Tempo de leitura: 11 minutos
O DOCUMENTO OFICIAL DO PARTO
Não foi a primeira vez que tive que escrever um plano de parto – minha primeira experiência foi no parto da Naty, minha primeira filha, como relatei aqui.
Mas agora foi totalmente diferente e muito importante.
Veja outros posts que escrevi sobre o parto domiciliar:
- Porque eu escolhi ter um parto domiciliar
- Montando a equipe do Parto Domiciliar
- Minha família no Parto Domiciliar
- Preparação corporal para o Parto
- O “P” de PLANEJADO do Parto Domiciliar
- O longo e último mês da gestação
- Plano de Parto Domiciliar
- Chá de Benção
- Relato do Parto do Rafael
O QUE É E PARA QUE SERVE
Se é a primeira vez que você tem contato com esse “documento” Plano de Parto, na minha visão, ele é tipo um seguro: ser feito para não ser usado.
Mas a parte de fazer ele é muito importante, especialmente no parto domiciliar.
Inclusive, você deve imaginar que na experiência do parto domiciliar fazemos dois planos de parto, o hospitalar e o domiciliar – pois o Plano B é muito bem desenhado, como contei aqui.
Eu me surpreendi com essa experiência e com a riqueza de detalhes, por isso resolvi compartilhar tudo isso com você.
Foi logo na primeira consulta, tanto com as doulas quanto com as parteiras, que veio a demanda de escrever o plano de parto.
As parteiras me encaminharam um modelo que elas usam, com todas as perguntas que eu precisava responder no plano de parto.
E as respostas foram justamente compondo ele.
MEU PLANO DE PARTO HOSPITALAR
Começava assim: “não quero estar usando esse documento”…. hehehe! E era a pura verdade!
Dizia: “Se eu estou no hospital, é porque algo não deu certo”…
O objetivo desse documento hospitalar era mostrar à equipe do hospital quem eu era, como havia sido meu acompanhamento, e algumas preferências para o parto ser humanizado.
Ele era mais simples, obviamente.
Clique aqui para acessá-lo.
O objetivo dele era não ser usado e, graças a Deus, não foi!
Mas o fato é que eu não tive muitas dúvidas para montá-lo, até por já ter montado uma vez…
Já o outro…
PLANO DE PARTO DOMICILIAR
Claro que ele acabou virando um pequeno livrinho né, nem gosto de escrever…
O que mais me admirou ao montá-lo (e fiquei quase um mês nessa atividade), foi que muitas coisas eu não sabia.
Então tinha que ficar pesquisando e entendendo todos os detalhes para poder colocar meu parecer.
E este parecer tinha consequências, como vou contar aqui…
Clique aqui para acessá-lo.
PESSOAS NO PARTO
Tudo começava com as pessoas que estariam no parto.
Tive que descrever uma por uma e qual seria o papel delas. Isso foi muito importante!
Primeiro por ter que escolher, conscientemente, quem seria chamado para participar do parto.
Segundo para dar um papel para cada pessoa – todas elas receberam este documento e sabiam exatamente o que deveriam fazer no momento adequado.
AMBIENTE DO PARTO
Em seguida falamos do ambiente.
No nosso caso foi super importante para falar sobre a entrada da nossa casa, a recepção calorosa da Paçoca (nossa cachorrinha).
Mais até do que falar do cômodo em si que as coisas aconteceriam.
Mas passamos por essa parte também.
Falamos sobre iluminação, luz ambiente… Veja, tudo extremamente planejado!
SOBRE A GESTANTE
Não era uma seção que o plano original pedia, mas optei por falar um pouco de mim.
Contei sobre a maneira racional como eu levo as coisas, como era mais fácil para eu me entregar ao parto.
Falei sobre minha resistência à dor, e também sobre meu medo da laceração.
Engraçado que esse medo que eu destaquei foi um dos itens mais trabalhados durante meu pré-natal, inclusive para que eu pudesse vencer ele da minha experiência negativa no primeiro parto.
No fim essa foi uma das partes mais importantes de ter escrito, pois senti que todos que estavam envolvidos me conheciam muito bem!
