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Meu ciclo em Floripa chega ao fim…
E como parte do meu ritual de despedida, resolvi escrever esse post, para celebrar e agradecer esses 6 anos de vida nesta cidade fantástica.
COMO TUDO COMEÇOU
Em 2013 (meu ano 1, para amantes da numerologia), eu passei por uma crise existencial forte.
Recém casada, muito bem empregada, com uma casa enorme e linda, perdi o sentido do meu dia-a-dia.
Não conseguia mais compreender porque levantava para trabalhar.
Não tinha mais gosto pelo que fazia.
Acordei muitos dias sem vontade.
Fui trabalhar chorando.
Havia alguma coisa errado acontecendo, e eu não aguentava mais a situação e o contexto que eu vivia.
Na metade do ano, mais ou menos, em comum acordo com meu marido, decidimos “largar tudo” e realizar nossos sonhos.
O plano era corajoso: encerraríamos nossos ciclos nos trabalhos, iríamos realizar o sonho de fazer um intercâmbio, participaríamos da Copa do Mundo e então nos recolocaríamos novamente.
Entre a decisão do “largar tudo” que foi em julho/2013 e o acontecimento de fato (em fevereiro/2014), os meses foram de muito planejamento.
Mas a angústia passou… O mais difícil foi decidir.
Esses 7 meses de contas de datas, de escolha do país para morar, de decisão do que fazer com a casa e etc foram leves, gostosos. Era uma vida nova que estava por vir.
PARCERIA E REALIZAÇÃO DE SONHOS
2014, meu ano 2, foi a concretização de grandes sonhos da minha vida.
Quando o ano se iniciou, o desenho dele até julho já estava muito claro na minha cabeça.
Em fevereiro executamos a saída dos respectivos empregos.
Como o prazo entre eu decidir sair e a saída efetiva foi longa, eu já fui especulando novas oportunidades para quando as viagens terminassem.
Uma delas surgiu em Tailândia, interior do Pará, para onde eu tinha uma certeza grande que iria – mas não foi bem isso que o Universo tinha preparado para mim…
Em março eu e meu marido embarcamos para a África do Sul, onde passamos 3 meses – o primeiro grande sonho realizado no ano.
Por 10 semanas moramos em Cape Town, onde estudamos inglês.
As duas últimas semanas foram apenas de viagem!
Voltamos dias antes do início da Copa do Mundo – o segundo grande sonho!
Assistimos 3 jogos da Copa do Mundo no Brasil, cumprindo nosso hobby de participar de grandes eventos esportivos.
Participar da Copa do Mundo também foi a sementinha para que eu tivesse o sonho de ser voluntária das Olimpíadas, 2 anos depois (chegaremos lá!).
Até julho/14, a realização destes sonhos consumiu nosso dia-a-dia.
Mas em paralelo eu estava fazendo os movimentos necessários para me recolocar no mercado de trabalho, ainda na área da logística.
A meta e a certeza eram grande para o Pará!
Final de julho, início de agosto, realizamos o terceiro grande sonho do ano: encontramos nossa primeira filha pet – a Paçoca, que tanto alegra nossos dias.
Pegar ela ainda filhotinha e curtir um cachorrinho em casa foi uma das experiências mais deliciosas da minha vida!
O plano Pará começou a ficar distante…
O silêncio e a ausência do retorno esperado nos fizeram mudar de planos.
Eu precisaria buscar um novo emprego.
E, para cumprir com o 4º grande sonho do ano, o desejo era: queríamos ir para longe.
São Paulo (capital) não era longe o suficiente para nós, além do que a meta de vida é continuar fugindo de lá.
Em meados de setembro eu desisti de esperar um retorno da empresa no Pará.
Em uma bela segunda-feira, juntei todos os meus cartões de visita, fiz uma seleção de quais deles eu iria querer apresentar meu currículo.
Naquele dia devo ter disparado entre 30-40 emails.
Na tarde daquele mesmo dia recebi uma ligação do Nelson Lecheta, meu anjo da guarda de Floripa.
Ele atendeu dizendo: “Você já arrumou emprego?”.
Eu disse: “Ainda não”.
Então ele completou: “Então para de procurar, porque você acabou de encontrar!”.
No dia seguinte meu futuro chefe me ligou.
Na quinta-feira voei para Florianópolis fazer uma entrevista.
Na semana seguinte iniciei minhas atividades no LabTrans.
Eu não escolhi Floripa. Foi Floripa quem me escolheu.
Meu contrato de trabalho previa a mudança e, para isso, a empresa pagou um mês de hospedagem no hotel Slavieiro da UFSC, em outubro de 2014.
Em uma das semanas o Joy veio para Floripa comigo, para procurarmos um lugar para morar.
