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UM DESEJO ENORME, FACILITADO PELO COVID-19, ALÉM DE UM AMOR INCONDICIONAL PELA MINHA FILHA MAIS VELHA – VEJA AQUI PORQUE EU ESCOLHI TER UM PARTO DOMICILIAR
Muito bem, chegamos a mais uma conquista daquelas de se orgulhar pelo resto da vida: teremos um parto domiciliar!
E como todas as conquistas desse porte, os motivos que nos levam a chegar a essa decisão e, em especial, a enfrentar a decisão, são grandes!
Nesse post eu vim contar para você os 3 principais motivos que me levaram a ter um parto domiciliar planejado.
O conteúdo desse assunto continua, confira só:
- Porque eu escolhi ter um parto domiciliar
- Montando a equipe do Parto Domiciliar
- Minha família no Parto Domiciliar
- Preparação corporal para o Parto
- O “P” de PLANEJADO do Parto Domiciliar
- O longo e último mês da gestação
- Plano de Parto Domiciliar
- Chá de Benção
- Relato do Parto do Rafael
Vamos aos motivos?!
#1 – EU QUERIA UM PARTO DOMICILIAR PLANEJADO
Dos 3 motivos que me levaram a essa escolha, este é, sem dúvida, o mais importante deles!
Tudo começou na gestação da Naty, há 3 anos.
Quando eu decidi exercer meus conhecimentos empreendedores na maternidade, e até fiz meu próprio curso de gestante, como contei aqui.
Um dos “capítulos” desse curso era o parto e, por coincidência, quando cheguei a este capítulo, me deparei com um evento gratuito na minha cidade sobre “Parto Humanizado”.
Tudo bem que o evento era voltado para profissionais do setor mas, mesmo assim, fui lá conferir do que se tratava.
Foram 2 dias falando sobre o assunto – isso era agosto de 2017, e eu estava grávida de 6 meses da Naty.
Foi a primeira vez que tive contato suficiente com o assunto. Que de fato entendi o que era o tal do “humanizado” que aparecia depois do parto.
Foi quando eu tive noção dos absurdos que se praticam com a mulher e o bebê dentro de uma maternidade – e isso é um tipo de informação que, quando você sabe, não tem como simplesmente desconsiderar.
Foi quando me caiu a ficha do quanto eu precisava estar, além de preparada, informada.
O quanto a informação faria meu parto diferente e eu conseguiria protagonizá-lo da forma que queria.
Foi a primeira vez que assisti vídeos de partos domiciliares. E chorei… Em todos os vídeos que passaram no Congresso (e não foram poucos…), eu chorei!!
Me lembro perfeitamente que, em um dos dias do Congresso, voltando de ônibus pra casa, eu fiquei refletindo o que eu queria para o meu parto.
E chorei de novo quando me dei conta que eu queria um parto domiciliar. Que este era meu desejo mais profundo e sincero, tendo em vista todas as informações que tinha obtido naquele momento.
Porém eu sabia que a jornada era longa e que o processo de aceitação seria intenso – a começar pela aceitação do meu marido.
Quando chegamos no momento de discutir esse assunto em casa, eu expus minha vontade.
Porém, como o previsto, a resposta foi a esperada: “você está louca…”
Já sabe meu lema né… Quanto mais louca as pessoas dizem que eu estou, mais eu sei que estou indo pelo caminho certo.
O fato é que, na gestação da Naty, eu não quis enfrentar a jornada para chegar ao parto domiciliar.
Embora tivesse segurança por tudo que havia aprendido, eu nunca havia parido.
E essa foi uma briga que eu, naquele momento, escolhi não comprar.
O desejo ficou ali, engasgado na garganta…
E a Naty nasceu em um parto hospitalar, humanizado, muito lindo, como relatei nesse post.
O nascimento dela me deu muita força e energia para entender meu lugar e meu protagonismo na história.
O nascimento da minha primeira filha me deu a tranquilidade e a segurança que eu precisava para ter a certeza que, no meu próximo filho, o parto seria domiciliar.
Pois bem, quando engravidei do Rafael, eu já sabia que essa seria a minha escolha e meu desejo.
Confesso que no início da gestação, com todas as crises que tive (relacionadas e não a própria gestação), eu tive dúvidas se teria forças para enfrentar a jornada do parto domiciliar.
Mas felizmente as coisas foram acontecendo da forma que precisam acontecer e, não posso negar que, embora a minha vontade seja o principal motivo pelo qual eu quis o parto domiciliar, a pandemia ajudou bastante nessa decisão!
Porém eu ainda tinha o mesmo principal desafio: convencer, em primeiro lugar, meu marido, a entrar nessa jornada comigo.
E, sem sombra de dúvida, de todos os passos da jornada esse era o inicial, o mais importante e o mais difícil.
A primeira conversa foi beemmmm semelhante à primeira gestação.
Quando chegou o momento de falar sobre o parto, eu só disse: “você já sabe o que eu quero, né?!”.
E a resposta foi: “lá vem você de novo com essa loucura de parto domiciliar…”
E sim. Era isso.
Na primeira conversa a resistência foi grande. Eu apenas pedi para que ele pensasse e avaliasse, pois agora eu estava disposta a enfrentar o mundo para conquistar esse sonho.
A segunda conversa já foi negociando. Podemos ter, mas para isso precisa acontecer A, B e C (e eu vou escrever um post sobre isso).
E finalmente, próximo à terceira conversa sobre o assunto eu cheguei onde queria: meu marido estava ao meu lado me apoiando na minha escolha do parto domiciliar.
