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Existem pessoas que fazem diferença na nossa vida.
O prof. Caixeta certamente é uma dessas pessoas para mim, e nesse post resolvi contar um pouco da nossa história.
MEU PRIMEIRO ESTÁGIO
Tudo começou em 2007, eu estava no primeiro ano da faculdade de Economia, na ESALQ/USP.
A ESALQ como um todo tem uma tradição muito grande de se fazer estágio e, mesmo estando ainda no início do 2º semestre da faculdade, me sentia um pouco deslocada da turma por “ainda” não estar fazendo nenhum estágio.
Em agosto de 2007 o Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial – o ESALQ-LOG, abriu as vagas para a seleção de estagiários do semestre.
Eu não conhecia o grupo, não sabia nada de logística, não tinha nem ideia quem era o professor Caixeta.
Mas, pela pressão social de “ainda” não estar fazendo estágio, resolvi me candidatar.
Aquela casinha lá longe, uma baita caminhada para chegar até lá… Fiz uma única entrevista, e fui chamada.
Eu não sabia que aquele estágio iria mudar a minha vida – mas senti isso inclusive no meu namoro, que melhorou muito depois de começar a vida de estagiária.
Confesso que não me lembro exatamente como conheci o prof. Caixeta. Não sei dizer se ele estava na minha entrevista ou não.
Mas sei que o via, de vez em quando, no grupo, em especial nos comemorações de aniversário, que aconteciam todo mês – e, em julho, sempre com bolo de abacaxi!
Sei também que, uns 6 meses depois de estar frequentando o grupo e, claro, contando em casa os detalhes, descobri que o tal prof. Caixeta era a mesma pessoa que o Zé, marido de uma sobrinha da minha avó.
Em um dos aniversários chamei ele de canto e disse: “Professor, não tem nada de nepotismo aqui, mas sem querer descobri que o Sr. é meu parente…” Distante, mas parente!
E engraçado que, mesmo com as famílias sendo bastante próximas – em especial minha avó e a sogra dele, nunca tivemos nenhum contato via família – mesmo depois que começarmos a trabalhar juntos.
Em julho de 2008, eu estava férias, entre o 3º e 4º semestre da faculdade, e eis que o professor Caixeta me chama para conversar.
Explicou que estava implantando um sistema novo no ESALQ-LOG e precisava que eu fizesse 200 ligações em 2 semanas, para confirmar o endereço dos informantes.
Deixei minhas férias de lado, fiz as 200 ligações, e ainda comecei a dar uns pitacos na tal da implementação do sistema.
Surgiram aí os “perfis” dos informantes do ESALQ-LOG, que agrupavam os contatos em tipo de carga movimentada e região do país.
Foi a partir também dessas 200 ligações que ele me convidou para deixar de ser estagiária e ser efetivada no grupo ESALQ-LOG.
Na época fiquei muito feliz, abracei a causa com muito carinho e comprometimento, mas não tinha muita noção do que isso significava.
A ficha foi caindo ao longo dos próximos meses, conforme fui percebendo que, com 19 anos, cursando o 2º ano de uma faculdade pública, eu era a única da minha sala que tinha carteira assinada e trabalhava que nem uma doida!
E, em especial, amava o que eu fazia! Nossa, como eu gostava desse grupo (e ainda gosto!).
Fui muito zoada pelos colegas de sala… Entrevistei muitos deles, selecionei alguns para fazer parte do grupo.
O fato é que fui crescendo e me estruturando dentro do grupo – seja pelos projetos que me envolvia a convite, seja aqueles que simplesmente me metia.
Sempre tive esse hábito empreendedor de enxergar as coisas como um todo, de cuidar de tudo como se fosse meu.
E no ESALQ-LOG fui muito estimulada a fazer isso.
Em 2010, meu último ano da faculdade, convivi com o Caixeta não apenas pelo ESALQ-LOG, mas também pela disciplina de logística, que fui aluna, e pela minha monografia de 250 páginas (dá para considerar como primeiro livro que escrevemos juntos?!).
