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No minuto passado, vimos que as cargas são divididas em seis tipos diferentes e por isso apresentam características logísticas distintas. Nesse minuto, vamos falar sobre quanto os equipamentos de transporte precisam ser direcionados para essas características.

O nome “economês” que eu gosto de dar a isso é: especificidade do ativo. Mais adiante vou falar um pouquinho sobre custos de transação, mas por enquanto vou te mostrar o significado de um equipamento de transporte ser um ativo específico.

ESPECIFICIDADE DO ATIVO

Quanto mais específico é um ativo, mais ele deve ser usado para um único fim. Por outro lado, quanto menos específico esse ativo é, mais utilidades ele pode ter, funcionando como um grande “coringa”.

Vamos imaginar o caso de uma transportadora que esteja querendo investir em caminhões. Caso ela resolva comprar um tipo de veículo que transporte cana-de-açúcar, ela está adquirindo um ativo bastante específico. Esse veículo poderá ser usado no transporte de cana-de-açúcar e eventualmente também no transporte de madeira. Entretanto, devido as peculiaridades físicas do veículo, dificilmente essa empresa conseguirá prestar serviço de transporte para outras mercadorias.

Agora, vamos pensar na possibilidade dessa empresa comprar um caminhão do tipo caçamba para o transporte de graneis sólidos. Nesse caso, ela está optando por um ativo pouco específico. Esse veículo é capaz de transportar soja, milho, açúcar, fertilizantes, areia, pedregulho, entre diversos outros graneis sólidos. É claro que, no decorrer da operação logística, é necessário realizar procedimentos de higienização do veículo quando se muda de carga. Ainda assim, é muito comum ver esses tipos de veículos transportarem 2 ou 3 tipos de carga diferente ao longo do ano.

Pensemos agora no caso da empresa adquirir um caminhão tanque. Na teoria, esse veículo poderia transportar gasolina, óleo diesel, suco de laranja, água, e por aí vai. Na prática, entretanto, as coisas não funcionam assim. As características de um granel líquido são tão peculiares em termos de contaminação, que a legislação não permite que essa troca seja feita – mesmo com higienização. Nesse sentido, um veículo que transporta gasolina não pode transportar suco de laranja, por exemplo. Para se ter uma ideia da complexidade do transporte de produtos líquidos, um veículo que transporta etanol para exportação sequer pode transportar diesel no mercado interno sem a higienização completa.

RELAÇÃO COM AS OPERAÇÕES LOGÍSTICAS

Ok, mas e o que a especificidade do ativo tem a ver com as operações logísticas? Basta juntar as partes do quebra-cabeça. Lembra que há alguns minutos eu comentei sobre a frequência da operação? E que existem operações sazonais? Então, se o produto alvo da logística possui frequência sazonal de transporte, idealmente o equipamento de transporte correspondente deve ser de baixa especificidade, uma vez que o mesmo equipamento poderá ser utilizado, em outras partes do ano, para o transporte de outras mercadorias. Nessa mesma linha de raciocínio, é possível verificar também que, conforme o ativo é menos específico, maior pode ser a concorrência desse veículo de acordo com a demanda das mercadorias a serem transportadas.

Nos granéis sólidos agrícolas, existe o caso clássico de concorrência ocorre entre a soja e o açúcar. Como o mesmo equipamento de transporte pode realizar as duas operações, existe uma concorrência entre esses dois produtos. Agentes do mercado sabem que, normalmente, no início de cada ano, grande parte dos veículos é direcionada para o transporte da soja. A partir de abril, quando a safra da soja diminui, parte desses veículos é então direcionada ao transporte do açúcar. A concorrência maior ocorre quando essas safras se encontram, seja por fatores climáticos, seja por estocagem da mercadoria.

Agora me diz você: a logística que você trabalha, possui ativos muito específicos? Os equipamentos de transporte que você lida, podem transportar mais de um produto? Deixe aqui nos comentários sua percepção sobre o assunto!

Nos vemos no próximo minutinho! Até lá!