Sem esse apoio definitivamente não seria possível andar adiante nessa jornada.
Agora não era mais apenas eu que havia escolhido. Ele também. Nossa família estava decidida pelo parto domiciliar.
E esse desejo, engasgado na garganta há 3 anos, começou a tomar forma e se tornar realidade.
Mas esse não foi o único argumento que me ajudou no convencimento meu e do meu marido para tomarmos essa decisão.
#2 – COVID E AS RESTRIÇÕES HOSPITALARES
Tudo na vida tem lado bom, não é mesmo?!
Daqui muitos anos, quando me lembrar de tudo que vivemos na pandemia, tenho a certeza que lembrarei o quanto ela foi minha parceira na escolha do parto domiciliar.
Talvez essa será a melhor lembrança que terei desses momentos de isolamento social.
A gestação avançava e comecei a ler alguns relatos de parto durante o COVID.
Dois ou três relatos foram mais do que suficientes para me deixar de cabelo em pé.
Devido aos protocolos da pandemia, muitos hospitais estavam sendo bastante severos na entrada do acompanhante na maternidade.
Vários deles restringiram a entrada das doulas;
E, em sua maioria, permitiram apenas a entrada de um único acompanhante durante todo o período de internação.
Alguns ainda não deixavam nem o acompanhante passar a noite…
O fato é que, as gestantes e suas doulas, por essas questões de protocolos, estavam cada vez concentrando um tempo maior do trabalho de parto em casa.
Sorte ou azar, dos relatos de parto que li, cheguei a informações que muito me assustaram.
A família chega na maternidade com 7-8 cm de dilatação, após mais de 6 horas de trabalho ativo de parto em casa e, ao entrar na maternidade, o pai não pode acompanhar até que a mãe seja internada.
Então a mãe entra sozinha no hospital e passa de 1 a 2 horas preenchendo fichas burocráticas e passando pela triagem até que o pai também entra e sobem para o trabalho de parto.
O cabelo fica em pé de novo só de escrever essa situação.
É simplesmente impensável para mim passar 2 horas, em pleno trabalho de parto, preenchendo burocracias para dar entrada no hospital.
Quem é o louco que acredita que, em estágio avançado de trabalho de parto a mulher tem condições de ficar dentro de um hospital, segurando bolsa e documentos, cumprindo protocolos?
É um absurdo entender como a burocracia trava um trabalho de parto.
O bebê poderia ter nascido em meia hora… E lá estão todos travados na entrada do hospital esperando a burocracia passar.
Aquela informação me assustou de um jeito que eu não quis nem saber como estavam os protocolos nos hospitais da minha cidade.
Me apavorou chegar a pensar que uma situação dessa pudesse acontecer comigo.
Ainda mais com meu histórico de parto rápido.
Acho que, se isso acontecesse comigo, existiria era uma chance grande do meu bebê nascer na recepção do hospital.
Mas eu entendi com isso que não, eu não precisava passar por esse momento constrangedor.
Eu não queria passar por isso.
Eu não precisava passar por isso, pois existia uma alternativa melhor: o parto domiciliar planejado.
E nada ia me impedir de tentar essa opção antes de ficar com esse novo nó na garganta, que provavelmente atrapalharia demais a evolução do meu parto.
#3 – A NATY
E, para fechar os motivos da minha decisão pelo parto domiciliar, veio a questão da minha filha.
Quando meu segundo filho nascer, minha primogênita terá 2 anos e 10 meses.
Com todos os protocolos da pandemia que eu já comentei ali atrás, ela seria uma pessoa que definitivamente não seria aceita na maternidade.
Nem por não poder ser considerada acompanhante mas, especialmente, pela idade dela e a segurança de ela ficar longe de um ambiente hospitalar – e nesse caso sim, eu preciso concordar que faz parte inteligente do protocolo.
Porém o fato de ela não poder entrar na maternidade significa que ela teria que ficar longe de mim por, pelo menos 3 dias de internação.
E, por mais que ela já tenha maturidade e idade para isso, nós nunca ficamos 3 dias longes.
Ela já dorme na casa da vovó há alguns meses, já chegamos a ficar quase 40 horas sem nos ver.
Mas 3 dias?! 3 dias é demais né…
Ainda mais no seguinte contexto: mamãe está no hospital pois o irmãozinho nasceu.
Em um dia ela perde a mamãe, fica mais 2 dias sem me ver e, quando eu volto, volto com um bebê novo pra casa.
Esse era outro contexto que não cabia na minha cabeça.
Estou tendo tanto carinho, cuidado e preparo dela para a chegada do irmão.
É injustiça demais para mim aceitar que seria internada e ficaria longe da minha filha. Demais.
Não consigo pensar nem em como eu explicaria isso para ela, mesmo sabendo que ela entenderia e que minha mãe super me ajudaria com tudo isso.
Não queria passar por esse sofrimento. Não preciso passar por isso.
Então esse foi o terceiro motivo pelo qual eu decidi pelo parto domiciliar planejado: para estar perto da minha filha mais velha e não ter que me separar dela neste momento tão importante para nossa família.
Afinal de contas é o nascimento do irmão dela e, nada mais justo que ela poder vivenciar tudo isso conosco, desde os primeiros dias.
E esse foi o tripé da minha escolha pelo meu parto domiciliar.
Os argumentos que me deram forças e energias para enfrentar o que eu precisasse para fazer minha decisão virar ação.
Continuarei na minha jornada aqui e compartilhando tudo com você, porque a decisão foi só o primeiro passo!