhos da leitura dinâmica), escolher uma imagem, fazer o SEO, categorizar e… ufa, daí sim publicar!
Depois de 2 anos de blog eu certamente te afirmo: gasto a mesma quantidade de tempo escrevendo e publicando o artigo.
E não para por aí…
#5 – DIVULGAÇÃO
Quem escreve para o jornal não precisa se preocupar na divulgação do seu artigo – o jornal faz isso por você.
Você deita a cabeça no travesseiro a noite e tem a certeza que milhares de pessoas estarão recebendo seu conteúdo.
Se eles vão ler ou não são outros quinhentos, mas rola aquela esperança de ver ao menos a manchete.
Depois que você publicou o artigo em um blog, você deita a cabeça no travesseiro e fica pensando em dezenas de estratégias de como divulgá-lo.
Redes sociais, rankeamento no google, tráfego orgânico, grupo de whats app…
Outra coisa que os 2 anos de blog me ensinaram: posso escrever quantos artigos eu quiser – enquanto eu não os divulgo, pouquíssimas pessoas irão ler ele.
Então se escrever um artigo leva um tempo X, que se repete para publicar (2x); podemos subir para 4x quando concluímos o processo envolvendo a publicação.
É um tal de programar o post, escolher a legenda, a chamada para ação, a imagem… Os links, com encurtador de URL, com rastreamento para saber de onde vem o tráfego…
A energia que se despende em uma divulgação de um artigo já pronto e publicado é, na minha visão, praticamente a mesma que você gasta para escrever e subir o artigo no blog.
#6 – SEO É MANDATÓRIO
Se você é um jornalista das antigas provavelmente nem sabe o que é SEO né… Tudo bem, pergunta lá pro google que ele te explica rapidinho!
Porque no artigo de jornal, SEO nem sonhava em existir…
Provavelmente havia um equivalente em algum banco de dados de artigo, mas nada chega aos pés da estrutura de palavras chave que existe hoje no mundo pós-google.
Quando você escreve um artigo para um blog, o SEO é mandatório no sentido de que, muitas vezes, primeiro surge a palavra chave, o tema que se quer abordar, para depois surgir o artigo em si.
A ordem dos fatores se inverte e muitos blogs hoje são escritos assim.
Deixo claro aqui que o meu blog não… Eu primeiro gero o conteúdo e depois o SEO – e tenho noção das consequências de rankeamento e tráfego que isso me acarreta.
#7 – A CREDIBILIDADE DOS FATOS NÃO É IMPORTANTE
Ai, agora os jornalistas vão querer me matar… Mas é a pura verdade!
Eu entendo que você, jornalista, precisa ter certeza absoluta da fonte da informação, da credibilidade dela, se possível precisa literalmente ver com seus próprios olhos antes de publicar uma notícia.
Afinal de contas, você está representando uma classe, uma instituição, um jornal que tem um nome.
Só que essa parafernalha toda não rola no artigo de um blog não…
Porque se o leitor chegou até seu blog, o que ele quer mesmo saber é a SUA opinião sobre o fato ocorrido.
Se o fato é verdade ou não, isso o leitor procura (no Google!) numa fonte oficial. Você não vai querer bater o Globo.com né?
Quem escreve para blog costuma deixar a credibilidade da informação para os grandes (e até cita eles!). No seu blog, é o lugar de expressar a sua própria opinião.
Até porque é isso que um blogueiro é: um formador de opinião.
A credibilidade de um artigo de blog não é necessariamente a credibilidade da informação ali contida.
É a credibilidade do blogueiro que está escrevendo – que tem muito mais a ver com essa pessoa, sua história, sua honestidade e lealdade ao que escreve.
É também a credibilidade de quem está divulgando a informação – seu artigo vale mais se divulgado por alguém de renome nas mídias sociais.
E vale mais ainda se virar febre com alto número de compartilhamentos – independente do que está escrito ali.
Mais vale hoje “viralizar” o conteúdo – o que é muito fácil com as mídias sociais; do que buscar a consistência da informação ali contida.