ACREDITANDO EM MIM
Na semana (ou talvez no dia, não lembro ao certo) que apresentei minha monografia, o Caixeta me chamou de canto e disse: “Tudo indica que serei eleito como diretor da ESALQ. Preciso de alguém para assumir a coordenação do Grupo ESALQ-LOG, você topa?”.
A resposta de imediata (como tantas outras em seguida) foi: “Eu, professor? Que experiência tenho para isso?”
Eu de fato não entendia porque fui escolhida.
Tinham tantos outros há mais tempo no grupo do que eu. Tantos que pareciam estar mais envolvidos, que viajavam mais. Que faziam mestrado, doutorado.
Tantos outros mais velhos (eu tinha apenas 21 anos) – e sequer tinha me formado.
Costumo dizer que o Caixeta foi a pessoa que acreditou em mim antes de mim mesma.
Eu não sei o que ele via em mim.
Se me perguntassem na época se eu estava pronta para assumir uma empresa com 50 pessoas eu certamente diria que não.
Mas ele acreditou. Me deu a oportunidade. E eu peguei.
Foi de longe uma das melhores experiências empreendedoras que tive na vida.
Com 21 anos, recém formada, eu assumi a liderança do Grupo ESALQ-LOG, com 50 pesquisadores e 20 projetos.
No ápice da minha primeira passagem pelo grupo, chegamos a ter 80 pesquisadores, e mais de 30 projetos em simultâneo.
O Caixeta assumiu a diretoria da ESALQ, gestão 2011-2014 (final do ano)
E eu assumi a coordenação do ESALQ-LOG, 2011-2014 (início do ano).
EXPERIÊNCIAS INTENSAS
Entre 2011 e 2013 vivi o ápice da minha carreira em logística agroindustrial.
Foram inúmeros os desafios que ele me passou, os quais, por mim mesma, eu não teria pego:
- Com 4 meses de formada estava dando aula para o MBA de Agronegócio da ESALQ – e tinha a certeza de ser a pessoa mais nova da sala de aula;
- Aos 22 anos dei aula no mestrado profissionalizante da FGV/ESALQ – e daí eu era de longe pelo menos 10 anos mais nova do que os alunos. E me achava o máximo sendo levada de motorista para São Paulo;
- Participei de reuniões em Brasília, Curitiba, São Paulo – em várias outras capitais do país;
- Eu nem desarrumava mais minha mala… Toda semana estava no aeroporto indo para alguma reunião, sem contar as incansáveis idas para São Paulo;
- Entre as palestras representando o ESALQ-LOG, a maior delas foi para 400 pessoas, em Curitiba;
- Pelo menos 3x por semana dava entrevista para jornais, rádios e até para a televisão.
Alguns desses fatos foram consequência de eu ser a coordenadora do Grupo mas, a maior parte deles, foram convites que o Caixeta recebeu e repassou para mim.
E mesmo com todas as dores de barriga entre o convite e os eventos em si (aulas, palestras, reportagens, apresentações de projeto), fui lá e fiz.
Com humildade e respeito, surpreendi muita gente com toda a didática e clareza de informação que passei.
Não entendia porque eu tinha tanto medo de encarar esses desafios – pois depois deles, sempre haviam muitos elogios quanto a minha performance.
Mas tinha medo, como tinha…
Pelo menos 2 vezes por mês eu ia ao “Prédio Central” da ESALQ, conversar com o professor Caixeta para discutirmos os próximos passos do grupo.
Toda semana eu mandava um email gigante contando tudo que tinha acontecido no grupo durante a semana.
E assim se passaram os meus 2 primeiros anos como coordenadora, até que atingi a crise interna após formada (já haviam se passado 2 anos da minha formatura).
A PRIMEIRA DESPEDIDA
Ao que me parecia, o sonho da vida do Caixeta era que eu fizesse mestrado, doutorado, prestasse concurso na ESALQ e pudesse assumir o Grupo ESALQ-LOG.
Mas esse não era o meu sonho. Definitivamente não era o meu sonho – continua não sendo!
Embora estivesse totalmente envolvida nesse ambiente, não gostava do meio acadêmico.