PÓS-DATISMO
Isto é, quando o bebê “passa” da hora de nascer (das 40 semanas previstas).
Eu não tinha nem ideia do que escolher nessa parte.
Acabei decidindo por não escolher…
Fiz as contas de quanto completaria 40, 41 e 42 semanas.
Estipulei uma data (16/10/2020, completando 42 semanas) – esse era nosso limite.
Se o Rafael não chegasse até lá, aí sim começaríamos a pensar as opções de pós-datismo.
Me sentia extremamente confortável por ter uma equipe super capacitada ao meu lado, então optei por nem entrar nesse assunto muito menos estudá-lo antes da hora.
E deu certo, porque meu filho nasceu com 40+1, então não precisei me preocupar com isso.
TRABALHO DE PARTO
Essa era a parte para pensar no que eu queria do meu trabalho de parto.
Coloquei todas as minhas expectativas e no fim acabei acertando várias coisas!
Essa é a maravilha de planejar e escrever no papel. O Universo caminha a nosso favor!
Além das partes óbvias do que eu esperava do meu trabalho de parto, haviam aqui algumas questões que eu precisava responder e decidir – até porque no hospital haviam protocolos para essas decisões, mas no parto domiciliar eu precisava definir as regras.
A primeira delas era sobre medicamento para alívio de dor – essa foi fácil, pois não queria nada, e realmente não precisei.
Caso eu tivesse no hospital, havia a possibilidade de aplicação de anestesia (o que não tem em casa).
E em ambos os casos poderia ser aplicado ocitocina, mas eu pedi que não.
O segundo ponto era sobre o bebê estar pélvico (de cabeça para cima). Caso isso acontecesse, eu precisava decidir se queria manter o parto domiciliar ou ser encaminhada para o hospital.
Então tive que pesquisar um pouco e conversar com as parteiras, mas o fato é que eu estava bem segura para ele nascer em casa, mesmo pélvico.
Mas o mágico de montar esse parto domiciliar e, tamanha as responsabilidades que temos que assumir pelas nossas escolhas, é que tive que assinar um termo consentindo isso.
Tive que assinar várias coisas inclusive, vários termos de responsabilidade sobre minhas escolhas. Mas vou falar sobre isso no final.
E o último ponto que eu precisava decidir era sobre a bolsa rota (quando a bolsa estoura). Se haveria indução para o trabalho de parto começar caso não houvesse contrações.
Coloquei lá no meu plano que gostaria de esperar pelo menos umas 6 horas antes de começar a indução.
E no dia do parto foi exatamente o que eu esperei.
No dia, inclusive, me lembro de termos decidido um prazo.
A bolsa estourou às 5h da manhã e, às 10h, decidimos que esperaríamos até às 16h para começar a pensar em indução.
Às 13h45 as contrações começaram e às 15h45 meu filho nasceu – ou seja, também nem precisamos passar por isso, embora tivesse sido uma alternativa.
PARTO
Aqui foi o momento de escolher os detalhes do nascimento.
Onde eu queria que acontecesse – incluindo se eu teria banheira ou não… (não tive!)
Foi onde me foi questionado quem pegaria o bebê – e eu tinha que escolher!
E se eu tomaria ocitocina após o parto ou não – essa decisão eu consegui deixar para avaliação da equipe.
Minha decisão foi que eu tomaria se fosse necessários, caso não fosse necessário não precisaria ser aplicado. E não foi.
CUIDADOS COM O BEBÊ
Daí vieram mais pontos que precisaram ser estudados pois existem uma série de protocolos na maternidade que não são reproduzidos no parto domiciliar.
A primeira decisão foi sobre a hora dourada – como eu queria fazer.
Eu havia colocado no meu plano de parto que teria um hora dourada “mais curta”, mas nem imaginava como ela seria intensa para mim, pois ainda sentia muito desconforto.
A segunda decisão foi sobre aplicar ou não vitamina K. Na maternidade não há decisão, é aplicado.
No domiciliar eu fui pesquisar e me informar do que era, quais eram os benefícios. Resolvi por aplicar.
