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MAIS CEDO QUE EU IMAGINAVA… MAIS FELIZ DO QUE EU SONHAVA!
Toda mãe sabe que terá que se separar de seu filho um dia… E, no fundo no fundo, sabe que vai sofrer (um pouco ou muito) quando isso acontecer…
Para umas mães a separação vem bem cedo… Para outras um pouco mais tarde…
Tem algumas até que mudam totalmente sua vida (pessoal e profissional) para retardar o máximo possível esse momento.
Mas ele chega. É inevitável…
Depois de 9 meses na sua barriga e mais alguns no seu colo, cedo ou tarde seu bebê começa a ficar independente de você.
E não existe jeito certo ou errado de fazer essa separação… Tempo correto ou errado… Sentimento mais forte ou mais fraco.
Existe a experiência de cada mãe.
E é a sobre a minha experiência que eu vim contar nesse post. Fica comigo até o final para ver como foi minha decisão de não ser mais mãe 24 horas por dia.
Esse post faz parte da Categoria Mamãe Pri Nunes, onde eu divido relatos, experiências e estudos sobre a maternidade. Veja aqui mais posts da fase: “dos sorrisinhos aos primeiros passinhos”.
MEU CONTO DE FADAS
Acho que meu grande sofrimento com a separação da minha filha não foi a separação em si – pelo contrário, isso foi relativamente fácil!
Minha grande dor foi em relação a ter minhas expectativas frustradas quanto a convivência com ela.
Me lembro bem quando ainda estava pensando em engravidar… Metódica do jeito que eu sou, pensei várias vezes em como iria me virar para criar minha filha, já que moro longe da minha família.
Porém minhas neuras diminuíram quando eu decidi pelo caminho empreendedor.
E daí eu montei um conto de fadas da minha maternidade…
Por ter flexibilidade de horário para trabalhar e, por trabalhar em casa, conseguiria ter uma maternidade perfeita!
Ficaria com a minha filha durante o dia e, quando ela dormisse, eu começaria a trabalhar e entraria madrugada adentro. Esse era o plano.
E esse plano foi testado (já contei mais sobre isso aqui).
Na primeira semana eu estava feliz com o plano…
Até que eu comecei a entender que eu não conseguia mais dormir…
Que trabalhar até tarde da noite me deixava acesa de uma forma que eu não conseguia descansar a noite… Isso sem contar que eu acabava acordando a casa toda…
Meu conto de fadas começou a cair por água abaixo quando eu a colocava para dormir, 21h, já morrendo de sono também.
Respirava fundo quando ela apagava na cama e pensava: “Seja firme Pri, foi você que escolheu esse caminho. Vença o sono e vá trabalhar!”
E, meia hora depois… quando eu tinha engatado em algum assunto, aquele chorinho me tirava da frente do computador e me levava de novo para o conforto da cama, o qual eu abandonaria em seguida com muita força de vontade!
Eu confesso que vou sentir saudades das madrugadas que entrei trabalhando, me sentindo produtiva, útil, profissional, mulher… Tudo menos mãe kkkk
Mas depois de 5, 6 semanas nesse ritmo, eu cheguei a conclusão de que esse processo era insustentável para mim.
Até porque eu sentia que não trabalhava o suficiente… Meu ritmo não conseguia engrenar, sempre sobrava muita coisa para fazer…
E todo meu esforço acabava ainda com a sensação de que falta muito para ver a luz no fim do túnel…
Minha insatisfação comigo mesma foi crescendo, crescendo, virando crises e mais crises…
Até que eu atingi a fase do “chega”. Chega, cansei dessa vida. Queria mudar…
O PLANO B
Então do conto de fadas de ser super mãe, super mulher, super profissional, super empreendedora, super tudo… Fui para o meu Plano B: ter alguém dentro de casa para cuidar da bebê enquanto eu trabalho.
Quem não queria ter essa oportunidade?
Na minha cabeça sempre foi óbvio esse privilégio!
Eu poderia contar com alguém que me ajudasse a ficar com a minha filha, enquanto eu continuava trabalhando bem ali, pertinho dela!
Confesso que eu nem precisei de muita prática para desistir do plano B.
Tive um “projeto piloto” quando minha mãe veio me visitar – a Naty tinha 6 meses.
Minha mãe passou 5 dias em casa e sabe o que eu consegui fazer nesses dias? Absolutamente nada…
Simplesmente porque minha filha não desgrudava de mim…
Até hoje, ela fica bem, fica ótima com qualquer pessoa que não seja eu. Só tem uma condição: eu não posso estar perto….