Não queria por nada na vida fazer mestrado.
Em 2013 eu tive uma crise existencial forte, que me fez entender que eu não estava construindo uma história que eu teria orgulho de contar.
Como coordenadora do ESALQ-LOG, eu não tinha mais para onde crescer no local que trabalhava.
Claro, tinha todo o reconhecimento e o mérito dentro da setor de logística do agronegócio – mas dentro do ambiente que estava, para crescer precisava do mestrado.
E eu não queria o tal do mestrado.
Tinha um medo incrível do que iria acontecer quando o Caixeta saísse da diretoria, ao final de 2014.
Não conseguia enxergar eu e ele dividindo o espaço de coordenador do grupo ESALQ-LOG.
Nossas ideias na época eram diferentes. Eu queria para o grupo consolidação profissional, de consultoria. Ele queria reconhecimento acadêmico e internacional.
Certamente em uma das decisões mais difíceis da minha vida, resolvi ir embora.
Minha crise começou em janeiro de 2013. Foram 6 meses para entender o que estava acontecendo e tomar a decisão de ir embora.
Foram mais 8 meses para efetivamente sair. Fui embora em fevereiro de 2014.
Me lembro bem de outro professor, também importante para mim nesse caminho do ESALQ-LOG, Augusto Gameiro. No dia que me despedi dele ele me disse: “Vá, e não olhe para trás”.
Certamente foi um dos melhor conselho que recebi, e repeti isso inúmeras vezes nos meses e anos seguintes.
Semanas após sair do ESALQ-LOG, enquanto realizava meu sonho de intercâmbio, me perguntava se os prazos de entrega dos projetos que deixei em execução estavam sendo cumpridos.
Entrava no site do grupo para saber se haviam atualizações.
Durante a Copa do Mundo no Brasil, que participei intensamente, me perguntava se os projetos cujas propostas eu havia escrito já tinham sido fechados.
Não foi fácil desapegar, deixar tudo que eu construí para trás.
E eu achei que era para sempre.
Mas… a vida sempre nos reserva algumas surpresas, não é mesmo?!
7 ANOS DISTANTE
Nos 7 anos seguintes, entre 2014 e 2020, falei com o professor Caixeta talvez uma ou duas vezes por ano.
Ele me ligou algumas vezes me convidando para voltar. Mas eu sabia que a academia não era comigo, não era para mim, e recusei vários convites.
Morando em Floripa, quando ia ao interior de São Paulo visita minha família acabava passando também no ESALQ-LOG, matar a saudade.
Tendo a oportunidade de trabalhar em outros locais, vivi na pele o que muitos me falavam: “não existe clima organizacional melhor do que no ESALQ-LOG”.
E fato, não existe mesmo!
O pouco contato que tive com o professor Caixeta nesses anos não mudaram em nada o reconhecimento por tudo que ele significou na minha vida.
Parte da história da minha vida a partir de 2016 está nesse blog, e são vários os momentos que me lembrei dele.
Foram inúmeras as terapias e processos de coaching que trabalhei dentro de mim coisas que ele me ensinou.
No meu mergulho profundo de autoconhecimento, entendi como ele foi importante na minha vida para que eu pudesse me tornar quem me tornei.
Em 2019, dentro dos exercícios de visualização que fui aprendendo a fazer, pedi à Deus mais de uma vez que me mandasse alguém que pudesse fazer comigo o que o Caixeta fez: acreditasse em mim antes de mim mesma.
Porém todas as vezes que pedi ajuda de lá de cima a resposta foi sempre a mesma: o próprio Caixeta.
Achava que meu Amigo lá do céu estava tirando sarro da minha cara né…
Repetia comigo: “Minha história com o Caixeta já acabou, preciso de outra pessoa que faça algo parecido com o que ele fez comigo, mas não ele”.
Mas como qualquer ser humano, na nossa ignorância frente às coincidências da vida (mesmo sabendo que não existem coincidências), muitas vezes desconfiamos do que o destino nos reserva.
Na onda das coincidências, em 2020 eu engravidei e tive meu segundo filho.
