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O QUE ESTAMOS FAZENDO PARA QUE OS PROFESSORES DE HOJE NÃO VIREM OS TAXISTAS DE AMANHÃ?
O dia de hoje, dia dos professores, me inspirou a refletir sobre o futuro dessa profissão.
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27 ANOS E MAIS DE 250 PROFESSORES
Minha conta rápida deu esse número… Em 27 anos, tive mais de 250 profissionais atuando na minha vida acadêmica. Talvez me lembre o nome de 100 deles… Mas alguns de fato me marcaram bastante!
Da educação infantil, não lembro de nenhum deles – exceto os que me encontraram no facebook.
Do ensino fundamental, tenho três inesquecíveis: Magda, minha professora da 3a série; Enéas, meu professor de futsal e Cleo, meu professor de basquete – ambos pelas lições de vida que me davam fora do horário das aulas.
No ensino médio, comecei admirar “aulas show” – até porque não fiz cursinho, então apenas herdei alguns professores artistas que colocavam a matéria na minha cabeça. Lembro do Beto Cabelo, professor de história e da Luci, professora de literatura.
A professora Lu, de biologia, era uma grande inspiração para mim! Tanto que até o segundo ano eu prestei vestibular para biologia e, só no terceiro resolvi seguir a carreira de economista.
Desde o ensino fundamental, sempre fui nerd – mas era uma nerd da turma do fundão… Gostava da bagunça e era muito esforçada e disciplinada com os estudos… Pouca coisa mudou nesse quesito de lá para cá…
AS LONGAS 4 HORAS DE AULA NA FACULDADE
Chegando na faculdade a relação com os professores mudou muito – ainda mais depois que eu comecei a fazer estágio e depois a trabalhar, e o tempo acabou ficando escasso. Ainda me pergunto como eu conseguia ficar 4 horas consecutivas sentada numa sala de aula…
A relação passou a ser simples: tinham professores que mereciam que eu parasse tudo que estava fazendo para lhes ouvir e tinham outros que não… No segundo caso, a lista de atividades em sala de aula era grande:
- Dormir (sim, dormi mais de 2h em muitas aulas);
- Adiantar algum outro trabalho da faculdade;
- Revisar um relatório;
- Levar o computador e ficar trabalhando;
- Montar e escrever meus próprios cartões de Natal, que eu distribuía para amigos e família;
- Amassar bolinha de papel crepom para montar um campo de futebol de isopor – e deixar vários amigos com os dedos verdes…
TRABALHANDO COM PROFESSORES
Saindo da faculdade e, durante 9 anos da minha carreira profissional, eu trabalhei diretamente com professores. Aliás, se acrescentar esses também na lista, daí passam de 300…
Tive professores e colegas de trabalho a quem eu devo muito meu conhecimento na área de logística, em especial professor Caixeta e professor Augusto – que continuam sendo grandes exemplos para mim.
Mas também vi muita coisa suja pelos bastidores da universidade, protagonizadas por professores, as quais não vale a pena entrar no mérito.
Minha carreira profissional misturou-se com a acadêmica de uma certa maneira que a pressão para que eu fizesse um mestrado era grande. Mas fui do contra, e fiz uma Pós-Graduação na FGV (2013-2014)
PROFESSOR PROJETISTA E PROFESSOR LOCAL
O modelo de ensino da pós em ADM me encantou. Eram 3 horas de sala de aula, mas o tempo passava rapidinho, porque era organizado!
20 minutos de exposição do professor projetista, 5 minutos de orientação do professor local e 30 minutos de discussão em grupo… e a dinâmica iniciava-se de novo!
Sim, eu podia falar! Podia expressar minha opinião. A turma do fundão podia filosofar sobre Maquiavel enquanto discutia as características de um líder.
A vida foi tomando seu rumo e por motivos que talvez valem um post a parte, eu entrei no mestrado.
A DECEPÇÃO COM A VIDA ACADÊMICA
E saí do mestrado sem concluir o curso – talvez um dia eu escreva meus motivos para isso. Mas, de forma resumida, a matemática era simples:
De 0 a 10, entrei no mestrado com uma expectativa 3 (bem baixa para meus padrões de exigência). A realidade que encontrei foi 2, ou menos. O mestrado também é formado de professores.
A decisão de romper com a vida acadêmica veio num momento em que eu precisava de mais tempo. Tempo pra quê?! Tempo para estudar…
MEUS NOVOS PROFESSORES
Eu nunca estudei tanto quanto nos últimos seis meses. Pelas minhas contas, já ultrapassei tranquilamente mais de 500 horas aula – que, considerando que um mestrado são em média 360 horas, foi mais de um mestrado em menos de um quarto do tempo.