Encontramos e nos decidimos pelo “Ilha Razzoli”, nossa primeira casa em Floripa.
Também tive várias passagens aéreas compradas pela empresa para terminar minha pós-graduação em Americana/SP.
Quando acabaram os dias de hotel, a mudança ainda não tinha chegado.
Cada vez que eu voltava de Americana, trazia uma mala cheia de coisas minhas.
Os primeiros dias no apartamento novo foram com um colchão de ar, toalhas e comida fora da geladeira.
O primeiro banho, inclusive, foi gelado – porque eu não sabia que precisava ligar o gás no corredor – nunca tinha tido um chuveiro a gás.
Usamos o feriado do dia 15 de novembro para efetivamente trazer a mudança.
Neste feriado entramos no carro eu, Joy e Paçoca – uma vida nova estava para começar.
O MEDO E A INSEGURANÇA
2015 (meu ano 3) começou com uma incerteza enorme.
Floripa nos ajudou muito a ter uma adaptação apaixonante – é realmente difícil não se apaixonar por este mar maravilhoso e essa qualidade de vida sem tamanho.
Eu caminhava 30 minutos para chegar ao trabalho.
Teríamos nos virado muito bem por alguns anos sem ter um carro.
Tudo que eu precisava tinha a menos de 2 quarteirões da minha casa.
Mas minha família e meus amigos estavam longe.
A saudade batia forte, dolorida.
Meu marido ainda não havia conseguido arrumar emprego.
Por volta do meu 3º mês de trabalho eu entendi que aquele não era um emprego para mim.
Que, se eu quisesse me manter naquela empresa, teria que passar por cima de valores pessoais muito importantes – e não estava disposta a fazer aquilo.
No fundo no fundo eu sabia que, cedo ou tarde, a demissão chegaria.
A transição para Floripa teve uns 6 meses de angústia, não posso negar.
Mas depois que o Joy entrou no CRN (em maio de 2015), as coisas começaram a se estabilizar.
Por 10 meses tivemos alguma estabilidade nesse ciclo que passamos!
Ambos trabalhando, rotina feita, vida andando, círculo social sendo formado.
Finais de semana maravilhosos, paisagens fabulosas, muita trilha, praia, shows.
Terminei meu ano 3 no paraíso, definitivamente sem saber o que me esperava.
O EMPREENDEDORISMO DIGITAL
2016, meu ano 4, entrou de mansinho, com tudo organizado.
Inscrição para ser Voluntária das Olimpíadas feita (só aguardando a aprovação), ingressos comprados e aquela expectativa deliciosa de um novo sonho que se realizaria.
Embora eu soubesse que um dia poderia ser demitida do meu emprego, fui pega totalmente de surpresa.
E ter sido demitida, em março de 2016, foi o melhor presente do meu ano.
Inclusive foi a partir desse episódio que comecei este blog, e a vida de lá para cá está bem relatada aqui!
Eu não sei explicar como e porquê tive tamanha clareza dentro desse processo.
Sei que eu não queria me recolocar tão rápido – afinal faltavam 4 meses para as Olimpíadas e a realização deste sonho era minha prioridade.
Usei esses meses para estudar.
Comecei com bolsa de valores e programação neolinguística (PNL).
A Fórmula de Lançamento me pegou de jeito e comecei a consolidar um sonho que achei que só realizaria depois dos 50 – o empreendedorismo.
Passei por criatividade e produtividade.
Fui para o Rio de Janeiro, assisti 17 modalidades diferentes das Olimpíadas e fui voluntária, vendo o Brasil receber medalha de ouro olímpica no vôlei de praia em Copacabana.
Iniciei minha jornada no empreendedorismo ainda dentro da logística.
Durante 2016, eu me fiz muitas vezes uma pergunta que só agora, escrevendo esse post, sou capaz de responder: “Por que Floripa?!”
Eu não conseguia entender porque tinha vindo para uma experiência profissional que foi tão negativa na minha vida.
Mas ainda durante este ano entendi que eu vim atrás de um novo círculo de amizades.
Duas pessoas em especial, a Carine e o Macan, me fizeram acreditar que era possível empreender com a idade em que eu estava.
Eles são, sem dúvida, meus padrinhos do empreendedorismo.
Se não fosse pela história de vida deles (compartilhada comigo), eu certamente não teria tido coragem de começar também.
E foi, definitivamente, só o começo…
FILHOS
2017, meu ano 5, chegou chegando.
No meu segundo processo de coaching, decidi que não queria mais ser católica e resolvi experimentar o espiritismo.
Era o início de um despertar espiritual que ainda está longe de estar maduro…
Larguei a logística e estava ainda tentando me encontrar dentro de todas as habilidades recém adquiridas no marketing digital.