Sem contato nenhum com o Caixeta, acabei escolhendo para o meu bebê o mesmo nome que o Caixeta escolheu para o filho dele: Rafael. Eu nem lembrava o nome dos filhos dele…
O fato é que, durante nossas conversas hoje em dia, é um tal de Rafa pra cá, Rafa pra lá… que é até engraçado!
UMA LIGAÇÃO QUE MUDOU A MINHA VIDA
Bem, essa parte da história você já deve conhecer né… Já falei muito sobre ela aqui no blog.
Era quase Natal de 2020, eu estava me recuperando de um parto intenso, quando o Caixeta me ligou.
Ele estava assumindo como Secretário de Trânsito e Transporte no município de Piracicaba, e me convidou para fazer parte da equipe dele.
Durante a ligação, minha primeira reação foi pensar em falar não. Não queria voltar para o interior de São Paulo.
Mas algo me fez ouvir ele até o fim e não dar a resposta de imediato.
Ao refletir sobre mais esse convite, juntei as peças do quebra cabeça:
- Agora não era mais uma oportunidade acadêmica;
- Será que era mesmo o Caixeta nos sinais que pedi?
E lá veio uma nova mudança, uma nova vida…
Dia 14 de janeiro de 2021 comecei meu novo emprego na Semuttran – e aos poucos fomos retomando o contato profissional que tínhamos.
Ah, é tão bom trabalhar com alguém que acredita no meu trabalho, sem ter que provar nada para ninguém!
Dia 31 de julho foi o último dia dele na Secretaria.
Como eu contei nesse post, dia 13 de agosto de 2021 foi o meu último dia.
Desde a primeira vez que surgiu a possibilidade do Caixeta sair da Secretaria, sempre soube que também não ficaria.
Só não sabia e não esperava que seria tudo tão rápido – estava realmente preparada para aguentar o tranco por 4 anos! Mas 7 meses foram suficientes…
Como disse a ele no dia que contei que ia sair, eu tinha certeza que havia sido a Semuttran que me trouxe de volta à Piracicaba.
Mas também tinha certeza que não era a Semuttran o motivo pelo qual eu voltei.
UM NOVO COMEÇO
Agora, em 2021, já com 32 anos, mais madura, me conhecendo melhor e segura do meu caminho, compartilhei muito do que penso e acredito com o professor Caixeta.
Quando o procurei para contar do meu desligamento da Semuttran, disse a ele que gostaria de fazer um projeto com ele.
Não tinha certeza se ele tinha ou não um projeto.
Mas, para minha surpresa, ele não apenas tinha um projeto, como seria o projeto que faria minha vida mudar novamente – e provavelmente a dele também.
Iniciamos em agosto um processo de coaching para trabalhar esse novo projeto – e não, não vou contar desse projeto ainda!
O professor Caixeta foi um excelente coachee, além de super aplicado e realizando com excelência todas as tarefas do processo de coaching, ainda ganhou alta bem antes do previsto – já que seu objetivo já estava claro e os passos estavam sendo dados em direção a ele.
Ainda durante esse recomeço, eu fui lisonjeada com o convite para ser sócia do Caixeta nesse novo projeto – que vou te contar em breve sobre ele!
E, mais uma vez sem querer (mesmo sabendo que nada é sem querer nessa vida), começamos um “pré-projeto” mais que especial.
“E aí, professor Caixeta”, é um conjunto de 60 dos diversos marcos da minha vida da vida do Caixeta que o permitiram chegar onde ele chegou e ser quem ele é.
É uma satisfação imensa estar trabalhando ao lado de alguém que tem um ritmo, uma linguagem, uma dinâmica muito semelhante que eu – ou seria ele que me ensinou a ser assim?!
Nem nos meus melhores sonhos eu poderia imaginar que estaria escrevendo como primeira biografia da minha vida a história de uma pessoa tão importante para mim.
Nessa “2ª temporada ao lado do Caixeta”, estou tendo a certeza que não nos encontramos nessa encarnação… Nos reencontramos!
E… apenas começamos.