Mas na prática ela acabou sendo aplicada na consulta do terceiro dia, e não no momento do nascimento.
Em seguida tive que escolher como seria o corte do cordão umbilical.
Isso pra mim foi uma das experiências mais legais no domiciliar.
Poder escolher ver a placenta nascendo e cortar o cordão só depois que ele parasse de pulsar.
A imagem do bebê com a placenta é maravilhosa, ficará para sempre na minha memória (e nas fotos).
Amei poder ter essa escolha, fugindo dos protocolos da maternidade que via de regra cortam o cordão imediatamente ao nascimento.
E por fim, a última decisão foi sobre a medicina da placenta.
Demorou muito para eu decidir sobre isso – foram várias pesquisas, inclusive.
Saí do ponto de não ter nem ideia do que fazer com minha placenta, para o ponto de ter várias opções e sequer saber escolher…
No fim, resolvi fazer “apenas” a pintura e enterrar minha placenta.
E ficou uma recordação muito gostosa!
O PÓS-PARTO
E o último ponto que eu optei por colocar foi sobre minha expectativa quando o parto terminasse.
Foi super importante para mim deixar claro que eu queria descansar.
Que as pessoas poderiam ir embora sem me falar tchau, se fosse necessário.
O pós-parto foi ainda mais intenso do que eu planejei, mas fiquei bem contente de ter previsto tudo isso.
Minha necessidade de descansar era imensa e eu obedeci tudo isso!
AS CONSEQUENCIAS
Então, como eu já comentei aqui, a parte do Planejado desse parto foi uma das que mais me agradou!
E de fato ter escrito o Plano de Parto consolidou o que precisava ser efetivamente planejado.
Foi mais do que tentar prever o futuro.
Foi na verdade uma pesquisa intensa de protocolos que agora eu podia escolher – diferente da maternidade onde eu preciso seguir os protocolos do hospital.
E a amarração de tudo isso vieram nos termos de responsabilidade.
Tudo que eu escolhi no plano de parto que traziam algum tipo de risco para mim e para meu bebê eu tive que assinar um termo de responsabilidade.
Na consulta de 37 semanas a parteira trouxe o livro dela aqui, e mostrou todos os termos.
Eram uns 7 no total, e eu assinei acho que uns 3, correspondentes as minhas escolhas.
Explicava direitinho todos os riscos que eu estava correndo pela minha decisão e quais seriam as opções no caso de complicação.
Por isso que eu afirmo novamente: o parto domiciliar é extremamente seguro, pois todos os riscos são muito calculados.
Mais do que calculados pela experiência das parteiras, são discutidos conosco.
A escolha é feita em conjunto, claro que prevalecendo o conhecimento delas.
Eu podia escolher até determinado ponto mas, caso elas sentissem a necessidade de fazer diferente da minha escolha pela minha segurança, eu tinha total consciência de que seria feito o melhor para mim.
E depois de assinar todos esses termos de responsabilidade, assinei também o Plano de Parto em si.
Que na prática, felizmente, foi aquele documento de gaveta.
Serviu para definir tudo que precisava ser definido e uniformizar minhas escolhas entre a equipe – e felizmente não precisou ser usado na hora!
Inclusive muita coisa do que eu havia previsto não aconteceu no dia do parto… E faz parte também!
Enfim, a experiência de escrever esse plano de parto domiciliar foi muito legal e decisiva para essa minha jornada.
Nem preciso dizer que amei tudo isso né, especialmente o tratamento sensacional da equipe Hanami durante todo o processo.
Repetiria com certeza mas não necessariamente indico. Parto domiciliar não é para qualquer pessoa, minha experiência foi excelente!
Se você quiser saber mais para tomar sua decisão, me chame! Vou amar te ajudar!
- Porque eu escolhi ter um parto domiciliar
- Montando a equipe do Parto Domiciliar
- Minha família no Parto Domiciliar
- Preparação corporal para o Parto
- O “P” de PLANEJADO do Parto Domiciliar
- O longo e último mês da gestação
- Plano de Parto Domiciliar
- Chá de Benção
- Relato do Parto do Rafael