Mas, fato, já não era mais uma iniciante na área.
De maneira meio junta e misturada descobri junto meus dois filhos do ano: a Naty e o projeto Liberdade Financeira.
Do lado profissional, decidi me aventurar dentro da educação financeira – por ser uma área que eu sempre gostei muito de fazer para mim.
Comecei, junto com o Macan e o Fariel, um projeto fantástico que culminou no desenvolvimento de um curso (o Você Vale Mais) e na publicação de um livro (O Guia Definitivo para você alcançar sua liberdade financeira).
Consolidou-se em mim conceitos e ferramentas que eu usei a vida inteira e ainda uso para ter clareza do meu patrimônio e conseguir tomar decisões deixando o dinheiro sem ser o ator principal delas.
Participei de incontáveis cursos e treinamentos presenciais, um mais delicioso que o outro!
E, do lado pessoal, descobri que estava grávida.
A gestação aconteceu após 9 meses de tentativa e eu não cabia em mim de tanta felicidade!
2017 foi um ano de muito trabalho e muita realização pessoal e profissional.
Estudei como uma louca para entender o tipo de mãe que eu queria ser.
Estava preparada para as transformações que a maternidade trariam na minha vida!
Minha família começava a crescer e não havia felicidade maior do que essa.
A Naty chegou trazendo muita alegria e despertando em mim uma curiosidade pelo empreendedorismo materno…
ESPIRITUALIDADE
2018, meu ano 6, foi um ano de muitos cuidados com minha filha.
Por opção própria de morar longe da minha família, não tive rede de apoio.
Algumas pessoas da minha família me visitaram, eu os visitei e, de semanas em semanas tinha um alívio com a rotina do bebê!
A espiritualidade foi crescendo dentro de mim!
Continuei frequentando o centro espírita, agora na visão da evangelização de bebês.
Conheci a Ana do CELC, alguém a quem tenho muito carinho!
Comecei a ler e a estudar a doutrina espírita através de romances – e me deliciei neste novo hobby.
Mãe espiritualizada, lidar com dinheiro e trabalhar com educação financeira começou a se mostrar um vazio dentro de mim.
Em julho/2018 me formei coach.
Durante todo o ano, apoiei a família Ghisleni na construção do hotel Intercity Portofino.
Família esta por quem eu tenho imenso carinho e gratidão! Como foi bom tê-los durante meu ciclo em Floripa.
No segundo semestre deste ano nos mudamos de apartamento – e fomos para o Portal da Agronômica, nossa segunda casa em Floripa.
Foi neste ano que eu comecei a entender que, para este ciclo, o que verdadeiramente fazia meu coração bater eram minhas experiências espirituais.
Ainda era o começo dessa caminhada.
UMA NOVA VERSÃO DE MIM
O ano 7 de 2019 veio com uma autoestima elevadíssima!
Muitas coisas começaram a dar certo na minha vida!
Meus projetos começaram a me remunerar da forma que eu gostaria e tudo indicava que a vida daria uma reerguida!
Participei do Ultrapassando Limites, o que me deu uma energia que conservo até hoje!
Como mãe, eu tive soluções diferentes a cada mês do ano – incluindo a vinda da minha mãe para morar aqui pertinho de mim e, ter a casa da vovó, passou a ser a melhor solução de todas!
Realizei o sonho de ter intercambistas na minha casa.
Fiz a Consultoria de Imagem e Estilo com a Mariana Chiré, encontrando nas minhas roupas uma maneira de representar meu brilho interno.
Fiz viagens deliciosas, matando nossa saudade de viajar.
- Para Belém e Brasília com meus avós e minha filha;
- Para o México, visitando amigos queridos, com meu marido e minha filha;
- Para Ilha Bela vendo o casamento de uma amiga.
Empoderada e muito decidida em fazer o melhor para minha família, comecei a transformar a vida do meu marido – que estava estagnada, sendo a estabilidade financeira da casa.
No final de 2019 entrei de cabeça no empreendedorismo materno, tornando-me sócia da Aldeia Coworking e Espaço Baby.
Depois de muita coragem e planos ainda não desenhados, meu marido saiu do emprego que ele estava.
PANDEMIA
2020 chegou com planos mirabolantes e muita energia para fazer tudo dar certo – afinal de contas, era meu ano 8!
O fato de eu ter me tornado sócia da Aldeia provocou em mim uma nova mudança de residência e, no último dia de 2019, me mudei para o condomínio “Riviera de Jurerê”.
Eu não tenho palavras para descrever o salto de qualidade de vida que tive ao morar na praia.
Embora todos esses anos eu estivesse morando em uma cidade com praia, foi agora que eu realmente morei na praia!
E não, não enjoei de ir a praia.