Se eu estou no mesmo ambiente que ela, acabou minha diversão… Ela quer meu colo, minha atenção.
Meu conto de fadas Plano B desmoronou mais uma vez…
Ter alguém dentro de casa me ajudando a cuidar dela havia se transformado num presídio para mim… Tinha que ficar escondida em algum canto da casa para ela não me ver…
Não conseguia me concentrar no que eu tinha para fazer.
Simplesmente não deu certo.
O lado bom da história? Que bom que eu não precisei contratar alguém para fazer o teste.
Com a minha mãe alguns dias e com meu marido nos finas de semana foi suficiente!
Mas, e o que eu fiz então?
A DOR DA SEPARAÇÃO
Primeiro eu sofri… Relutei para aceitar a situação…
Menti para mim mesma por vários e vários dias que estava tudo bem, enquanto não estava tudo bem.
Fiquei pensando o que os outros pensariam da minha atitude de ter que deixar ela com alguém ou colocar numa escolinha sendo que eu podia ficar com ela em casa.
Não me conformava que meus planos “conto de fadas” não estavam funcionando.
A separação em si para mim não aconteceu no dia que eu a deixei com outra pessoa.
A separação aconteceu quando eu tomei a decisão de que essa seria a melhor escolha.
A dor não foi no sentido de questionar se quem ficasse com ela cuidaria bem dela, e se ela ficaria confortável – eu nunca tive dúvida quanto a isso…
A dor foi assumir para mim mesma que eu precisava de um tempo para mim.
Um tempo só meu. Com minhas mãos e minha cabeça livre.
A dor foi aceitar que eu precisava preencher a minha necessidade de liberdade, de produtividade, longe dela, para que eu mesma pudesse ser uma mãe melhor para ela.
Doeu aceitar que eu tinha que diminuir a quantidade de tempo que passava com ela para melhorar a qualidade desse tempo.
Doeu me preparar para todos os questionamentos que me bombardeariam quando eu informasse que não ficaria mais com a minha filha o dia todo.
A decisão de não ser mais mãe 24h doeu muito para mim. Muito mais do que a separação em si.
Eu jamais vou me esquecer dessa sensação pois, apesar de ela estar no meu subconsciente há muitas semanas, ela veio a tona no meio da minha formação em coach.
Foi ali que a ficha caiu e eu entendi que precisava passar por isso, independente do que os outros pensariam sobre minha decisão.
Foi passando pelo processo de coach que passei dentro da formação que eu tive forças para assumir o que meu coração já me indicava ser o caminho.
A hora da separação havia chegado… Eu já havia testado meus planos “contos de fada”, agora estava na hora de ser uma mulher normal e deixar minha filha com alguém.
Dali em diante foi operacional… Foi escolher e executar – e eu ainda vou escrever um post sobre isso.
A DOR DA DECISÃO
Como eu disse lá no começo, não tem certo ou errado… Especialmente quando o assunto é maternidade.
Quantas e quantas mães eu conheço que passaram pela separação aos 4 meses, quando precisaram voltar ao trabalho.
Quantas mães não tiveram a escolha que eu tive… Seja aos 4, 6, 8 meses…
Talvez se eu não tivesse tido opções, teria sofrido menos…
O fato é que, como tudo na vida, isso também passou.
E ter ficado presente para essa decisão no meio da formação em coach foi algo muito especial para mim.
Porque ali eu vi muitas e muitas colegas que, mesmo com seus filhos já grandes e independentes, ainda giram suas vidas em torno da vida deles.
Essa relação de dependência nunca foi algo que eu quis ter com minha filha – muito pelo contrário, quero que ela crie suas asas logo e voe alto e para longe de mim.
Quero que ela viva a vida dela e saiba que pode contar sempre comigo, como um porto seguro, para quando ela precisar.
Mas não quero que minha presença seja uma obrigação, algo chato, que ela faz porque eu mando. Quero que ela queira ficar perto de mim!
E acredito que essa filosofia do tipo de mãe que eu quero ser independe se ela tem 7 meses ou 7 anos.
Aconteceu com 7 meses e está tudo bem! Nós sobreviveremos…
O que eu me recuso a fazer e fico bem contente de ter conseguido sair da zona de conforto que eu me coloquei é viver a vida dela ao invés da minha.
Por isso que a separação se faz tão importante e veio em um bom momento.
E foi só o começo… Ela ainda nem fez um ano e olha só quanta experiência já passamos juntas!
Esse post faz parte da Categoria Mamãe Pri Nunes, onde eu divido relatos, experiências e estudos sobre a maternidade. Veja aqui mais posts da fase: “dos sorrisinhos aos primeiros passinhos”.