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QUEM VEIO PRIMEIRO, O OVO OU A GALINHA? A INFRAESTRUTURA OU A FRONTEIRA AGRÍCOLA?

Essa brincadeira é, para mim, a que melhor representa a discussão sobre fronteiras agrícolas no Brasil.

Fronteira agrícola é o termo utilizado para representar o avanço das atividades agrícolas e agropecuárias sobre o meio ambiente. Eu não vou aqui, entrar no mérito ambientalista sobre desmatamento ou atividades legais ou ilegais do avanço da fronteira agrícola, vou me atentar mais aos fatos.

3 FASES DE AVANÇO DE FRONTEIRA AGRÍCOLA NO BRASIL

FASE 1: LITORAL 

A primeira ocorreu durante nossa colonização, focada na faixa próxima ao litoral do país (digamos que num perímetro de 300 Km). O objetivo era extrair o Pau-Brasil, plantar cana-de-açúcar e realizar atividades mineradoras.

FASE 2: CENTRO-OESTE

A segunda fase da fronteira agrícola brasileira ocorreu durante o século XX e foi direcionada ao cerrado do Centro-Oeste brasileiro, os atuais estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

O avanço dessa fronteira agrícola foi incentivado tanto pela política de Marcha para o Oeste, implementada por Getúlio Vargas, quanto pela política de substituição de importações promovida por Juscelino Kubitschek. As culturas agrícolas que lotearam essa fronteira agrícola foram: soja e cana-de-açúcar.

Atualmente, tanto o litoral quanto o centro oeste brasileiro são, para nós, regiões bem estabelecidas de atividades econômicas (sejam elas agropecuárias ou não).

FASE 3: MATOPIBA

Estamos vivenciando atualmente a terceira fase da fronteira agrícola brasileira, que está localizada no chamado “MATOPIBA” e eu acrescentaria também o “PA” – MATOPIBAPA*. Tratam-se dos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia (oeste) e Pará (sul).

Nessas áreas, estamos vivenciando tanto o avanço da pecuária por cima da vegetação natural quanto o avanço de culturas agrícolas (especialmente soja e milho) por cima tanto das áreas já degradadas com pastagem.

O que as 3 fases de fronteiras agrícolas possuem em comum?

1 – Baixo custo da terra;

2 – Áreas que ganham aumento de produtividade de forma exponencial nos primeiros anos de plantio;

3 – Ausência de infraestrutura de transporte e logística.

É nesse último ponto que entra a brincadeira de quem nasceu primeiro: a fronteira agrícola ou a infraestrutura logística.

O ponto é: de que adianta baixo custo da terra e áreas produtivas se não existe uma forma de escoar a mercadoria ali produzida??

Concluindo…

Nesse sentido, os agentes do mercado discutem bastante sobre essa política que relaciona o avanço das fronteiras agrícolas com o avanço da infraestrutura logística correspondente.

Não é a toa que, justamente nessa faixa que está sendo chamada de fronteira agrícola passam duas das principais obras de infraestrutura logística que já começaram a beneficiar o escoamento da produção agrícola: a Ferrovia Norte-Sul e a BR-163.

Muito provavelmente você mora ou já visitou uma cidade em que o trem passa exatamente no centro dela. Eu te pergunto: o que veio primeiro, o trem ou a cidade?? Teria a cidade se desenvolvido ao redor da estação ferroviária?? Será que isso tem a ver com a possibilidade de locomoção tanto das pessoas quanto de mercadorias??

Essas perguntas fazem sentido para você? Fica claro como o avanço da infraestrutura logística permite o desenvolvimento econômico do seu redor?

Essa é a expectativa dos agentes de mercado para o avanço das novas fronteiras agrícolas brasileiras (MATOPIBAPA). Daqui alguns anos poderemos medir o real impacto desse avanço.

Esse post marca o início do fim da série de 30 posts sobre logística em 2 minutos. Daqui em diante, estarei trabalhando estudos de casos pontuais solicitados por meus seguidores. Se você ainda não colocou itens que gostaria de se aprofundar, não deixe de colocar nos comentários!

Nos vemos no próximo minutinho! Até lá!

 

* Em questões técnicas agrícolas, MATOPIBA e PA possuem diferenças enormes de característica de cultivo. Entretanto, como meu objetivo é tratar da relação da fronteira agrícola com a logística, não vejo problema em juntar tudo em uma mesma categoria, pois, seja via ferrovia Norte-Sul, seja via BR-163, ambas as dinâmicas serão muito parecidas em termos de desenvolvimento ao redor da infraestrutura logística.