Atualmente faço cursos on line, gratuitos e pagos. Entre os pagos, minha lista atual está em 9 (entre concluídos e em andamento).
A educação a distância é fantástica:
- Não espero 15 minutinhos para os alunos atrasados chegarem e aula começar;
- Não tenho intervalo;
- Revejo quantas vezes eu quiser a aula que eu não entendi direito;
- Não tem provas, nem trabalhos;
- Minhas discussões e dúvidas acontecem nas comunidades do facebook e nos webinários;
- Tenho colegas de todas as idades e de todos os lugares do mundo;
- Uso um plugin que acelera a velocidade do vídeo (uma aula de 1h eu assisto em 20 minutos);
- E…. NÃO TENHO PROFESSORES – ou pelo menos não é assim que chamo as pessoas que estão do lado de trás da câmera. Chamo-os de meus MENTORES DIGITAIS.
O PROFESSOR YOUTUBE
Ele é fantástico! Explica detalhadamente muito do que eu preciso aprender atualmente. E, o mais engraçado é que as vezes vejo tutorais feitos por pessoas de menos de 15 anos – e tenho que confessar que são muito bons.
O Google e o Youtube, juntos, sabem muito! E posso perguntar a eles o que eu quiser, no horário que eu quiser, e eles não me cobram nada para responder.
As vezes preciso filtrar um pouco as respostas, mas normalmente encontro respostas de qualidade e dos mais diversos temas.
Meus novos professores + meu professor Youtube tem me feito refletir muito sobre nosso modelo de educação.
MODELO DE EDUCAÇÃO ATUAL
Sim, esse modelo que foi o mesmo que educou meus avós…
Esse modelo que se assemelha a uma prisão: tem salas separando os alunos, que se dividem por categorias (normalmente de idade), tem horários regrados para tudo;
Esse modelo que usa como método de avaliação provas, que comparam os alunos entre eles, sem contar o quanto cada um evoluiu por si mesmo;
Esse modelo que dá mérito aqueles que gabaritam provas e trabalhos acadêmicos e não reconhecem outras habilidades interpessoais e criativas dos alunos (quantos colegas que não eram nada inteligentes você tem que hoje são super bem sucedidos?);
Esse modelo que tem respostas certas, totalmente diferente da vida quando saímos da academia…
A verdade é que eu acho que esse modelo está ligeiramente atrasado para o mundo que vivemos hoje.
NOVOS MODELOS DE EDUCAÇÃO
Uma nova forma de levar conhecimento para crianças, adolescentes e adultos está surgindo. São inúmeras iniciativas que envolvem desde educação a distância até aulas práticas. Se você tiver interesse em saber mais sobre esse assunto, deixe aqui nos comentários que eu posso fazer um post específico para isso!
Só que esse novo modelo ainda não é reconhecido como o atual…
Nem pelo nosso governo, que nos impede de ter certificados equivalentes a ensino fundamental, ensino médio, graduação e pós graduação;
Nem pelo mercado, que sequer tem espaço no currículo para colocar essas “formações livres”.
PROFESSOR: UMA PROFISSÃO EM EXTINÇÃO
Só que eu acho que essa ausência de reconhecimento é algo que será vencido nos próximos anos – talvez 5 ou 10 anos?
E, nesse novo modelo, eu não sei se tem vagas para professores… Pelo menos não do jeito que conhecemos essa profissão hoje: na frente de um quadro branco, aplicando provas e cumprindo a ementa.
Na verdade eu torço muito para que essa revolução aconteça rápido, pois não quero ter que explicar para meus filhos porque eles devem frequentar horas de aulas em um modelo de educação defasado, o qual eu não acredito mais.
FELIZ DIA DOS PROFESSORES!
Então, nesse 15 de outubro de 2016, além de desejar felicidades aos mais de 250 professores que fizeram parte da minha vida acadêmica, eu desejo a todos os professores que reflitam:
- A não se contentar em dar respostas certas;
- A questionar o quanto vocês estão inseridos em um modelo de educação que limitam suas habilidades de ensinar;
- O quanto vocês concordam com o jogo que jogam diariamente;
- E, o mais importante de tudo: o que vocês estão fazendo para revolucionar o modelo educacional do Brasil.
Que fique bem claro: eu não estou aqui negligenciando a profissão de professor – porque ela é fundamental na vida de todos os cidadãos. Meu questionamento é sobre o modelo de educação que temos atualmente, nos quais os professores tem papel central.
Eu realmente espero que venham de vocês, professores, uma iniciativa de mudança, afinal de contas, quem mais capacitado para isso do que vocês?
E também torço para não que professores não vierem os taxistas atuais que eternamente vão brigar contra o Uber… Porque sim, a revolução educacional ocorrerá e eu desejo que estejam todos preparados para isso!
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