Com certeza foi o ano em que mais fui a praia na minha vida.
Meu paraíso particular, meu quintal de casa!
Logo no início do ano as coisas começaram a mostrar uma direção indesejada.
Uma crise financeira me pegou de “pernas curtas”.
Minha sociedade não teve um resultado financeiro tão animador como eu imaginava.
Descobri minha segunda gravidez!
Muito, muito desejada e aguardada; porém pega de surpresa no meio de tantas crises.
Encontrei, pela primeira vez na vida, o fundo do poço.
E quando você chega lá, não resta outra opção senão olhar para cima e começar a subir.
E, com todo respeito, se para você a chegada da pandemia foi algo ruim, para mim foi maravilhoso!
Saber que todos estavam na merda e não apenas eu me trouxe um alívio enorme.
Ter que ficar em casa, morando num lugar maravilhoso, foi um privilégio!
A vida financeira e profissional não estavam lá as mil maravilhas…
Mas como ainda tinha alguma reserva financeira guardada, só curti o momento.
E nessa caminhada encontrei a última peça do meu quebra-cabeça de Floripa, chamada Laura Zanini.
- O Daraluz foi o projeto que nos fez nos reencontrar nessa encarnação.
- O Rafael, meu caçula, foi a pessoa que nos conectou de alma.
- Minha segunda placenta e meu longo pós-parto foi o plano de fundo do encontro espiritual que precisávamos ter.
É fato que eu ainda continuo me sentindo uma iniciante a nível espiritual.
Mas agora eu tenho uma guia! Uma mentora, alguém que está me ajudando a dar os passos que preciso.
Vencer um ano de pandemia foi um desafio não apenas para mim mas para toda a população mundial.
Certamente 2020 deixa muitos aprendizados e, olhar profundamente para dentro de nós, um dos maiores deles.
TUDO NOVO, DE NOVO!
Minha reserva financeira começava a chegar ao fim e eu tinha um plano para 2021: precisava fazer acontecer os projetos empreendedores meu e do meu marido!
Tínhamos tudo que precisávamos: foco, determinação e tempo disponível.
Mas o ano 9 chegou dizendo que é hora de olhar para trás e agradecer.
Agradecer porque agora eu finalmente sei a resposta do “Por que Floripa?!”.
Sim, conhecer o Macan e a Carine foram parte importante do meu processo de entrar no empreendorismo.
Mas não parou por aí.
Floripa me escolheu, ou eu escolhi Floripa, porque foi aqui que eu quis viver minhas duas gestações.
Foi nesse ambiente com muito respeito à gestante e ao bebê, nesse ambiente humanizado, que me fez ter um contato com o autoconhecimento relacionado a maternidade.
Floripa me ensinou que a criação dos filhos não é óbvia e pode ser muito mais do que apenas escolher em qual escolinha eles irão estudar.
Ter sido mãe em Floripa conectou minha família de uma forma que eu jamais teria conseguido conectar morando em São Paulo.
Floripa me ensinou a melhorar minha alimentação!
Ainda não cheguei onde eu queria, mas já avancei muito!
E, além do empreendedorismo, da maternidade e da alimentação, Floripa me trouxe clareza espiritual.
Talvez tenha sido essa a grande chave do que eu vim buscar na terra das bruxas.
Eu (ainda) não sou bruxa, mas vou embora conhecendo algumas delas e louca para entrar nesse mundo o mais rápido possível!
A gratidão é o sentimento mais forte de encerramento desse ciclo de Floripa!
Oportunidades apareceram e eu colhi aqui tudo que semeei e vim buscar.
Chegou a hora de trilhar novos caminhos, de voltar para o ninho de origem sendo uma pessoa diferente.
Chegou a hora de levar para o interior de São Paulo uma experiência e uma vivência fantástica que tive dentro do empreendedorismo, da maternidade, da espiritualidade.
Chegou a hora da despedida e, como qualquer despedida, com um fundinho de tristeza.
- Tristeza de deixar para trás pessoas tão queridas que fizeram parte da minha vida aqui;
- Tristeza de sair dessa qualidade de vida sem fim chamada “Jurerê”;
- Tristeza de ir embora da Aldeia, onde a Naty é tão feliz e é uma solução tão ótima para minha família.
Escrevo esse post dia 8 de janeiro de 2021.
O Ano 9 começou para mim há menos de 1 mês, e já fez um reboliço enorme na minha vida.
Não tenho a menor ideia do que me espera.
Mas tenho a certeza de que esse ciclo de 6 anos em Floripa está sendo encerrado de forma brilhante.
E, como tudo que termina é sequenciado de algo novo que começa…
Começamos o novo, de novo!
Estou pronta próximo ciclo, pode chegar!