#8 – 99,9% DA POPULAÇÃO NÃO ESTÁ NEM AÍ PARA SEU ARTIGO
Não, não é todo mundo que é sedento por informação.
Cada dia menos as pessoas leem notícias…
Conto nos dedos hoje os amigos que eu tenho que entram, diariamente, em fontes oficiais de informação.
Via de regra, atualmente, seu facebook e seu instagram te dão todas as notícias que você precisa – seja porque você segue as fontes oficiais ali, seja porque outras pessoas compartilham e você tem acesso.
Mas, se você é daqueles que, como eu, realmente não ligam para o que acontece mundo afora… Daí seu nível de contaminação com as notícias do dia é realmente muito baixo!
Aqui em em casa eu vivo levando bronca do meu marido por ser alienada.
Mesmo que eu argumente que ele é minha principal fonte de atualização.
Se um avião cair, ele vai me contar! Se alguém importante morrer, vai chegar a informação em algum grupo do Whats App.
Eu não fico correndo atrás de informação – eu sei que, o que é importante, de uma forma ou de outra chegará até mim.
Ok, eu sou exceção à regra… Mas conheço muitas pessoas que fazem o que eu faço!
Consomem pouco conteúdo, direcionado, apenas o que lhe interessa.
Eu tenho consciência que só chega no meu blog quem está interessado em algo que eu escrevo.
Eu tenho consciência que eu gostaria de atingir muito mais pessoas. Que eu queria que pessoas específicas lessem o que eu escrevo. Mas sei que a parcela dessa população que lê é super pequena, e está tudo bem!
#9 – ACERTAR O TIME DA PUBLICAÇÃO É MAIS IMPORTANTE DO QUE O CONTEÚDO
Sim meu amigo… Um dia é muita coisa!
No passado não muito distante, quando um acontecia um acidente, o leitor teria acesso às informações apenas no dia seguinte, quando chegasse o jornal.
No passado mais recente, as informações passaram a ser divulgadas no próximo noticiário da TV.
No presente, um acidente é divulgado praticamente ao vivo nas mídias sociais.
Até um repórter acessar o acidente, centenas de pessoas já viram fotos e vídeos do que aconteceu.
Até a informação virar oficial, muita informação sem credibilidade já rolou rede afora.
O tempo ficou muito rápido com a tecnologia.
Hoje mais vale a publicação de um artigo meia boca no tempo certo… Do que um artigo muito bem escrito e estruturado no tempo errado.
Como diz meu mentor por aí… Feito é melhor que perfeito.
#10 – A CONCORRÊNCIA MUDOU
Quem é o concorrente de um artigo de jornal? O artigo (ou a propaganda) que está do lado dele.
Porque, se o leitor está decidido a ler o jornal, investe seu tempo abrindo e folhando as páginas, o que lhe chamar atenção ele vai ler. A concorrência é clara.
No caso do artigo de blog, a concorrência é gigantesca…
Não são seus outros artigo que concorrem… É tudo!
O facebook, o instagram, a foto do vizinho, do parente, do perfil de cachorro que você segue…
Você pode dispender todo tempo do mundo para escrever o melhor artigo de blog possível… Você precisa saber que muitos são seus concorrentes para o leitor, e que talvez ele nem vai dar bola para o seu artigo.
Tendo dito tudo isso, a conclusão que eu cheguei é que é mais fácil ser escritor de artigos para jornal do que blogueiro! Concorda?
Mas, porque então existem hoje tantos blogs?
É a tal da cauda longa… Da liberdade de expressão. Da facilidade de qualquer pessoa ter um blog e transmitir sua opinião.
É a revolução da comunicação que nos fascina e nos move.
É a possibilidade de se expressar e, mesmo sabendo que vai atingir um número muito menor de leitores, você vai virar referência para essas pessoas.
É por isso que eu tenho um blog. É por isso que eu escrevo. É essa a força que me faz publicar 2 artigos por semana.
E é só o começo…